sábado, dezembro 05, 2015

Costa responde às críticas sobre falta de legitimidade e faz uma pergunta à direita




Sem surpresa, a legitimidade política de um Governo formado pela segunda força política mais votada esteve no centro do debate do Programa do Governo, esta quarta-feira no Parlamento. A direita não quer deixar cair a discussão e António Costa tem resposta pronta: "Tiveram quase menos um milhão de votos do que as outras bancadas".
De cada vez que PSD e CDS acusam Costa de ter subvertido as regras do jogo ao formar Governo sem ter tido mais votos nas legislativas, a esquerda une-se para lembrar que a nova configuração do Parlamento sustenta este Governo.
"Quem tem mais votos, tem mais mandatos. Quem tem menos votos, tem menos mandatos", não se cansou de repetir Costa, numa argumentação secundada por Catarina Martins do BE e Heloísa Apolónia do PEV.
"Eles sabem que o Governo tem legitimidade política, como é evidente ", afirmou Heloísa Apolónia, que acha que o que está em causa na contestação de PSD e CDS é o "pavor" destes dois partidos "a que haja uma política diferente".
Costa diz que foi a direita quem ficou com a "cassete do PCP"
Enquanto Jerónimo de Sousa falava numa "janela de esperança" aberta pelo Governo PS com o apoio parlamentar de toda a esquerda, Costa aproveitava o bom ambiente com o PCP para atacar o CDS, depois de Nuno Magalhães ter voltado a pôr em causa a legitimidade da solução governativa.
"É verdade que fui eu que negociei com o PCP, mas pelos vistos foram os senhores que ficaram com a cassete", ironizou o primeiro-ministro, que perguntou há quanto tempo o CDS "não vai a votos" e chamou a Paulo Portas o "presidente do partido minoritário da coligação minoritária ".
Costa aproveitou também para atacar a iniciativa do PSD que apresentará amanhã uma moção de rejeição ao Programa do Governo, sem ter uma alternativa governativa.
Sabendo que o a moção será chumbada com os votos de PS, BE, PCP e PEV, Costa sabe que na prática a iniciativa do PSD funcionará como a moção de confiança de que diz não precisar. "Só pede confiança quem não a tem". Mas é duro na crítica do que diz ser uma atitude "não responsável ".
Portas diz que alternativa é ter Costa "em gestão "
"Qual é a alternativa que apresentam ao país?", questionou, de olhos postos nas bancadas da direita, depois de recordar que , quando apresentou uma moção de rejeição ao Programa de Passos Coelho, sabia que tinha apoio parlamentar para avançar com um Governo de esquerda.
"Derrubar o Governo sem ter alternativa é não estar à altura das responsabilidades que temos para com o país", defendeu o primeiro-ministro.
A resposta veio, em tom de aparte, de Portas: "O senhor ficar em gestão", lançou da bancada o líder do CDS, sabendo que essa seria a garantia de ter eleições rapidamente, como a direita deseja e como, de resto, se ouviu várias vezes ao longo da tarde nas bancadas do PSD e do CDS.
Costa sublinha "boa-fé e confiança mútua " à esquerda 
António Costa quis mesmo deixar claro que a maioria que suporta o seu Governo é sólida. "A pluralidade e as nossas diferenças não são uma fonte de fraqueza, pelo contrário ", frisou, que saudou a capacidade dos partidos de esquerda de "estar à altura das suas responsabilidades ".
Em relação à solidez dos acordos, Costa admite que "o caminho não será certamente fácil ", mas diz ser mais importante ter "decidido iniciar esta caminhada de boa-fé e com confiança mútua".

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