Xi Jinping, presidente da China
| Mark Schiefelbein / Reuters
Medidas decretadas por Pequim são aplicadas a partir de março e abrangem empresas com capital não chinês
É um retrocesso no processo de lenta, mais progressiva abertura da China ao exterior. O ministério da Indústria e das Tecnologias da Informação promulgou uma série de medidas que têm por objetivo impedir que companhias estrangeiras possam fazer publicações online na China.
Estas novas regras, que entram em vigor a 10 de março, abrangem todas as empresas com capital não-chinês, incluindo aquelas que resultam de uma parceria com empresas locais.
As medidas de caráter protecionista promulgadas pelo governo liderado por Xi Jinping, estabelecem que apenas empresas 100% chinesas possam publicar conteúdos online, e só depois de aprovação das autoridades e aquisição de uma licença especial para o efeito.
As empresas não deverão publicar qualquer tipo de conteúdo ("textos, imagens, mapas, jogos, animações, áudios e vídeos") que seja "prejudicial para a segurança nacional, integridade territorial ou vá contra tradições e costumes étnicos", que revele "segredos de estado", "espalhe rumores que perturbem a ordem social ou ponham em causa a estabilidade" do país.
As novas regras estão a ser encaradas com apreensão por parte de empresas como a Associated Press, Reuters, Dow Jones, Bloomberg, Financial Times, e o The New York Times que, nos últimos anos, têm feito investimentos avultados não só na criação de filiais na China como também na produção de conteúdos para o público local.
Muitas das empresas têm visto, nos últimos tempos, os seus sites bloqueados. As novas medidas - cujo controlo se adivinha uma tarefa quase impossível de levar a cabo - frustram, a curto prazo, a vontade de empresas de social media como o Facebook de conseguir penetrar num mercado com, aproximadamente, 700 milhões de utilizadores de internet.
O protecionismo, que surge enquadrado numa política mais abrangente da China em cortar progressivamente a influência (financeira, cultural e social) de países estrangeiros, acaba por beneficiar, pelo menos no imediato, a Weibo, conhecida como o Twitter chinês que, em 2015, registava uns impressionantes 222 milhões de utilizadores ativos (o Facebook tem 1,55 mil milhões).
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