O empresário José Veiga, Paulo Santana Lopes, irmão do provedor da Santa Casa da Misericórdia, e uma advogada foram detidos pela PJ. De acordo com uma fonte judicial, são suspeitos de lavagem de dinheiro de dirigentes políticos congolenses. A advogada detida, cujo nome não foi divulgado, seria a representante legal de um destes suspeitos
A Polícia Judiciária deteve o empresário José Veiga, Paulo Santana Lopes e uma advogada por corrupção no comércio internacional, branqueamento de capitais, tráfico de influências, participação económica em negócio e fraude fiscal. Notícia foi avançada pelo “Correio da Manhã” e já foi confirmada pelo Expresso.
De acordo com uma fonte judicial, José Veiga e Paulo Santana Lopes são suspeitos de lavagem de dinheiro de dirigentes políticos congolenses. A advogada detida, cujo nome não foi divulgado, seria a representante legal de um destes suspeitos.
Em comunicado, a Polícia Judiciária, através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, informa que no âmbito de uma investigação que se iniciou no final do ano de 2014, deteve os três suspeitos pela prática dos crimes de corrupção no comércio internacional, branqueamento de capitais, tráfico de influências, participação económica em negócio e fraude fiscal
No decurso da operação, que ocorreu nas zonas de Lisboa, Braga e Fátima, foram realizadas trinta e cinco buscas, tendo estado envolvidos cerca de cento e vinte elementos da PJ e dez magistrados, acrescenta o comunicado.
Os detidos atuavam no âmbito da celebração de contratos de fornecimentos de bens e serviços, relacionados com obras públicas, construção civil e venda de produtos petrolíferos, entre diversas entidades privadas e estatais. Os proventos gerados com esta atividade eram utilizados na aquisição de imóveis, veículos de gama alta, sociedades não residentes e outros negócios, utilizando para o efeito pessoas com conhecimentos especiais e colocadas em lugares privilegiados, ocultando a origem do dinheiro e integrando-o na atividade económica licita.
Foram apreendidos vários imóveis, veículos automóveis de gama alta e saldos bancários.
Também a Procuradoria-Geral da República (PGR) emitiu um comunicado, acrescentando que em causa estão suspeitas da prática dos crimes de corrupção no comércio internacional, de branqueamento e de fraude fiscal.
Estão, também, indiciadas suspeitas da prática dos crimes de tráfico de influência e de participação económica em negócio na compra e venda de ações de uma instituição financeira estrangeira, ações, essas, detidas por instituição de crédito nacional.
Investiga-se, igualmente, a origem de fundos movimentados noutros negócios em são intervenientes os suspeitos, nomeadamente, a celebração de contratos de fornecimento de bens e serviços, obras públicas e venda de produtos petrolíferos.
"A investigação tem dimensão internacional, apresentado ligações com os continentes europeu, africano e americano", conclui a PGR.
Os três vão ser sujeitos a primeiro interrogatório judicial, para eventual aplicação das medidas de coação tidas por adequadas.
INTERESSES EM CABO VERDE
Paulo Santana Lopes e José Vega fizeram vários negócios juntos e uma fonte judicial diz que o irmão do antigo primeiro-ministro funcionaria como angariador de clientes.
Há poucos dias, o jornal "Diário Económico" dava conta que José Veiga liderava um grupo luso-africano candidato à aquisição do Banco Internacional de Cabo Verde (BICV), ativo não-estratégico do Novo Banco avaliado em 14 milhões de euros. O Novo Banco pediu ao Banco de Portugal (BdP) para se pronunciar sobre a proposta apresentada pelo consórcio de José Veiga, que inclui investidores de países africanos onde o empresário trabalha como consultor.
Do consórcio liderado por José Veiga faziam parte investidores de países africanos. Não foi ainda possível obter confirmação sobre fecho do negócio e luz verde do BdP .
Há dois anos, o empresário entrou em negociações com a família Espírito Santo para a compra de uma participação na holding ES Control. Na altura, José Veiga representava investidores do Congo e da Guiné Equatorial, que estavam dispostos a entrar com mais de 150 milhões de euros para tentar salvar o Grupo Espírito Santo (GES). Mas o negócio nunca se concretizou, devido à resolução do BES e à queda do GES.
José Veiga surge na lista pública dos maiores devedores a título individual às Finanças. Na versão da lista que a Autoridade Tributária atualizou a 2 de fevereiro, o empresário surge na categoria dos devedores de 250 mil a um milhão de euros.
Paulo Santana Lopes, irmão do antigo primeiro-ministro Pedro Santana Lopes, foi administrador da Tetris, sociedade imobiliária que a Marquês de Pombal adquiriu por indicação da Sociedade Lusa de Negócios, revelou José Albano Oliveira na comissão de inquérito à nacionalização do Banco Português de Negócios.
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