quinta-feira, outubro 06, 2016

ORIGEM DAS DONAS

A estatistica é como o Biquini :- o que mostra é sugestivo :- o que esconde é vital


ORIGEM DAS DONAS
As lendas mais conhecidas, acerca da origem das Donas são as seguintes:

Lenda da Senhora do Abade
«Segundo esta lenda, a povoação nasceu num lugar próximo de Valverde, chamado Senhora do Abade. Aí têm aparecido ruínas de casas já soterradas, objectos de metal amarelo, um aro de caldeirinha...
Esse lugar foi invadido por uma terrível praga de formigas que, tudo dizimavam, até as crianças.
Residiam, então na Casa do Paço, duas bondosas senhoras fidalgas, vulgarmente conhecidas por “Senhoras Donas”, que chamaram para junto de si as pessoas que fugiam à praga. Para que melhor se fixassem, aforaram-lhes terras e casas.
Explica-se, assim, o grande número de foros que a Casa do Paço ainda possuía na primeira metade do século XX. Atribuindo-se, também, o nome da aldeia a uma abreviatura de “Senhoras Donas”, que o uso fixou até hoje.
Os fugitivos construíram uma igreja, junto à Capela de Pancas, sob a invocação de Santa Maria, ficando a aldeia a chamar-se Aldeia Nova de Santa Maria das Donas.
Segundo o Dr. José Hermano Saraiva, o nascimento da aldeia de Donas é anterior ao de Aldeia Nova do Cabo. Como a aldeia das Donas se denominava Aldeia Nova de Santa Maria das Donas, a aldeia nova que nascia passou a designar-se Aldeia Nova do Cabo.
Lenda como esta, em que os habitantes de um lugar, atacados por uma praga de formigas, têm de se deslocar para um local mais ou menos próximo, tentam explicar a origem de várias povoações portuguesas, entre elas o Fundão.
Outra lenda conta que, há muito, muito tempo, uma jovem cortesã se apaixonou perdidamente pelo seu príncipe. O rei, que não via com bons olhos esse amor, pensou mandá-la para bem longe dos olhares do filho. Resolveu, então, desterrar para um solar distante da Beira, a fidalga e as suas aias. Durante muitos anos, a “Dona” esperou a chegada do príncipe, sonhando, sempre, com o dia em que este a viria buscar.
Até que desiludida e triste por se ver só, começou a chamar pessoas para a sua beira.
Assim, enraizada num desgosto de amor, teria nascido a aldeia das Donas.
Apoia-se esta lenda no facto da Casa do Paço ter as características das antigas casas reais e na existência das duas cabeças coroadas na Capela de Pancas.
No entanto, a história que parece ter mais raízes na realidade é a seguinte:
Em tempos muito remotos, existiu neste lugar um convento de Freiras Cónegas de Santo Agostinho que teriam reunido à sua volta inúmeras famílias, dando-lhes terras para cultivar.
Mais tarde, o convento e as suas terras passaram para os bens da Coroa. Existindo, nessa época, naquele lugar, uma pequena povoação que se foi desenvolvendo ao longo dos anos.

Esta história acenta em três factos:
1.º Existir ainda nas Donas uma propriedade chamada Tapada das Freiras.
2.º As Freiras Cónegas de Santo Agostinho serem conhecidas por “Donas”, visto, quase sempre, serem oriundas de famílias nobres e ilustres.
3.ª Conhecerem-se em Espanha, algumas povoações chamadas “Dueñas”, tendo origem semelhante.
A data da origem das Donas não é conhecida. No entanto, existe um documento datado de 1471, referente à Aldeia Nova das Donas.
“Dom Afonso V (...) A quantos esta nossa carta virem fazemos saber que nos tínhamos fecto merçee per nosso aluare a Martim Vaz de Castello branco fidalguo de nossa cassa que ora faleceo na tomada da nossa vila darzilla daa quinta daldea nova das donas por razom de sse perder per a coroa de nossos reinosper emiheamentos que nela fezera gomçalo pereira sogro do dito martim vaaz (...) Dada em Sintra XII dias de Dezembro. Joham Carreiro a fez ano de nascimento de nosso Senhor Ihesu Christo de mil 11131xxj. (chancelaria de D. Afonso V. L17 fl.)
Existe outro documento semelhante, sobre a transmissão dos direitos da dita quinta a Beatriz, filha de Martim Vaz e irmã de Nuno Vaz, por morte deste.
Estes documentos fazem cair por terra as lendas, que narram a origem das Donas com a presença da Casa do Paço, de estilo Manuelino, portanto de construção posterior.
Ainda, outras informações sobre as Donas:
Dava-se o nome de Donas às fundadoras e abadessas dos conventos e mosteiros, assim, como às filhas e viúvas dos ricos-homens que por falta de varões, lhes sucediam nos morgadios.
Nos fins do séc. XV, a Quinta da Aldeia Nova, termo da Covilhã (sabe-se que antigamente era este o nome das Donas) pertencia a Dona Apolónia da Costa, casada com António Gil Freire, e, filha de Dona Margarida Gonçalves da Costa e de um fidalgo castelhano, chamado Lopo Álvaro Feio.
Dona Apolónia da Costa era sobrinha do Cardeal de Alpedrinha, D. Jorge da Costa. O Cardeal era irmão de sua mãe.
Por morte de Dona Apolónia da Costa tornou-se Senhor das Donas o seu filho Miguel Antunes, fidalgo da Casa Real, casado com Dona Maria Freire, sua prima. O irmão Simão da Costa Freire assumiu o morgadio de Pancas, por doação de sua tia Dona Helena Costa, irmã de Dona Apolónia, por não ter descendência de seu marido D. Pedro Vaz da Cunha “O Bisagudo”. Por sua vez D. Helena da Costa tinha recebido o morgadio de Pancas, de sua tia D. Catarina da Costa, que não teve filhos, viúva de Pêro de Albuquerque, mandado assassinar por D. João II, dez dias depois de D. Diogo, duque de Viseu, em Setembro de 1484.
D. Catarina tinha comprado o morgadio de Pancas com o dote que lhe dera o seu irmão, D. Jorge da Costa, por ocasião do seu casamento com Pêro de Albuquerque.
Por este breve resumo histórico podemos concluir que o nome desta aldeia não poderia ser outro, tantas foram as senhoras fidalgas ricas (Donas) que ficaram ligadas a esta localidade.»

Fonte: Amélia Guedes

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