quarta-feira, março 16, 2016

Como surgiu a crise de meldonium, a nova droga da moda?

Casos de doping como o de Sharapova vão continuar a aparecer. Luís Horta explica como são feitas deteção e controlo de novas drogas.

Chamam-lhe a droga da moda, mas não é uma novidade.
 Significa mais uma crise no mundo do desporto, mas mostra que a luta contra a batota está a funcionar. Está proibida desde 1 de janeiro, mas o número de casos positivos vai continuar a aumentar. Meldonium, a substância dopante celebrizada pela tenista Maria Sharapova, é a prova de que no dissimulado e nebuloso mundo do doping nada é (apenas) aquilo que parece. Desde o início do ano, a AMA (Agência Mundial Antidopagem) já detetou 99 atletas que usaram o fármaco, também conhecido por Mildronate.
Quando, na semana passada, Maria Sharapova assumiu que teve um controlo antidoping positivo de meldonium, o tema saltou para a discussão pública. O avolumar de novos casos, envolvendo outros atletas de elite, do atletismo à luta livre, passando por modalidades pouco habituais como o voleibol e a patinagem, fez crescer a preocupação. "É um número, no mínimo, estranho", reconhece, ao DN, Luís Horta, ex-presidente da Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP). "Nunca vi algo assim. É chocante e perturbador", lamentou, ao New York Times, Max Cobb, líder da federação de biatlo dos EUA. "99 é um número extraordinário num período tão curto de tempo", acrescentou Richard Ings, antigo diretor-executivo da autoridade antidopagem da Austrália.
O diretor-geral da AMA, David Howman, tenta relativizar: "É assim quando surge uma substância nova na lista de proibições. Com a metilhexaneamina, em 2010, foi a mesma coisa, com muitos casos nos primeiros três/quatro meses". Mas aí foram 123 casos no total do ano. Agora podem ser bem mais, o que levanta as questões da praxe: de onde vem esta droga, que efeitos tem, como surgiu esta crise e onde vai parar?
A história é a de como uma molécula descoberta há cerca de 40 anos - pelo investigador letão Ivan Kalvinsh -, para combater problemas cardiovasculares, passou a ser usada como doping. "Esta substância tem um efeito notório não só no desempenho desportivo como também na recuperação do esforço. Permite gastar menos oxigénio para produzir a mesma quantidade de energia. Essa poupança é fundamental para desportos de endurance ou para a recuperação do desgaste de viagens frequentes ou do esforço dos treinos", descreve Luís Horta.
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