sábado, setembro 10, 2016

A estatistica é como o Biquini :- o que mostra é sugestivo :- o que esconde é vital



Este período é caracterizado pelo ciclo subúrbico, ou seja, pelo crescimento desordenado da cidade para os arredores e consequente perda de habitantes, por projectos pontuais dos anos 80 e por fim por um ciclo de recuperação dos anos 90, verificando-se um esforço de reorganização funcional e urbanístico do espaço citadino.
O Plano Director de Lisboa terminado em 1967 é somente aprovado em 1976. Trata-se de uma actualização do Plano Gröer de 1948, debruçando-se sobre a rede viária e as áreas de ligação a essa rede. O noroeste da cidade cresce de forma selvagem, erguendo-se equipamentos, habitações, hotéis, edifícios de escritórios. Uma cidade suburbana cresce entre Benfica e a Amadora e entre Moscavide e Sacavém, trazendo consigo inúmeros problemas sociais. O pós 25 de Abril implanta uma repentina ordem urbana passageira.
Toda a cidade foi coberta por pinturas murais, sucederam-se as ocupações de edifícios públicos e privados, proliferaram as construções espontâneas em betão armado na periferia da cidade, fomentadas pela ânsia da liberdade e pela vinda dos retornados. Oficialmente criou-se o Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL) para recuperar e reinstalar as gentes dos bairros degradados. O SAAL funcionava com Brigadas Locais que agiam com as Comissões de Moradores, usufruindo do apoio da EPUL (Empresa Pública de Urbanização de Lisboa). O SAAL teve uma curta existência, sendo extinto em 1976, deixando apenas dois bairros na 2.ª circular (Bairro das Fonsecas) e um bairro nas Olaias (Bairro do Bacalhau). Estes bairros foram concluídos em 1979.
A estabilidade política e social dos anos 80 permitiu retomar as tendências anteriores. Constroem-se mais bairros da EPUL em Telheiras e em Carnide. Amplia-se a habitação social em Chelas através do bairro branco e o Pantera Cor-de-Rosa na Zona 2 (Cambodja), entre 1976-79. Nas Avenidas Novas acentua-se a terciarização. Por outro lado, a cidade vai-se valorizando através de construções isoladas, de que são exemplo, o edifício de Telecomunicações das Picoas (1982), o Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian (1983), a ampliação da Casa dos Bicos (1983), o Hotel Méridien (1984) e o complexo Amoreiras, com habitação, centro comercial e escritórios (1982-85). Iniciam-se os planos de reabilitação do Martim Moniz. Termina a década com o incêndio do Chiado (1988).
Os anos 90 insinuaram-se como os anos de recuperação e reabilitação da cidade. Sob nova gestão municipal, definiu-se, entre 1990-92 um Plano Estratégico em articulação com o Plano Director.
Investiu-se na recuperação dos centros históricos por via dos Gabinetes Técnicos Locais do Bairro AltoAlfamaMouraria, Madragoa.
Pensaram-se espaços de transição com os concelhos limítrofes através de parques, equipamentos e recuperação de quintas e aldeias da periferia, como é o caso do Lumiar, Ameixoeira, Carnide, Olivais.
Fomentou-se o grande desenvolvimento da rede viária por meio de radiais, circulares, túneis, viadutos, parques de estacionamento (em 1996, o Terreiro do Paço ficou livre do parque de estacionamento que albergava), vias mais rápidas e consequentemente eléctricos da Carris mais rápidos, novas estações ferroviárias.
Renovou-se o Metropolitano, construindo-se novas estações alvo de decorações artísticas de artista plásticos de renome.
Aplicou-se uma arquitectura de renovação urbana através do aproveitamento das fachadas e total reconstrução interior, de que é exemplo, o edifício da Rua Castilho (1991), ou a total reedificação do novo edifício Monumental e o aparthotel no antigo cine-teatro Éden.
Delineou-se uma arquitectura de expansão marcante na 2.ª circular, no eixo noroeste, na área do Hospital de Santa Maria, na zona do estádio do S. L. Benfica, no centro comercial Colombo e no hipermercado Euromarché em Telheiras.
Desenvolveu-se uma arquitectura estatal, construindo-se a Caixa Geral de Depósitos (1993), o Centro Cultural de Belém, o pólo universitário da Ajuda, a Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação, a Escola Superior de Comunicação Social, entre outras edificações.
Mas o grande projecto desta década é sem dúvida a recuperação e reconstrução da zona oriental, no âmbito da EXPO 98, revitalizando a zona com habitação de luxo, Ponte Vasco da Gama, Gare do Oriente, Centro Comercial Vasco da Gama, Pavilhão Atlântico, Pavilhão do Conhecimento, Oceanário, Novo Casino de Lisboa e numa série de edificações terciárias.

Bibliografia
A cidade do Estado Novo e da II República in FRANÇA, José-Augusto – Lisboa: urbanismo e arquitectura. 5.ª edição. Lisboa: Livros Horizonte. p. 93-108. ISBN 972-24-0998-0.
FERNANDES, José Manuel – Lisboa no século XX. O tempo moderno in O Livro de Lisboa. Lisboa: Lisboa Capital Europeia de Cultura, 1994, p. 493-518. ISBN 972-24-0880-1.

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