terça-feira, agosto 09, 2016

Dipa. O salto mais temido leva a pioneira indiana à final

A estatistica é como o Biquini :- o que mostra é sugestivo :- o que esconde é vital

Prima afastada do António Costa

Asiática fez história ao apurar-se para final de salto, após executar a técnica mais perigosa e renegada da disciplina
Não é fácil para uma atleta afirmar-se na ginástica artística, quando cresce num país sem tradição na modalidade (nem meios financeiros), como é a Índia. Para singrar, após percorrer um caminho pedregoso até à elite mundial, Dipa Karmakar precisava de um golpe de asa, um gesto técnico que a fizesse sobressair entre as ginastas das maiores potências: encontrou-o no salto Produnova, o movimento mais perigoso (e maldito) da modalidade. E, com a aterradora técnica - se correr mal, pode deixar a praticante tetraplégica ou até matá-la -, fez história: apurou-se para a final de salto (cavalo) do Rio 2016.
Na verdade, Dipa, de 22 anos, já fizera história ao tornar-se a primeira ginasta indiana a ganhar medalhas em provas internacionais (Jogos da Commonwealth de 2014 e Campeonatos Asiáticos de 2015) e a participar em Jogos Olímpicos (neste ano). Contudo, o desempenho na qualificação da prova individual de ginástica artística, concluída no domingo à noite - madrugada de ontem em Portugal -, catapultou-a para a ribalta, por se ter apurado para a final de salto (8.º lugar, com 14.850 pontos) e por ter executado, uma vez mais, o temido Produnova.
A pioneira - 51.ª na classificação all around, somatório dos quatro aparelhos [Filipa Martins foi 37.ª, melhor resultado da ginástica artística portuguesa em Jogos Olímpicos] - alcançou mais um feito histórico para a Índia. No entanto, o que deu que falar foi o gesto executado. Há quem chame ao movimento "o salto da morte": consiste numa reversão (apoio das mãos na mesa) seguida de dois mortais agrupados para a frente (cambalhotas aéreas com as pernas flexionadas). E foi batizado em honra da russa Yelena Produnova, a primeira a conseguir fazê-lo, com distinção, em competições internacionais (em 1999).
Para a maioria das ginastas, este é um movimento maldito, demasiado arriscado para ser tentado e renegado pelos treinadores. Uma aterragem mal calculada (se a praticante não cair de pé) pode causar graves mazelas nas costas ou no pescoço. E a própria Dipa está consciente disso: "Eu peso 45 quilos e, quando caio, as minhas pernas suportam uma carga de 90. Se errar, todo esse peso vai para o meu pescoço. Sei que é perigoso mas é preciso correr riscos para vencer."
"Não estou a tentar morrer", responde uma das críticas, Simone Biles, a adolescente norte-americana que é a maior candidata a converter-se na superestrela da ginástica artística no Rio 2016. As atletas contrárias ao salto maldito sugerem mesmo que o complexo sistema de pontuações da disciplina deve ser modificado, para não valorizar tanto uma técnica tão perigosa.

"Agora, este é o salto mais fácil"

No entanto, as críticas (e o medo de sofrer uma lesão irreversível) não fazem Dipa Karmakar vacilar. Após 16 anos de sacrifícios - quando se iniciou não tinha calçado apropriado, o fato de competição era emprestado e treinava-se num ginásio que ficava inundado na época das monções -, a indiana chegou à ribalta, à conta do Produnova. E não o quer deixar. "Agora, este é o salto mais fácil para mim. Espero que ele se torne ainda mais famoso do que eu na Índia", diz a ginasta, que garante ter praticado a manobra mais de mil vezes nos últimos três meses.

De resto, a asiática não é a única fã do salto mais temido, tentado pela primeira vez, sem sucesso, pela chinesa Choe Jong Sil (em 1980), e já executado com distinção por outras quatro atletas. A mais famosa é a lendária Oksana Chusovitina - que, aos 41 anos, está nos seus sétimos Jogos Olímpicos e se tornou a mais velha de sempre a participar em provas de ginástica artística. A usbeque não executou o Produnova na qualificação (5.ª, com 14.999 pontos) mas já prometeu fazê-lo na final de salto, no domingo (dia 14). Aí se verá até onde o gesto maldito as pode levar.

"Não estou a tentar morrer", responde uma das críticas, Simone Biles, a adolescente norte-americana que é a maior candidata a converter-se na superestrela da ginástica artística no Rio 2016. As atletas contrárias ao salto maldito sugerem mesmo que o complexo sistema de pontuações da disciplina deve ser modificado, para não valorizar tanto uma técnica tão perigosa.
"Agora, este é o salto mais fácil"
No entanto, as críticas (e o medo de sofrer uma lesão irreversível) não fazem Dipa Karmakar vacilar. Após 16 anos de sacrifícios - quando se iniciou não tinha calçado apropriado, o fato de competição era emprestado e treinava-se num ginásio que ficava inundado na época das monções -, a indiana chegou à ribalta, à conta do Produnova. E não o quer deixar. "Agora, este é o salto mais fácil para mim. Espero que ele se torne ainda mais famoso do que eu na Índia", diz a ginasta, que garante ter praticado a manobra mais de mil vezes nos últimos três meses.
De resto, a asiática não é a única fã do salto mais temido, tentado pela primeira vez, sem sucesso, pela chinesa Choe Jong Sil (em 1980), e já executado com distinção por outras quatro atletas. A mais famosa é a lendária Oksana Chusovitina - que, aos 41 anos, está nos seus sétimos Jogos Olímpicos e se tornou a mais velha de sempre a participar em provas de ginástica artística. A usbeque não executou o Produnova na qualificação (5.ª, com 14.999 pontos) mas já prometeu fazê-lo na final de salto, no domingo (dia 14). Aí se verá até onde o gesto maldito as pode levar.

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