sexta-feira, janeiro 15, 2016

Lembro muito bem

A história dos 21 dias do “menor de dois 

RUI OCHÔA

Há precisamente 30 anos foi necessária uma segunda volta para eleger o mais alto representante do Estado. Era tudo novo e ninguém sabia o que de lá vinha. Até hoje, foi a única vez que aconteceu. O vencedor improvável acabou por provar que as probabilidades não passam de hipóteses. Mas se Mário Soares bateu Freitas do Amaral, deve-o, em grande parte, ao PCP. Os comunistas, que não nutriam simpatia por nenhum dos candidatos, optaram por votar no “menor de dois males”. “Se for preciso tapem a cara [de Soares no boletim de voto] com uma mão e votem com a outra”, pediu Álvaro Cunhal. Três décadas passadas, José Ribeiro e Castro, que foi diretor de campanha de Freitas, explica porque se arrepende de ter concordado com o debate televisivo entre o seu candidato e Soares

Corriam os primeiros dias de 1986 quando, à semelhança do que acontece este ano, os portugueses se preparavam para ir às urnas e escolher o novo Presidente da República. A 26 de janeiro votou-se. Pela única vez na história de Portugal, foi preciso uma segunda volta para decidir quem seria o chefe do Estado. A 16 de fevereiro votou-se uma vez mais. No final, saiu vencedor Mário Soares. Mas o que aconteceu naqueles 21 dias entre o primeiro e o segundo sufrágio? Como se pedalou naquele “sprint final”?
A 26 de janeiro, a noite eleitoral começou com quatro candidatos na corrida ao Palácio de Belém: Francisco Salgado Zenha (apoiado pelo PRD, mas também pelo PCP, após a desistência de Ângelo Veloso), Maria de Lourdes Pintasilgo (católica e independente), Diogo Freitas do Amaral (o único candidato à direita, com o apoio de PSD e CDS) e Mário Soares (acabado de sair do Governo e apoiado pelo PS).
A noite eleitoral acabou sem Presidente. Mas ficavam apenas dois nomes na corrida: Soares e Freitas do Amaral. “Haver uma segunda volta não foi de todo uma surpresa porque jamais as sondagens, que me lembre, deram a vitória à primeira volta”, recorda o centrista José Ribeiro e Castro, diretor de campanha do candidato da direita.
Freitas terminou a primeira volta com clara vantagem, com 46,3% - cerca de 20 pontos distanciavam-no de Soares, que conquistou 25,4% -, ficando apenas a quatro pontos da maioria absoluta. Recolheu 2.629.597 votos, enquanto o candidato apoiado pelo PS obteve 1.443.683 votos. Já Zenha conseguiu alcançar 20,8%, enquanto Pintasilgo não foi além dos 7,4%.
Na sede de campanha do Movimento de Apoio Soares à Presidência (MASP), num prédio que faz esquina entre o Saldanha e a Avenida da República, em Lisboa, o ambiente “era de grande contentamento”.
Freitas do Amaral saiu da primeira volta com clara vantagem sobre Mário Soares
Freitas do Amaral saiu da primeira volta com clara vantagem sobre Mário Soares
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Os números aumentavam a convicção na vitória. “Em primeiro lugar, faltava saber se haveria segunda volta e depois quem era o candidato que iria disputá-la. Como foi Mário Soares, obviamente que essa noite foi de grande alegria”, descreve José Manuel dos Santos, assessor do histórico socialista durante os mandatos como primeiro-ministro e na presidência. Era tudo novo, ninguém sabia o que de lá vinha. Havia apenas uma certeza: os portugueses tinham que regressar às urnas.

ENCONTROS SECRETOS: É POSSÍVEL UNIR A ESQUERDA?

Ainda na noite de 26 de janeiro, todos os envolvidos percebiam que o fator decisivo seria a união da esquerda. Ou os eleitores de Zenha e Pintasilgo canalizavam os votos para Mário Soares ou Freitas do Amaral seria certamente o novo Presidente da República.
“Tínhamos imediatamente compreendido que o único candidato da direita não fora capaz de ganhar à primeira volta, portanto era preciso unir todos aqueles que não votaram nele”, diz José Manuel dos Santos.
Soares era para a direita o “adversário mais perigoso”, pela simples razão de que ele seria o que tinha mais facilidade em atrair o voto do centro-esquerda e do eleitorado comunista. Ribeiro e Castro admite, no entanto, que do ponto de vista político a passagem do histórico socialista também representava um alívio, pois significava o fim do caminho para Zenha e Pintasilgo, candidatos que poderiam “albergar correntes mais radicais”.
No dia seguinte à primeira volta, a comissão política do Partido Comunista Português tinha reunião marcada. Quando, pelas 9h, chegaram à sede na Rua Soeiro Pereira Gomes já alguém os aguardava. “Um representante da candidatura de Mário Soares disse-nos que estava preparada uma suite no Hotel Altis, em Lisboa, e que uma delegação da candidatura esperava por nós ainda naquela manhã”, relembra Carlos Brito, que em conjunto com Octávio Pato representou os comunistas.
Deixaram o carro na garagem e entraram por uma porta lateral do hotel. Chegados à suite, encontraram Jorge Sampaio, um socialista que mantinha boas relações com o PCP, e o comandante Gomes Mota, o diretor de campanha do MASP.
Não houve qualquer negociação de condições, garantem os intervenientes. Ambas as partes tinham um objetivo comum: não deixar Freitas do Amaral levar a melhor. Foram cerca de duas horas “de uma boa troca de impressões”, em que os representantes de Soares “manifestaram o desejo de que o PCP apelasse ao voto” no seu candidato.
“Como da nossa parte as coisas já estavam tão orientadas, deixámo-los ir esperançados de que o apelo seria correspondido. Saíram com essa convicção”, conta Carlos Brito. “Sempre fomos dizendo que os conteúdos dos discursos de Mário Soares na campanha seriam de máxima importância para alcançar a mobilização desejada.”
Se a esquerda não se unisse, Freitas seria certamente o novo Presidente
Se a esquerda não se unisse, Freitas seria certamente o novo Presidente
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José Manuel dos Santos acrescenta que a garantia dada aos comunistas foi apenas que o Presidente Soares “cumpriria a Constituição, zelaria pelo cumprimento da democracia pluralista e pluripartidária e que todos os partidos seriam respeitados”.
Posteriormente, aconteceu pelo menos mais um encontro. Desta vez só entre Sampaio e Brito, que serviu para confirmar as intenções de o PCP avançar com o apelo ao voto em Soares.
Tudo parecia acertado. Havia ainda um problema a resolver do lado do Partido Comunista Português: emendar uma resolução de um anterior congresso que excluía completamente o apoio a uma eventual candidatura de Mário Soares à Presidência da República (aprovada a 18 de dezembro de 1983, no mesmo dia em que Cunhal foi reeleito secretário-geral do partido).
Em poucos dias, o PCP organizou o XI Congresso extraordinário. 2 de fevereiro era o dia.

O DIA EM QUE SOARES “PASSOU A SER NOSSO AMIGO”

“Se for preciso tapem a cara [de Soares no boletim de voto] com uma mão e votem com a outra”, pediu Álvaro Cunhal, na altura líder do Partido Comunista Português, falando aos congressistas. “Vamos ter de engolir um sapo.”
Esse sapo tinha nome e era “o menor de dois males”. “Soares era um mal bastante menor que Freitas”, brinca Carlos Brito.
Naquele 2 de fevereiro, os comunistas reuniram-se na Amadora. Todos já sabiam por que motivo ali estavam e o que teriam de fazer. “As pessoas estavam bem dispostas. Não era muito complicado, já iam preparadas para votar daquela forma”, afirma Carlos Brito, que sempre considerou “muito exagerada e definitiva” a posição do partido em relação a Soares.
“Não foram as ideias durante a campanha eleitoral que motivaram a posição do PCP.” Bem próximos estavam os seus mandatos como primeiro-ministro - muito marcados pela austeridade e pela chegada do FMI - e também a sua posição durante o Processo Revolucionário em Curso (PREC), em 1975, quando foi uma das vozes mais críticas do PCP.
Sem outra solução, a emenda à resolução foi aprovada no congresso do PCP com dois votos contra. Quebrou-se assim a tradição, após o 25 de abril, da tomada de decisões por unanimidade. “Foi visto com naturalidade. Essa reviravolta não deixou de ter consequências para o PCP. A direção era, até então, vista por uma grande parte dos militantes como absolutamente certeira nas suas decisões e isto deixou dúvidas em vários setores do partido”, diz Brito.
Na campanha da segunda volta, Mário Soares encontrou manifestações de apoio no Alentejo, um forte bastião comunista
Na campanha da segunda volta, Mário Soares encontrou manifestações de apoio no Alentejo, um forte bastião comunista
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“Obviamente que Álvaro Cunhal percebeu que não poderia fazer outra coisa. E isso acentuou aquela famosa descrição de Mário Soares, segundo a qual o líder comunista era um homem de grande rigidez estratégica, mas de uma grande flexibilidade tática. Ao fazer isto, Álvaro Cunhal confirmou a sua flexibilidade tática”, considera José Manuel dos Santos.
Não é naturalmente possível confirmar se os eleitores do PCP taparam mesmo a imagem de Mário Soares. Mas que colocaram a cruzinha, não há dúvidas. O apelo resultou em massa dentro do eleitorado comunista. “Pequenos sinais” foram comprovando que estaria a funcionar.
José Manuel dos Santos lembra um episódio em particular no Alentejo - um forte bastião comunista - por onde Mário Soares passou nas campanhas da primeira e segunda volta. “Estava lá um indivíduo que comandara uma manifestação contra Soares e que lhe chamara nomes. Da segunda vez, quando regressámos ao mesmo sítio, esse tipo estava a comandar uma manifestação de apoio. Mário Soares disse-lhe: ‘Então andava a gritar coisas contra mim e agora grita a meu favor?’. Ao que o homem respondeu: ‘É que o senhor agora já é nosso amigo’”.

POUCAS MUDANÇAS À DIREITA, UM “DISCURSO MAIS RADICAL” À ESQUERDA

Mário Soares tinha de chegar ao eleitorado comunista, até porque, após o apelo do PCP, haveria especial atenção às palavras do candidato. O discurso “esquerdizou-se”, tal como Carlos Brito e Octávio Pato tinham pedido nos encontros secretos. O próprio cartaz e o slogan do MASP mudaram para “O voto do povo”.
A campanha da segunda volta bipolarizou-se. Havia uma clara demarcação entre a direita e a esquerda. “A campanha de Freitas do Amaral ainda tentou levantar a suspeita do chamado entendimento com os comunistas”, sublinha José Manuel dos Santos.
À direita pouco mudou. “Procurou-se intensificar as mesmas linhas desenvolvidas na primeira volta”, assegura José Ribeiro e Castro, que não tem dúvidas que “umas das chaves do sucesso” de Soares foi a “radicalização do seu discurso”.
Ao contrário de Carlos Brito e José Manuel dos Santos, Ribeiro e Castro acusa a candidatura de Mário Soares de “desenterrar coisas fantasmagóricas”, chegando mesmo, em algumas ocasiões, a atingir a “difamação”. “Não houve fantasmas da esquerda e do antifascismo que não tivessem sido desenterrados. E isso fez parte dos discursos e dos tempos de antena de Mário Soares na última reta da campanha”, defende.
Sem dúvida, o confronto político entre ambos os candidatos foi duro. Prova disso foi o único debate da segunda volta. “Não houve nunca nenhum ataque pessoal. As relações pessoais entre os dois mantiveram-se boas e depois até se estreitaram”, diz o antigo assessor de Soares.

O “ERRO” DA DERROTA POR UMA UNHA NEGRA

Foi numa terça-feira à noite, a 4 de fevereiro. Os dias anteriores dividiram-se sobretudo entre o descanso, os montes de papéis e os recortes de jornais para estudar as reações do adversário. Mário Soares e Freitas do Amaral já se tinham defrontado uma vez aquando da primeira volta, a 9 de janeiro.
O relógio marcava as 21h15 quando ambos os candidatos se sentaram frente a frente para, uma vez mais, debaterem ideias e programas. Os jornalistas Miguel Sousa Tavares e Margarida Marante moderaram. Nos estúdios da RTP, ainda no Lumiar, em Lisboa, “o clima era tenso, bicas a rodos, cinzeiros improvisados a abarrotar por todos os cantos e o ar quente irrespirável”, descreve o Expresso de 8 de fevereiro de 1986.
Foram 90 minutos de intenso confronto político, transmitido em direto na RTP
Foram 90 minutos de intenso confronto político, transmitido em direto na RTP
RUI OCHÔA
Pouca imprevisibilidade e muito enfado. Foi assim que o encontro foi caracterizado, com o discurso de Freitas do Amaral a implicar “a desvalorização ideológica da eleição e em particular de qualquer esquema de bipolarização, mormente entre a direita e a esquerda”. Já Soares apostou na “obsessiva reivindicação do passado, daquilo que fez e de tudo o que ganhou”, deixando a “insinuação de que, no fundo, a Presidência da República é um reconhecimento que a nação lhe deve”. Em suma, Freitas dirigiu-se diretamente ao seu eleitorado tipicamente mais conservador, falando em “estabilidade”, enquanto Soares se afirmava como o candidato “antiFreitas”.
“Fui um dos que acharam que o debate deveria acontecer, por uma questão de normalidade democrática. Acho que foi um erro e hoje revejo-me nos argumentos daqueles que eram contra. Freitas do Amaral saía da primeira volta com 46/47% dos votos e Mário Soares estava nos 20 e picos. O debate foi muito discutido e correu bem. Não diria que Freitas perdeu o debate, acho é que perdeu a vantagem. E isso perdeu-se mesmo antes de abrir a boca. O erro técnico foi esse: dar a paridade quando havia uma vantagem”, explica José Ribeiro e Castro. Se fosse hoje, a sua posição seria diferente.
Aquela que “foi uma decisão muito debatida na direção da campanha” tratou-se de um “erro técnico” que poderá “ter sido a unha negra” que ditou a derrota de Freitas. José Manuel dos Santos, que acompanhou o MASP desde o primeiro dia, não tem dúvidas: o encontro “beneficiou muitíssimo Mário Soares”. Aquela foi a oportunidade de “atacar” olhos nos olhos o seu adversário. A não realização implicaria o desperdício de “uma arma”.
Ao fim dos 90 minutos de discussão, o direto terminou. Soares levantou-se e despediu-se do adversário: “Então 'bonne chance', senhor doutor”. Freitas limitou-se a sorrir, sem dar resposta.

“FESTEJAMOS A DERROTA DE FREITAS DO AMARAL, NÃO A VITÓRIA DE SOARES”

Chegava o dia do duelo final. A 16 de fevereiro de 1986 haveria um vencedor e um novo Presidente da República. Nesse dia houve mais portugueses a votar, diminuindo em mais de dois pontos percentuais a abstenção (na primeira volta 24,6% dos eleitores inscritos não exerceram o seu direito, enquanto na segunda volta foram 22%).
“O Presidente de todos os portugueses” celebra a vitória
“O Presidente de todos os portugueses” celebra a vitória
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Por volta das 20h, já depois do encerramento das urnas, os primeiros números apontavam para a vitória tangencial de Freitas. Creditavam-lhe 49,5% a 51,5% dos votos, enquanto Soares surgia com 49% a 50,5%. Duas horas depois, a história começou a escrever-se de outra maneira. “Quando surgiram os primeiros resultados, subíamos mas não o suficiente. A ideia que tenho é que cerca das 22h já sabíamos que tínhamos perdido”, recorda José Ribeiro e Castro.
Só depois da meia-noite é que o apuramento ficou concluído: Soares, com 51,18% (que correspondia a 3.010.756 votos) e Freitas com 48,8 % (o que significava uma fatia de 2.872.064).
“Foi um desapontamento grande para todos nós. Freitas do Amaral teve uma proeza fantástica, que nem sabemos explicar, e aumentou o seu eleitorado, quer em número de votos quer em percentagem. Conseguiu ir buscar mais gente. O efeito de entusiasmo ainda foi possível”, diz José Ribeiro e Castro.
O PCP reuniu-se uma vez mais na sede do partido. Quando chegaram os resultados, as felicitações e a alegria foram pela derrota. “Celebrámos com gosto a derrota de Freitas do Amaral, não a vitória de Mário Soares. O sabor era doce porque era derrotado o candidato que nos dava grandes preocupações”, conta Carlos Brito.
Soares tornou-se assim o “Presidente de todos os portugueses” - como o próprio referiu no discurso da vitória. Começou a corrida com apenas 8% das intenções de voto, um número avançado por uma sondagem do Expresso. Correu e pedalou ao máximo: primeiro deixou de fora Pintasilgo e Salgado Zenha e por último bateu aquele que era apontado como favorito, Freitas do Amaral.
A 10 de março de 1986 tomou posse como 17.º Presidente da República portuguesa. Em 1991 foi reeleito logo à primeira volta.

2016: UMA CAMPANHA “SEM PAIXÃO E DRAMATISMO”

Tudo aconteceu há precisamente 30 anos. E basta um olhar para o panorama atual para encontrar algumas semelhanças. Talvez até uma sensação de déjà-vu. Em 1986, Portugal estava ainda no rescaldo das legislativas de 1985 (que aconteceram a 6 de outubro e que resultaram na nomeação de Cavaco Silva como primeiro-ministro). Deixava o Governo Mário Soares, após um mandato marcado pela intervenção do Fundo Monetário Internacional e pela austeridade.
Em 1986, as ações de campanha moviam multidões. Eram “vivas, energéticas e com grande paixão”
Em 1986, as ações de campanha moviam multidões. Eram “vivas, energéticas e com grande paixão”
RUI OCHÔA
A própria lista de candidatos não é muito diferente da atual relativamente ao posicionamento político: quase todos a alinhar pela esquerda e muito poucos à direita. Até as próprias datas são muito próximas: 26 de Janeiro em 1986, 24 de janeiro em 2016.
Sinais como estes podem ser considerados por alguns como uma espécie de projeção. Mas diz quem participou na campanha de 1986 que a corrida atual em nada se compara.
“Infelizmente, há um grande desencanto atualmente, é uma campanha sem grande peso no debate político. Praticamente ninguém fala nela, não há ações de rua e parece que é apenas uma eleição para uma superestrutura. Ao passo que em 1986 não foi só uma eleição popular - mesmo os candidatos que depois acabaram eliminados na primeira volta fizeram ações de rua com significado proporcional àquilo que representavam. Os dois candidatos principais, e que passaram à segunda volta, deram tudo por tudo. Isso hoje não acontece”, lamenta o diretor de campanha de Freitas do Amaral.
Os próprios candidatos não movem as multidões que os de 1986 outrora moveram. As ruas não se enchem para ver Marcelo ou Nóvoa passarem. O trânsito não para com a presença de Maria de Belém ou Marisa Matias. Em 2016 não há a energia de outrora. “No caso de Mário Soares, era um apoio entusiástico que se via nas ruas, e no lado de Freitas do Amaral havia uma expressão muito ativa e participada. Mesmo Salgado Zenha teve grandes ações, bem como a campanha de Maria de Lourdes Pintasilgo era muito mexida. Todas eram muito mais ativas do que estas a que assistimos agora”, diz Carlos Brito.
José Manuel dos Santos conclui: “Atualmente, quem corresponde a Zenha? A Pintasilgo? A Soares? Não há ninguém. Quando muito, o candidato da direita de 1986 pode corresponder ao candidato da direita atual. Mas na esquerda não correspondem”.

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