Nem mais uma palavra. Ou quando a crise serve para levar tolos
14/01/11 00:01
Raul Vaz
http://economico.sapo.pt/noticias/nem-mais-uma-palavra-ou-quando-a-crise-serve-para-levar-tolos_108727.html
O mestre do ilusionismo voltou a armar fantasia. De repente, a direita, uma direita, viu o poder ao virar da esquina. Não chegam ao essencial: antes está Cavaco. Sempre assim foi e é assim que eles alimentam o engodo.
Cavaco viu-se apertado, como nunca. Ele sabe que nós sabemos - nós, povo - que a dúvida fez mossa. Fez e faz. Faria enquanto não surgisse um outro alinhamento. O BPP caiu na sopa, o FMI temperou o caldo. E, como prometido, nem mais uma palavra.
Cavaco tem dito que vem aí o fim do mundo. Começou a dizer. Porque antes, ai de quem falasse em crise nacional e, muito menos, em turbulência política! Quem o fizesse estava a aguçar o apetite dos mercados e, sobretudo, a desconsiderar os nossos financiadores. Os pregadores deste mal eram cobertos de irresponsabilidade e despojados de qualquer sentido patriótico. Eis o que o BPN fez a Cavaco.
Com esforço, podemos admitir que o homem acordou para a realidade - num processo de contágio que chega, finalmente, ao sítio do fim. É uma interpretação possível e sustentada em contabilidade própria sobre as suas intervenções de emergência: vai em doze, número redondo e indicado para a crise passar de crescente a aguda.
Esperemos que não chegue a terminal. Mas admitindo que a política acabe por contaminar a crise económica e social, não se deve confiar excessivamente no tom e no verbo de um candidato acossado que persegue a conservação do poder. O reforço desse poder.
Se assim acontecer, como é previsível, espera-se um outro Cavaco? Dificilmente. Ele esperará que Angela Merkel, o mensageiro do FMI, Jean Claude Trichet, Pedro Passos Coelho, Paulo Portas, o cardeal Patriarca, José Mourinho, Eduardo Catroga e, quem sabe(?), o próprio José Sócrates lhe batam à porta do Possolo. Dizendo-lhe a coisa simples: você consta da política e, portanto, da crise. Da solução mas também do problema. A propósito: o caso BPN não conta num confronto eleitoral? Só num país de tolos

Sem comentários:
Enviar um comentário