quinta-feira, outubro 22, 2015

Fernanda Câncio é Leal





A jornalista Fernanda Câncio, do Diário de Notícias, decidiu processar o Correio da Manhã pela divulgação de conversas gravadas no âmbito da Operação Marquês e que envolvem a própria jornalista, que foi namorada de José Sócrates, e a mulher de Carlos Santos Silva, amigo do ex-primeiro-ministro e também arguido no mesmo processo. Segundo Fernanda Câncio, além das notícias violarem o segredo de justiça, são também falsas e representam uma imputação “difamatória e ultrajante”.

“É falso que em conversas mantidas telefonicamente com Inês do Rosário, na sequência da detenção de José Sócrates e Carlos Santos Silva, e que teriam sido escutadas no âmbito do processo, esta me tenha comunicado que determinado montante existente nas contas de Carlos Santos Silva pertencia na verdade a José Sócrates”,  garante Fernanda Câncio, numa carta enviada ao PÚBLICO, em que acrescenta ainda que “esta imputação só pode resultar da imaginação doentia e enviesada de quem ocupa no processo a posição de acusador, público ou privado”.

Na mesma nota, a jornalista informa que, além de processar o Correio da Manhã e a CMTV, vai também exigir o acesso às gravações das conversas em causa. Depois, reitera que a divulgação de “elementos do processo” em notícias “constitui a prática manifesta, e confessada, do crime de violação do segredo de justiça, pelo que se espera que o detentor da acção penal aja em conformidade, nomeadamente determinando de imediato injunções com vista a evitar a repetição da prática do crime, uma vez que é evidente que tal conduta se repetirá”.
Fernanda Câncio vai mais longe e garante que os 

 “funcionários” do Correio da Manhã só conseguiram informações porque se constituíram assistentes no processo, acusando-os de “terem usado essa posição processual para acederem aos elementos do processo que depois divulgam nos órgãos de comunicação de que fazem parte”.

“Para além do mais, o facto de as peças serem da autoria de quem tem no processo a posição de assistente significa que é o assistente que, embora na veste de ‘jornalista’, dá a notícia. 

Ora, tal conduta é atentatória dos deveres deontológicos mais elementares, nomeadamente o de informar com rigor e isenção, não se valendo da sua condição para noticiar assuntos em que tenha interesse”, sublinha a jornalista. Câncio apela também à intervenção da Comissão da Carteira de Jornalista e do Conselho Deontológico do Sindicato de Jornalistas para evitar que o jornalismo se torne numa “profissão sem regras e sem qualquer tipo de ética”.
 
Na quarta-feira, também os advogados de José Sócrates tinham informado que estão a ponderar a interposição de uma providência cautelar para impedir que os órgãos de comunicação social divulguem informações sob segredo de justiça que resultem do acesso ao processo de jornalistas que são parte nele já que se constituíram assistentes.

As partes podem agora aceder ao processo, já que o segredo de justiça interno cessou e alguns advogados, entre eles os representantes de alguns jornais e os defensores de Sócrates, receberam esta segunda-feira CD’s com as cópias de 56 volumes do processo que envolve o ex-primeiro-ministro, que esteve detido durante quase 11 meses mas que foi libertado na passada sexta-feira.


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