Secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa afirma que se trata de uma "operação frequente em muitas outras instituições do Estado".
O Serviço de Informações de Segurança (SIS) confirmou hoje, à agência Lusa, ter estado no Instituto de Registos e Notariado (IRN) a fazer "uma limpeza eletrónica", a pedido do presidente desta entidade, "fora do horário de expediente".
O SIS respondia a questões colocadas pela Lusa, na sequência da notícia difundida hoje pelo jornal Expresso, sob o título "PJ [Polícia Judiciária] apanha líder do SIS a ajudar suspeito dos vistos gold".
Na resposta enviada à Lusa, o secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), que tem o SIS sob sua responsabilidade, afirma que este serviço "mantém estreita colaboração institucional/operacional, em matérias de elevada sensibilidade, com o IRN".
"Nesse contexto, foi solicitada pelo presidente do IRN uma limpeza eletrónica nas instalações centrais do Instituto, a qual foi considerada justificada pelos motivos [atrás] expressos, tendo o SIS procedido em conformidade".
Segundo o secretário-geral do SIRP, a operação foi realizada por"três técnicos do SIS, fora do horário de expediente", e acompanhada pelo presidente do IRN e pelo diretor do SIS.
Acrescenta o secretário-geral do SIRP que a limpeza eletrónica"não interfere com as comunicações telefónicas normais nem do meio web, destinando-se apenas à deteção de meios de escuta ambiental".
Trata-se, de acordo com o responsável do SIRP, de uma"operação frequente em muitas outras instituições do Estado".
"Estas operações inscrevem-se no âmbito das competências do SIS e estão em conformidade com a lei", refere a documento enviado pelo SIRP à Lusa, acrescentando que "o diretor do SIS é alheio ao processo de investigação aos chamados 'vistos gold'".
O secretário-geral do SIRP preside aos conselhos administrativos do SIS e do Serviço de Informações Estratégicas da Defesa (SIED).
A edição deste sábado do semanário Expresso faz manchete com a notícia que a PJ apanhou líder o SIS a ajudar suspeitos dos vistos gold. O diretor do Serviço de Informações e Segurança, bem como dois funcionários deste serviço, foram fotografados pela Judiciária durante a investigação, escreve o jornal, acrescentando que "estavam a detetar escutas no escritório de António Figueiredo, um dos principais suspeitos dos vistos gold"a pedido do próprio.
"António Figueiredo não estava sob escuta. Só não sabia que era alvo de vigilância", escreve o Expresso. O jornal cita um magistrado com ligações às secretas que avisa que "é absolutamente ilegal (...) muito menos a pedido" esta ação do SIS.
O Serviço de Informações da República Portuguesa (SIRP) tinha dito ao Expresso "não ter comentários a fazer" sobre este caso.
A confirmar-se, é mais um elemento de peso num caso que já levou a duas demissões no Governo e está ainda no início.
Os 11 detidos foram hoje presentes ao juiz de instrução criminal Carlos Alexandre e, segundo a SIC Notícias, o interrogatório limitou-se a identificar os suspeitos. O diretor do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Manuel Jarmela Palos, o presidente do Instituto de Registos e Notariado, António Figueiredo , e a secretária-geral do Ministério da Justiça, Maria Antónia Anes,encontram-se entre os detidos, onde estão também cidadãos chineses sócios da filha de António Figueiredo na empresa Golden Vista Europe.
Na edição de hoje do Público é referido que estrelas da advocacia vão defender os altos quadros do Estado envolvidos neste processo. São advogados que estiveram nos casos Face Oculta, BPP, Portucale, Casa Pia, Operação Furação Bragaparques e secretas.
Todos os arguidos mantêm-se detidos, a aguardar a continuação dos interrogatórios, o que acontecerá ao longo deste sábado.
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