A estatistica é como o Biquini :- o que mostra é sugestivo :- o que esconde é vital
Impostos, descontos e vendas garantem meta. Juros afundam.
público tem maior subida de que há registo
Tem sido uma quase constante dos últimos 20 anos e 2018 não
será exceção: a receita pública é que vai garantir a redução do défice,
mais do que compensando a expansão da despesa.
De acordo com a proposta de Orçamento do Estado para o ano
que vem (OE 2018), a receita aumentará 3,2 mil milhões de euros
(mais 3,9%) face à estimativa de execução para 2017, ao passo que a
despesa total sobe 2,5 mil milhões de euros.
Isto permitirá reduzir o défice público de 2018 em 716 milhões de euros,
para 2 mil milhões de euros (que corresponde à tal meta de 1% do produto
interno bruto agora assumida pelo ministro das Finanças, Mário Centeno),
ao mesmo tempo que se prometem algumas medidas ditas "de esquerda",
aparentemente a condição para que o PS possa continuar a contar com o
apoio da CDU e do BE.
Chegar "ao défice mais baixo da democracia" é possível, porque
a economia ajuda a coleta de receita e permite poupar em algumas
despesas (veja-se o caso do subsídio de desemprego). E porque as
medidas escolhidas induzem, elas próprias, o crescimento,
argumenta o Ministério das Finanças. É um modelo que se
autoalimenta.
a economia ajuda a coleta de receita e permite poupar em algumas
despesas (veja-se o caso do subsídio de desemprego). E porque as
medidas escolhidas induzem, elas próprias, o crescimento,
argumenta o Ministério das Finanças. É um modelo que se
autoalimenta.
Entre essas opções de política estão o alívio em alguns impostos
diretos, como o IRS, o descongelamento de carreiras na função
pública, as atualizações aos pensionistas mais pobres e a promessa
de um salto histórico no investimento público (mais de 40%, o maior
de que há registo, desde 1996, pelo menos) ou de mais verbas para
a formação profissional.
diretos, como o IRS, o descongelamento de carreiras na função
pública, as atualizações aos pensionistas mais pobres e a promessa
de um salto histórico no investimento público (mais de 40%, o maior
de que há registo, desde 1996, pelo menos) ou de mais verbas para
a formação profissional.
Muito resumidamente, as projeções do governo indicam que a
receita fiscal vai aumentar 1,2 mil milhões de euros, vindo sobretudo
do IVA, mas também terá a ajuda da mão mais pesada nos impostos
sobre vícios, carros e combustíveis.
receita fiscal vai aumentar 1,2 mil milhões de euros, vindo sobretudo
do IVA, mas também terá a ajuda da mão mais pesada nos impostos
sobre vícios, carros e combustíveis.
As contribuições sociais aparecem em segundo, dando um impulso
de 855 milhões de euros às contas de 2018.
de 855 milhões de euros às contas de 2018.
Finalmente, destaque para uma rubrica que andava desaparecida:
as vendas do setor público, que crescem 768 milhões de euros.
Trata-se de bens e serviços que o Estado vende a um preço de mercado
e em concorrência com os privados.
as vendas do setor público, que crescem 768 milhões de euros.
Trata-se de bens e serviços que o Estado vende a um preço de mercado
e em concorrência com os privados.
São "receitas resultantes do fornecimento de bens ou serviços a
preços economicamente significativos, ou seja, a preços que
influenciam as quantidades produzidas e consumidas", explica o
Conselho das Finanças Públicas.
preços economicamente significativos, ou seja, a preços que
influenciam as quantidades produzidas e consumidas", explica o
Conselho das Finanças Públicas.
O DN/Dinheiro Vivo perguntou às Finanças que vendas são, em
concreto, mas não obteve resposta até ao fecho da edição. O OE
também não explica.
concreto, mas não obteve resposta até ao fecho da edição. O OE
também não explica.
O melhor momento da economia também explica parte do
protagonismo
da receita. O governo assume-o repetidamente. Acontece em 2017
e em 2018. A economia e o emprego continuam a ajudar, impulsionando
impostos indiretos, como o IVA, e descontos para a Segurança Social,
por exemplo.
protagonismo
da receita. O governo assume-o repetidamente. Acontece em 2017
e em 2018. A economia e o emprego continuam a ajudar, impulsionando
impostos indiretos, como o IVA, e descontos para a Segurança Social,
por exemplo.
E há uma importante ajuda externa. As agências de rating estão
menos hostis em relação a Portugal e o país tem sido menos criticado
pelos credores, o que se reflete nas taxas de juro de mercado e
permite à República reduzir a fatura com juros. Esta é uma hipótese
crucial que atravessa todo o OE.
menos hostis em relação a Portugal e o país tem sido menos criticado
pelos credores, o que se reflete nas taxas de juro de mercado e
permite à República reduzir a fatura com juros. Esta é uma hipótese
crucial que atravessa todo o OE.
Do lado da despesa, a grande ajuda vem da poupança com juros
(menos 443 milhões em 2018).
(menos 443 milhões em 2018).
Há ainda travões que impedem os gastos de irem mais longe
e pôr em xeque a consolidação exigida pela Europa. É o caso da
poupança de 287 milhões de euros com o "exercício de revisão
da despesa" e dos 300 milhões a menos do "congelamento nominal
dos consumos intermédios".
e pôr em xeque a consolidação exigida pela Europa. É o caso da
poupança de 287 milhões de euros com o "exercício de revisão
da despesa" e dos 300 milhões a menos do "congelamento nominal
dos consumos intermédios".
Além disso, há as cativações (o dinheiro que o ministro das Finanças
controla em cada ministério e serviço e vai libertando caso a caso).
Esta despesa congelada à cabeça e só depois autorizada seria
1,8 mil milhões de euros no início de 2017. Até agosto tinham sido
libertados 710 milhões.
controla em cada ministério e serviço e vai libertando caso a caso).
Esta despesa congelada à cabeça e só depois autorizada seria
1,8 mil milhões de euros no início de 2017. Até agosto tinham sido
libertados 710 milhões.
Em 2018, o expediente vai ser novamente usado, mas o governo
vai passar a prestar contas trimestrais sobre o tema.
vai passar a prestar contas trimestrais sobre o tema.
A contribuir para o défice está o investimento público mas, diz o
governo, vai ser bom pois gera mais crescimento, puxa pelo investimento
privado. As Finanças acenam com 4,5 mil milhões de euros em
novos investimentos públicos (a subida é histórica, mas o valor
absoluto ainda é muito inferior ao registado em 2011).
governo, vai ser bom pois gera mais crescimento, puxa pelo investimento
privado. As Finanças acenam com 4,5 mil milhões de euros em
novos investimentos públicos (a subida é histórica, mas o valor
absoluto ainda é muito inferior ao registado em 2011).
E investir em quê? O rol é extenso. As Finanças falam em "renovação
do parque escolar", "novas Unidades de Saúde Familiar",
"construção de novos hospitais", "ligações ferroviárias internacionais",
renovação de comboios e da frota dos metros de Lisboa e Porto,
melhores estradas, "autocarros movidos a gás natural ou
eletricidade", o novo aeroporto da região de Lisboa, tratamento
de resíduos e saneamento.
do parque escolar", "novas Unidades de Saúde Familiar",
"construção de novos hospitais", "ligações ferroviárias internacionais",
renovação de comboios e da frota dos metros de Lisboa e Porto,
melhores estradas, "autocarros movidos a gás natural ou
eletricidade", o novo aeroporto da região de Lisboa, tratamento
de resíduos e saneamento.
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