quarta-feira, agosto 27, 2014

Maria Luís Albuquerque: um “retrato” não muito edificante - Publicado em Agosto 16, 2014 por estrelaserrano@gmail.com

Trata-se de um trabalho que vale a pena ler, não só pelo rigor que a jornalista coloca no “retrato” que traça de Maria Luís, mas sobretudo porque ele nos permite conhecer melhor a pessoa que dirige as finanças do País.
Não obstante a generalidade das testemunhas citadas reconhecerem as qualidades técnicas, a capacidade de organização e de trabalho, e a firmeza de Maria Luís Albuquerque, atribuem-lhe também características que a revelam como uma pessoa oportunista, desleal e capaz de não olhar a meios para atingir os fins.
A proximidade com Passos Coelho é o traço mais marcante e comum aos testemunhos recolhidos pela jornalista, paralelamente à convicção de que Passos Coelho lhe deve o acesso a informação que ela lhe fornecia enquanto técnica do IGCP, durante o governo de José Sócrates.
Ao ler os relatos que são feitos do seu comportamento enquanto técnica do IGCP, em funções que lhe davam acesso a informação privilegiada sobre a economia e as finanças do País, chegando a integrar comitivas restritas do então primeiro-ministro (por exemplo, na deslocação à Líbia)   e a participar em reuniões confidenciais de que depois havia fugas, vem infalivelmente à memória o seu comportamento na Assembleia da República no casoswaps e a facilidade com que mentiu aos deputados e manteve essas mentiras mesmo quando desmentida por documentos que provaram o seu conhecimento da situação. “Ela espalhou-se na argumentação sobre os swaps…bastava ter dito que a informação era insuficiente mas preferiu dizer que era nenhuma, foi uma opção política, uma encomenda, afirmou ao Expresso “uma pessoa envolvida no caso”
Nos depoimentos relatados ao Expresso conta-se que ela “passava informação” a Passos Coelho _ “ela passou informação decisiva sobre a real situação das contas públicas (…) havia informação sobre falta de dinheiro e falhanços nas emissões de dívida que  Passos sabia primeiro que Sócrates ou Teixeira dos Santos. Sem ela, nada disto teria sido assim“, diz uma testemunha. Segundo o Expresso,  “em alguns sectores do PSD” causava estranheza o comportamento de Maria Luís relativamente à passagem de informação, chegando a comentar ” Se ela faz isso com eles (PS) quem garante que não o fará connosco?”
Os elogios a Maria Luís, vindos de Bruxelas, e a comparação com Vítor Gaspar, são elucidativos: “a grande vantagem dela em relação ao antecessor é o facto de ser “mais precisa e técnica” e a facilidade que tem em colocar-se do lado do interlocutor, revelando inteligência social, diz ao Expresso “um dos seus interlocutores na UE”.
Não sei se a ministra das Finanças se revê neste seu “perfil”, no qual não quis colaborar. Talvez venha a desmentir alguns dos depoimentos publicados. Mas o retrato que resulta deste extenso e documentado trabalho se, por um lado, lhe reconhece qualidades importantes para as funções que desempenha – competência, trabalho, firmeza, capacidade de decisão e de comunicação – revela também traços de carácter que não abonam a seu favor.
Quem é afinal a ministra das Finanças? Seria importante que outros depoimentos pudessem confirmar ou infirmar tão problemático e pouco edificante “perfil”
http://vaievem.wordpress.com/2014/08/16/maria-luis-albuquerque-um-retrato-nao-muito-edificante/

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