Pedro Passos Coelho acaba de entregar, em Lisboa, a moção que declara a sua recandidatura à presidência do Partido Social-Democrata (PSD).
Em Lisboa, onde entregou o documento que declara a recandidatura à presidência do PSD, Passos Coelho aproveitou para fazer declarações sobre o porquê da sua decisão em continuar a ser o representante máximo dos sociais-democratas
Esta candidatura, diz, “é diferente das anteriores candidaturas” porque o próprio PSD “iniciou um ciclo político diferente”, visto que acabou na oposição mesmo “sendo a força partidária mais votada nas eleições”.
Ainda assim, refere, “o PSD não vai deixar de exercer as suas responsabilidades”. Contudo, Passos Coelho declara a esperança e expetativas que “o atual Governo possa realmente oferecer ao pais condições de estabilidade, coesão e responsabilidade como prometeu quando iniciou funções”.
A partir daqui, diz o social-democrata, o seu trabalho vai ser o de “construir um caminho alternativo” que será essencial para “que os portugueses possam contar com essa alternativa para poderem mudar de Governo se acharem que isso é necessário”. Nessas circunstâncias, acrescenta, a recandidatura deixa-o “na qualidade de também se candidatar a Primeiro-Ministro”, até porque “o país precisa de levar mais longe um conjunto de reformas importantes que permitam intensificar a recuperação económica do país e aumentar o seu potencial de crescimento”.
“Em 41 anos de vida democrática, continuamos a ser uma das sociedades e economias mais desiguais em toda a Europa.
Isso significa que temos de mobilizar um conjunto de politicas que em vez de fazerem a redistribuição social, possam atuar mais cedo de modo a atacar a raiz dos problemas das causas dessas desigualdades”.
Será esta recandidatura uma longa espera para voltar a ser primeiro-ministro, crente no falhanço do PS? A resposta é não
. “Não estou à espera que o Governo falhe. Não estou à espera que as coisas acabem mal para que as pessoas achem que têm de votar em mim. O que eu assumo é que o PSD é o partido cujas características estão mais próximas daquilo que é preciso fazer para que o pais possa recuperar mais rapidamente da situação que viveu”,
respondeu Passos Coelho à primeira questão colocada pelos jornalistas.
Ainda assim, lembra,
Destruir um país na comunicação social
O país começa a assistir a algo muito semelhante ao que sucedeu nos tempos que antecederam o pedido de ajuda à Troika, os intervenientes voltam a ser os mesmos, as organizações internacionais, as agências de notação, jornalistas sem grandes escrúpulos, a direita cheia de fome de poder e os banqueiros.
Só Cavaco Silva tem estado calado, ele que há uns anos foi o grande defensor da submissão do país às orientações das agências de notação.
É uma ingenuidade pensar que a direita quer evitar um novo resgate, tudo fez para que tivesse ocorrido o primeiro e desta vez deixou o país armadilhado para se assegurar de que um governo do PS tivesse poucas probabilidades de sucesso. É isso que explica a estratégia de Passos Coelho, em vez de tirar as devidas consequências da derrota política opta por um estatuto de primeiro-ministro no exílio, certo de que o irão buscar quando o país se afundar.
O discurso político da direita é óbvio, descredibilizar interna e externamente o governo, tudo fazer para difamar o país instalando a dúvida nas agências de notação. A direita sabe que se a agência de notação DBRS atribuir a notação de lixo à dívida portuguesa isso condicionará a intervenção do BCE e, muito provavelmente, conduzirá o país para um segundo resgate.
O projecto político de Passos Coelho, as aberrações que Gaspar e o falecido Borges lhe meteram na sua fraca cabeça, são incompatíveis com um ambiente normal ou com o respeito da legalidade constitucional.
Passos sempre apostou num segundo resgate e nunca teve a mais pequena intenção de cumprir os acórdãos do Tribunal Constitucional ou eliminar a sobretaxa, o seu projecto para ou pelo despedimento em massa de funcionários ou por um modelo salarial de semi-escravatura e a desvalorização fiscal implica que os impostos sobre o rendimento do trabalho financiem a redução dos impostos sobre os lucros.
Aquilo a que assistimos é mais do mesmo, só que desta vez o FMI e a Comissão Europeia estão tendo um papel mais activo na manipulação da informação.
As hostilidades começaram com o representante do FMI em Lisboa a dizer em segredo a jornalistas amigos que iam fazer dezoito exigências ao governo português.
Desde então a Comissão e o FMI têm-se desdobrado em manobras de manipulação da informação que visam fazer chantagem sobre o país, ou se aceita tudo o que de ilegal foi imposto ou o país enfrentará um segundo resgate.
É esta a estratégia que está unindo a direita aos sectores mais obscuros das organizações internacionais onde domina uma nova classe de políticos pouco dados a respeitar a democracia.
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