sexta-feira, setembro 09, 2011







UM HOMEM POLÉMICO


Ficou conhecido do grande público após a sua entrada na corrida para a presidência do Benfica. Os três anos que esteve à frente do clube da Luz fizeram dele figura central da vida portuguesa. A braços com vários processos em tribunal, João Vale e Azevedo é, antes de tudo, um homem polémico.






João Vale e Azevedo, de 45 anos, um conhecido advogado e homem polémico, encontra-se a contas com a Justiça em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional da Polícia Judiciária.






Advogado ligado ao PSD e à administração de várias empresas, João Vale e Azevedo estudou durante 11 anos num colégio particular. Depois ingressou no curso de Direito, que concluiu com a média de 14 valores. Recentemente viu o exercício da sua actividade profissional ser suspenso por 10 anos numa decisão do Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados. Contudo, a decisão admite recurso para o Conselho Superior da Ordem.






Sócio número 13.001 do Benfica, Vale e Azevedo afirma-se benfiquista desde que se conhece, embora na sua família não houvesse qualquer tradição relacionada com o desporto ou com qualquer clube. Não se apaixonou pelo futebol e pelo Sport Lisboa e Benfica por influência do pai ou de qualquer outro familiar.






O gosto apareceu-lhe na escola, em conversas com colegas, que não se fartavam de elogiar os pontapés do «rei» Eusébio e as cabeçadas certeiras de Torres.






«Quando aos 14 anos me fiz sócio, porque era essa a idade em que para o fazer já não necessitava da assinatura do meu pai, passei a frequentar o Estádio da Luz durante fins-de-semana inteiros», lembra, orgulhando-se de se ter tornado sócio «por livre iniciativa».






Vale e Azevedo entrou, pela primeira vez, na corrida eleitoral à presidência do Benfica em 1996, em que perdeu para Manuel Damásio, que foi reeleito, mas não cumpriu o mandato, o que obrigou a eleições antecipadas no clube da Luz no final de 1997. O causídico voltou a candidatar-se e desta vez teve como adversários Luís Tadeu e Abílio Rodrigues. Conseguiu então convencer a maioria dos sócios do Benfica, que o colocaram na presidência do Benfica, onde cumpriu um mandato, sendo substituído, no final de 2000, por Manuel Vilarinho, nas eleições mais concorridas de sempre do clube.






Apesar de sempre o apoiarem, nenhum dos seus irmãos é benfiquista: um é sportinguista, outro do Belenenses e a irmã não tem clube. A mãe nunca manifestou agrado que o filho se candidatasse à presidência do Benfica, receando que a sua vida fosse «afectada» e ficasse com a «imagem desgastada».






Entre os colegas da Faculdade de Lisboa realce para Nuno Rogeiro, Jorge Bleck, António Pinto Leite, António Vitorino, Santana Lopes, Durão Barroso e José Lamego.






Vale e Azevedo ganhou fama por ter sido um dos primeiros advogados portugueses a especializar-se na criação de «off-shores», sociedades cuja constituição traz vantagens fiscais.






ESCRITÓRIO POLÉMICO






«O meu escritório deve ser o maior de Lisboa», afirmava em 1997 em círculos privados, afirmando que o seu escritório facturava dois milhões de contos por ano. Em público, porém, não confirmava o volume de negócios do seu escritório facturava, mas, para dar uma ideia da verdadeira dimensão da «Vale e Azevedo e Associados», afirmava ter, em 1997, mil clientes e 22 advogados a trabalhar no luxuoso escritório da Avenida da Liberdade. Tudo números que os seus detractores afirmam ser um exagero e não corresponderem, por isso, à realidade.






O seu primeiro escritório, na Avenida Praia da Vitória, em Lisboa, foi montado em conjunto com três outros sócios, entre os quais o advogado Luís Nandim de Carvalho, antigo Grão-Mestre da Maçonaria Regular. Ao fim de três anos estava sozinho.






Em 1981, Francisco Pinto Balsemão, primeiro-ministro social- democrata do VIII Governo Constitucional, convidou para seu assessor jurídico o homem que mais tarde, como presidente do Benfica, rompeu um contrato televisivo - via RTP - de dois milhões de contos com a Olivedesportos, de Joaquim Oliveira, afrontando a Liga de Clubes, nomeadamente Valentim Loureiro, presidente do organismo e Pinto da Costa, presidente do FC Porto.






Depois, o «patrão» da SIC, Pinto Balsemão, voltou a ser preciso para Vale e Azevedo, que nele se sustentou - com um contrato paralelo de televisão - para a «cruzada» contra aqueles homens tão poderosos do futebol português.






Pelo caminho, Vale e Azevedo foi coleccionando outros inimigos de peso e processos judiciais hostis: Proença de Carvalho, José Miguel Júdice e Leonor Beleza, estes por causa de um imbróglio à volta da venda da Quinta da Riba Fria (Sintra), onde Cavaco Silva, enquanto líder do PSD, gostava de fazer os seus «Estados Gerais».






FAMÍLIA ARISTOCRÁTICA






Casado com Filipa Martim Cabral, de 43 anos, pai de dois filhos (Francisco de 15 anos e João de 18 anos), nos seus tempos livres, Vale e Azevedo gosta de jogar futebol e ténis, assim como andar de barco e de mota.






Tem passado muitas das suas férias em São Martinho do Porto, vila que frequenta desde os tempos de criança, mas a sua família, com ligações aristocráticas, é originária de Torres Novas.






A SEGUIR






Condenado no caso Ovchinikov ,Vale e Azevedo voltará brevemente a ser julgado no âmbito do caso da venda dos terrenos Sul do Benfica à Euroárea, operação que terá permitido ao advogado apropriar-se de cinco milhões de euros.
 
Autor deste escrito é desconhecido para mim




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