Juiz Carlos Alexandre suspeita que está a ser vigiado por organização secreta

Fotografia © Arquivo DN
Carlos Alexandre revelou as suas suspeitas ao MP e mostrou-se convencido de estar em 'garde à vue'
Por duas vezes em poucos meses, o juiz Carlos Alexandre, que tem em mãos processos tão mediáticos quanto o de José Sócrates ou de Ricardo Salgado, antigo presidente do BES, foi chamado ao Tribunal da Relação de Lisboa, na sequência de duas denúncias anónimas. A primeira, acusava-o de sucessivas violações do segredo de justiça, e foi entretanto arquivada. Mas umasegunda missiva, enviada para a Procuradoria-Geral da República e para os serviços distritais de Lisboa, dizia que o juiz Carlos Alexandre estaria nas mãos de um jornalista da revista Sábado, já que o repórter teria descoberto informações comprometedoras sobre os seus bens pessoais, obrigando o magistrado a passar-lhe informação privilegiada sobre os seus processos sob pena de revelar detalhes da sua vida privada. Às acusações de alegada violação do segredo de justiça, somavam-se agora as suspeitas de corrupção e tráfico de influências, pelo que Carlos Alexandre voltou a ser chamado para prestar depoimento enquanto testemunha, tendo optado por, escreve hoje o jornal i, revelar tudo quanto tem, quanto ganha e quanto gasta.
Segundo o i, o juiz contou à Relação de Lisboa, durante quatro horas e meia, quais são as suas fontes de rendimentos, que bens tem em seu nome e quantos empréstimos contraiu para os comprar. Para que não restassem suspeitas sobre a sua relação com a Cofina e com o Grupo Espírito Santo, Carlos Alexandre detalhou de onde vêm os cerca de dez mil euros mensais que aufere o agregado familiar: oito mil euros pelas funções que acumula enquanto juiz, dois mil do salário da mulher, chefe de uma repartição de finanças, e mais dois mil euros provenientes de "arrendamentos de imóveis e da reforma da sogra, que mora consigo, com a mulher e com os seus dois filhos numa vivenda em Linda-a-Velha", escreve o jornal.
O juiz revelou até que subscreveu, juntamente com a mulher, umdocumento em que proíbe a Caixa Geral de Depósitos - instituição em que o casal tem conta - de aceitar qualquer depósito bancário que não venha dos Ministérios da Justiça ou das Finanças, entidades para as quais trabalham, ou de reembolsos de comparticipações de entidades seguradoras ou da ADSE.
Questionado pela procuradora Emília Martins sobre quem poderiam ser os autores da denúncia anónima em que é visado,Carlos Alexandre revelou as suas suspeitas e mostrou-se convencido de estar em 'garde à vue' - termo usado em francês para prisão preventiva, mas que também se aplica para situações de vigilância. Ou seja, estará a ser vigiado por uma "organização secreta", disse. Isto porque, escreve o Público, alguns detalhes mencionados nas denúncias anónimas - referindo até as identidades de algumas pessoas de Mação, de onde o juiz é natural, e com quem costuma confraternizar - não poderiam ter sido obtidos pela simples leitura de jornais ou consulta de fontes de informação disponíveis para qualquer cidadão. Na segunda carta anónima, consta mesmo o número do processo atribuído à primeira denúncia, uma informação que não seria fácil de obter.
É engraçado - pensar que era o Juiz em questão, que manipulava as escutas e outras coisas mais - francamente, pensamentos malignos a que não tenho esse direito

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