O Pintalho Branco
Troika:Costa "reescreveu" história. Catroga "falsificou-a"
Eduardo Catroga acusa o líder do PS de manipular dados sobre a vinda da troika. Pedro Silva Pereira insiste que PSD foi o "responsável".
Numa carta aberta ao líder do PS, Eduardo Catroga acusa António Costa de "reescrever" a história sobre a ajuda da troika a Portugal. Isto três dias depois do frente-a-frente televisivo em que o secretário-geral socialista imputou a responsabilidade a Pedro Passos Coelho pelo vinda da Comissão Europeia, BCE e FMI.
Na missiva, a que o DN teve acesso, o interlocutor escolhido por Passos Coelho para representar o partido nas conversações com os representantes afirma que "tem de haver limites para a manipulação do passado". Catroga relembra que foi o então primeiro-ministro José Sócrates e o ex-ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, a convocar a troika. "O pedido de ajuda externa foi tornado necessário pela situação de pré-falência a que o país tinha chegado no início da Primavera de 2011".
Em resposta, também por carta a que o DN acesso, o então ministro da Presidência do governo de José Sócrates devolve a acusação a Catroga, que diz "falsear" a mesma história. Pedro Silva Pereira afirma: "A verdadeira questão política está em saber quem é que, no auge da crise das dívidas soberanas, tornou a vinda da "troika" inevitável por ter rejeitado no Parlamento o programa alternativo apoiado pelos nossos parceiros europeus, pela Comissão Europeia e pelo BCE", escreve o ex-governante. Refere-se ao chumbo do PEC IV e à consequente crise política, a 23 de março, que levou à queda do governo de José Sócrates.
É nesse sentido, diz, que o PSD é diretamente responsável pela "vinda troika", que aliás desejou na sua ânsia de chegar ao poder e de implementar o seu programa neoliberal. Isso mesmo reconheceu o dr. Passos Coelho: "a troika veio a nosso pedido"[(JN, 30-4-2011)!], refere ainda.
Por seu lado, Eduardo Catroga argumenta que foram as três instituições que a compunham que decidiram iniciar uma ronda de conversas com os partidos políticos de representação parlamentar, assim como com os parceiros sociais e outras entidades da sociedade civil. O economista e antigo ministro das Finanças, afirma que o "PSD foi sistematicamente ignorado" pelo governo de então, e só encontrou "silêncio e opacidade" em torno das negociações com a troika. Daí as quatro cartas que diz ter escrito, nessa altura, ao ministro Pedro Silva Pereira e que foram públicas.
Contra a relativização do papel do PSD nas negociações, Pedro Silva Pereira relembra as "abundantes declarações públicas" de Eduardo Catroga em que se "gaba do contrário". Recorda que o PSD enviou 5 cartas (e não 4 como refere Catroga) ao governo com conhecimento à troika, que são "provas escritas e irrefutáveis da participação ativa do PSD no processo negocial".
Afirma ainda que é "igualmente falso" que, como ministro da Presidência, tenha ignorado o PSD ao longo deste processo. Diz que respondeu a duas missivas, a 26 e 29 de abril, com "abundante informação anexa", e que foi Catroga, em nome do PSD, que se recusou a a reunir consigo.
Catroga diz querer ainda desfazer um "mito" construído por António Costa: o de que o atual governo foi além da troika. "Se as metas orçamentais acabaram por ser flexibilizadas em todos os anos do programa, e para valores menos restritivos do que aqueles acordados pelo governo socialista no memorando original, isso significa que o "ir além da troika" nunca disse respeito à política orçamental. O "ir além da troika", garante, disse apenas respeito às políticas sociais, ao programa de reformas estruturais, ao mercado de arrendamento ou aos incentivos fiscais.
Silva Pereira insurge-se contra estas declarações Governo PSD/CDS optou por aplicar, com consequência desastrosas, o dobro da austeridade que estava prevista no Memorando inicial".
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