sábado, abril 09, 2016

Há 244 empresas e 34 portugueses suspeitos nos Papéis do Panamá

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A nível individual, só se conhece o nome de Idalécio Oliveira
Há 244 empresas portuguesas suspeitas de estar envolvidas nos Panama Papares. De acordo com o mapa do The Irish Times, jornal que integra o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, 23 clientes do escritório de advogados Mossack Fonseca residem em Portugal, onde haverá 34 "beneficiários" de offshores. Mas, por agora, apenas é conhecida a identidade de Idalécio Oliveira, empresário de 64 anos natural de Vouzela, que está a ser investigado no âmbito da operação Lava-Jato, no Brasil.
Na localidade do Carregal, freguesia de Queirã, Vouzela, não se sabe ao certo de onde vem a fortuna de Idalécio Oliveira. Como deixou a terra "ainda novo", os vizinhos perderam-lhe o rasto. Sabem que teve ligações económicas a Angola e que é dono de várias quintas na região, entre as quais a do Fontelo, uma propriedade de dezenas de hectares onde nasceu um hotel de charme, que é gerido por um dos filhos.
Quem o conhece diz que o empresário teve vários relacionamentos amorosos e que terá pelo menos quatro filhos. Idalécio Oliveira passa grande parte do tempo no estrangeiro, mas de vez em quando visita a vila. "Vem ver a mãe que está no lar. Reconheço-o logo porque ele anda num Land Rover que dá nas vistas", disse ao DN um conhecido, pedindo anonimato. Fala de um homem "muito respeitado e que respeita toda a gente, de uma educação extrema." "Acaba por dar emprego a algumas pessoas na região e sempre pareceu ser uma pessoa correta", atira a mesma fonte.
O pai esteve emigrado na Alemanha, onde faleceu. Oriundo de uma "família humilde", Idalécio terá abandonado o Carregal para ir viver para Lisboa, onde conheceu aquela que viria a ser a sua primeira mulher.
Em Portugal, além das quintas que adquiriu em meados dos anos 80, Idalécio teve um negócio de "peças para jipes", que começou por funcionar na Quinta do Fontelo, localizada a pouco mais de dois quilómetros do centro de Vouzela. Este foi transferido recentemente para a localidade do Carregal e é gerido pelo irmão, Jorge, desconhecendo-se, no entanto, se Idalécio continua a ter alguma participação no mesmo. Por fora, diz uma vizinha, "parece uma prisão de alta segurança. É uma grande construção."
Sob anonimato, um conhecido conta ao DN que o empresário teve negócios em Angola, há mais de 10 anos, e que terá casado com uma angolana de quem já se separou e com quem tem uma filha. "Chegaram a vir os três passar férias a Portugal algumas vezes." Segundo a mesma fonte, os negócios não terão corrido da melhor forma em Angola, o que levou o empresário a investir na África do Sul. Mas não sabe dizer em que ramo.
Investigado na operação Lava-Jato
Embora existam suspeitas sobre o envolvimento de 34 cidadãos com residência em Portugal, Idalécio Oliveira foi, até ao momento, o único nome divulgado na lista do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, que resultou de uma fuga de informação que envolve a empresa de advogados panamiana Mossack Fonseca. O empresário deteve 14 empresas com sede nas Ilhas Virgens Britânicas - nas áreas dos minérios, gás natural e exploração de petróleo.
O nome de Idalécio Oliveira chegou aos noticiários do Brasil em outubro, envolvido numa das, pelo menos, cinco vezes em que Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, já foi citado por delatores no escândalo do Petrolão, caso investigado pela Operação Lava-Jato desde há dois anos. Na ocasião, a nacionalidade portuguesa de Oliveira não foi divulgada porque os investigadores e a imprensa pensaram que o dono de poços de petróleo fosse brasileiro. Segundo investigação de autoridades da Suíça, país onde Cunha tinha quatro contas, o deputado pagou as despesas de uma academia de ténis, a escola Nick Bolletieri, que a mulher, a jornalista Cláudia Cruz, frequentou na Florida, além de cursos dela e da filha em estabelecimentos de ensino de Espanha e Inglaterra, com dinheiro proveniente de um negócio que envolve o português.
A Lusitania Petroleum Ltd, cujo titular é Idalécio Oliveira, recebera 34,5 milhões de dólares da Petrobrás pela venda de um campo de petróleo no Benim, na costa ocidental africana, dos quais transferiu, como previamente acordado e estabelecido como "taxa de sucesso no negócio" nas contas da empresa, 10 milhões para João Henriques, um operacional ao serviço do PMDB, o partido de Cunha, entretanto detido. Henriques fez então cinco transações em um mês, no valor total de 1,3 milhões de francos suíços, para o deputado brasileiro. Essa conta de Cunha foi bloqueada.
Antes de vender o campo de petróleo no Benin à Petrobrás, Idalécio de Oliveira terá aberto várias empresas "offshores" em paraísos fiscais. De acordo com o portal brasileiro de notícias UOL, a pedido do empresário português, a firma de advogados Mossack Fonseca constituiu a empresa Lusitania Petroleum Holding Limited nas Ilhas Virgens , em julho de 2010, e sete meses depois a Petrobras comprou o campode petróleo a uma subsidiária da Lusitania Petroleum. Mas o petróleo nunca foi encontrado naquele campo da África Ocidental.

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