terça-feira, outubro 25, 2016

Michelle Obama, o trunfo de Hillary para o sprint final

A estatistica é como o Biquini :- o que mostra é sugestivo :- o que esconde é vital


Sondagem da ABC News dá 20 pontos de vantagem à candidata democrata no voto entre as mulheres. Ainda há estudos de opinião que dão a vitória ao republicano Donald Trump
Pela primeira vez na próxima quinta-feira, Michelle Obama vai fazer campanha lado a lado com Hillary Clinton. As duas primeiras-damas, a antiga e a atual, vão dar as mãos num comício na Carolina do Norte, um dos mais importantes dos swing states - ou estados oscilantes, que de eleição para eleição podem alterar o sentido de voto entre os partidos Democrata e Republicano.
A mulher do presidente Barack Obama é vista como uma espécie de trunfo de Hillary Clinton para as semanas finais de campanha.
De acordo com uma sondagem publicada na semana passada pelo The Wall Street Journal, a taxa de provação da atual primeira-dama ronda os 60%. "Não há ninguém que seja mais eficaz do que ela. Tem muita credibilidade quando fala e quando se envolve", sublinha Jennifer Palmieri, diretora de comunicação da equipa de Hillary Clinton.
Para o jornal The Washington Post, "Michelle Obama tem a habilidade de fazer aquilo que Clinton tem tido muita dificuldade em conseguir: explicar as razões pelas quais os eleitores devem votar nela para presidente".
Brian Fallon, porta-voz da candidata democrata, regozijou-se no domingo com a disponibilidade que Michelle Obama tem mostrado para participar em ações de campanha: "Tem excedido as nossas expectativas e tem sido uma verdadeira estrela de rock".
Na próxima quinta-feira será a primeira vez que a primeira-dama irá aparecer ao lado de Hillary, mas desde a convenção democrata, no final de julho, já foram seis os comícios em que Michelle apareceu para defender a nomeada pelo Partido Democrata.
De acordo com a BBC, não é normal que, ao fim de oito anos e de dois mandatos, o casal que está prestes a deixar a Casa Branca tenha tanto valor acrescentado em campanha como os Obama parecem ter. Nem mesmo Bill Clinton, que se despediu da presidência com boas taxas de aprovação, foi aproveitado como Michelle e Barack têm sido. All Gore, o candidato democrata nas eleições de 2000, terá mesmo preferido que Clinton não fosse usado em campanha com medo que carregasse consigo demasiados anticorpos.
"É preciso recuar até 1988 - quando Ronald Reagan se fez à estrada para apoiar o seu vice-presidente George H.W. Bush na batalha contra o democrata Michael Dukakis - para encontrar algo semelhante com o que estamos a ver agora [com o envolvimento dos Obama", escreve no seu site a estação de televisão britânica.
Michelle contra Trump
Nas últimas semanas a primeira-dama fez dois discursos que foram marcantes, um no dia 14, em New Hampshire, e outro na passada quinta-feira, no Arizona. No primeiro, a mulher de Barack Obama desferiu um mortífero ataque a Donald Trump. Não tanto pela violência das palavras, mas mais pela sinceridade que conseguiu passar naquilo que disse. "Na semana passada ouvimo-lo gabar-se por ter assediado sexualmente várias mulheres. Não consigo acreditar que estou a dizer que um candidato a presidente dos Estados Unidos gabou-se por assédio sexual. Não consigo deixar de pensar no assunto. Foi algo que me abalou de uma forma que não estava à espera", afirmou Michelle Obama, na ressaca do vídeo que veio a público em que Donald Trump aparece a vangloriar-se de conseguir fazer o que quer das mulheres por ser conhecido e famoso.
"Foi uma intervenção muito poderosa. Nunca vimos uma primeira-dama fazer campanha por outro candidato com o entusiasmo e compromisso que Michelle tem demonstrado", refere Myra Gutin, da Rider University, especialista com vários trabalhos publicados sobre as mulheres dos presidentes norte-americanos.
Donald Trump viu-se obrigado a ripostar e recuperou uma frase de Michelle em 2007, quando Hillary era adversária de Barack Obama nas primárias do Partido Democrata: "Não foi ela que disse que quem não consegue tomar conta da própria casa certamente não vai conseguir tomar conta da Casa Branca?". Para o candidato republicano, Michelle, nesta declaração, estava de forma subtil a tentar atingir Hillary. Na época, os Obama negaram que fosse essa a intenção, explicando que se tratava apenas de uma referência à exigência que representava conciliar uma campanha eleitoral com as obrigações da parentalidade.
Quando faltam apenas 15 dias para as eleições de 8 de novembro, Hillary Clinton parece ter uma vantagem segura, pelo menos de acordo com as probabilidades de vitória calculadas pelo especialista em estatísticas Nate Silver, do site FiveThirtyEight (ver infografia). Depois de uma perigosa aproximação de Donald Trump durante agosto e setembro, a candidata democrata aproveitou o mês de outubro para cimentar a sua liderança.
Mulheres contra Trump
Na média de todas as sondagens nacionais disponibilizada pelo The New York Times, Hillary apresenta uma vantagem de seis pontos percentuais sobre Donald Trump: 46,4% contra 40,2%. Ainda assim, olhando para as três mais recentes, há resultados para todos os gostos. A ABC News dá a vitória à democrata por 12 pontos de diferença (50% contra 38%), a Rasmussen coloca Trump na dianteira com mais dois pontos percentuais (43% contra 41%) e um estudo da empresa IBD/TIPP aponta para um empate a 41%. Apesar de tudo, a tendência geral aponta claramente para que as eleições venham a ser conquistadas por Hillary Clinton.
Olhando mais em detalhe para a sondagem da ABC News percebe-se que o voto feminino mostra-se determinante para a dianteira de Hillary. A candidata democrata apresenta uma vantagem de 20 pontos sobre Donald Trump considerando apenas as intenções de voto das mulheres.
É habitual o eleitorado democrata ser maioritariamente feminino e é preciso recuar até às eleições de 1988 para encontrar um republicano (George H.W. Bush) que se tenha mostrado mais sedutor para as mulheres do que um democrata (Michael Dukakis).
Ainda assim, uma vantagem de 20 pontos é bastante significativa. De acordo com a Gallup, desde 1952 só por três ocasiões um candidato conseguiu uma diferença superior entre as mulheres: Dwight D. Eisenhower, republicano, mais 22 pontos, em 1956; Lyndon B. Johnson, democrata, mais 24 pontos, em 1964; e Richard Nixon, republicano, mais 24 pontos, em 1972. Todos venceram as eleições.
Da mesma forma que Hillary Clinton recolhe a preferência entre as mulheres, Donald Trump é o candidato preferido pelos homens, com uma vantagem de três pontos segundo a sondagem da ABC News (44% contra 41%).
De acordo com um artigo do FiveThirtyEight publicado no passado dia 11, se só os homens votassem, Trump seria o próximo presidente e o mapa dos EUA ficaria praticamente todo pintado com o vermelho republicano. O magnata nova-iorquino arrecadaria 350 dos 538 grandes eleitores em disputa, ficando Hillary apenas com os 188 restantes.

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