Cinco ex-responsáveis do Banco de Portugal defendem Constâncio
“A supervisão bancária não é um sistema de investigação de crimes financeiros. É irrealista a imagem criada de um supervisor que pudesse acompanhar em tempo real os milhões de operações que ocorrem a cada instante no sistema financeiro”, referem
Cinco antigos responsáveis do Banco de Portugal assinaram uma carta conjunta na qual defendem a atuação de Vítor Constâncio no caso BPN, salientando que a supervisão bancária “não é um sistema de investigação de crimes”, noticia o Público.
Esta tomada de decisão surge cinco dias depois de, numa entrevista publicada no semanário Expresso, o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, ter dito que enquanto foi primeiro-ministro (entre 2002 e 2004) em Portugal chamou por três vezes o então governador do Banco de Portugal a São Bento para "saber se aquilo que se dizia do BPN era verdade", indicando possíveis irregularidades no banco nacionalizado pelo Estado português em 2008.
Segundo o Público, na terça-feira, o atual vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Vitor Constâncio, disse não se lembrar de ter sido chamado por Durão Barroso para "falar exclusivamente" sobre o BPN, mas admitiu conversas com o antigo primeiro-ministro sobre o tema.
Num texto enviado ao jornal Público e divulgado hoje, Miguel Beleza, Teodora Cardozo, José da Silva Lopes, Artur Santos Silva e Rui Vilar defendem a atuação de Vítor Constâncio no caso BPN, afirmando que “quem coloca em causa aquilo que foi feito pelo vice-governador não compreende a natureza dos bancos centrais e, em particular, das suas funções de supervisão bancária.
“A supervisão bancária não é um sistema de investigação de crimes financeiros. É irrealista a imagem criada de um supervisor que pudesse acompanhar em tempo real os milhões de operações que ocorrem a cada instante no sistema financeiro”, referem.
No texto, os cinco ex-responsáveis do Banco de Portugal salientam que, desde o ano 2000, a “supervisão bancária em Portugal obedeceu aos parâmetros internacionais, como foi nomeadamente reconhecido nos relatórios de avaliação do sistema financeiro português, elaborados e publicados anualmente pelo FMI”.
Os autores da carta lembram também que foi Vítor Constâncio, enquanto governador do Banco de Portugal, “quem promoveu a constituição de equipas de inspeção permanente dentro de estruturas operacionais dos principais bancos, com o objetivo de um acompanhamento mais direto das atividades desenvolvidas,
proporcionando ainda um permanente contacto com os respetivos órgãos de auditoria interna e externa”.
Os cinco antigos responsáveis do BdP afirmam também que as “tentativas de denegrir o bom nome de “Vítor Constâncio assentam na incompreensão da natureza da supervisão bancária e não abalam, de forma alguma, a firme convicção de que em 40 anos de vida pública” Constãncio “mostrou sempre ser uma pessoa de uma extrema competência profissional e de uma honestidade inatacável”.
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