A história da PT
• Miguel Sousa Tavares, ESTA DESESPERANTE AUSÊNCIA DE LUZ [hoje no Expresso]:
- «(…) Na semana em que se assistiu ao consumar do previsível destino da PT, depois do empréstimo de 900 milhões à Rioforte, assistiu-se também a uma tentativa, por parte do primeiro-ministro e dos seus apaniguados, de reescreverem a história, mandando as culpas para cima do inevitável José Sócrates. Ora, como este é um país onde a memória é uma maria-vai-com-todos, não fica mal recordar os factos. Quando o ambiente entre a PT e a Telefónica na gestão da brasileira Vivo, em que ambas possuíam 50%, se tornou inviável, a Telefónica propôs-se comprar a parte da PT a preço de amigos. A proposta, que significava também o fim do projecto da PT no Brasil, no qual investira anos a fio, foi aceite por todos os accionistas privados da PT. E foi José Sócrates, sim, quem, utilizando a golden share do Estado, se opôs à venda, forçou a Telefónica a subir substancialmente a sua oferta e negociou directamente com Lula da Silva a entrada da PT na Oi, na posição dominante que a sua superior capacidade tecnológica justificava. A recompensa que teve por parte dos accionistas privados da PT, a quem deu a ganhar um balúrdio de dinheiro, foi a antecipação da distribuição dos lucros, para fugirem ao aumento do imposto de mais-valias orçamentado para o ano seguinte. Depois, nada mais teve que ver com Sócrates: Passos Coelho abriu mão da golden share, a simples pedido de Bruxelas (a que só nós acedemos) e, uma vez entregue exclusivamente aos seus outros accionistas, seguiu-se o que se seguiu e a PT acabou dominada, menorizada e humilhada pelo seu sócio brasileiro, preparando-se agora para entregar os restos a uma qualquer multinacional de passagem por Lisboa. Eis como acabou o grandioso projecto tricontinental da PT! Que jeito dá ter José Sócrates sempre à mão! (…)»
Sem comentários:
Enviar um comentário