sexta-feira, abril 29, 2016

Ana Gomes satisfeita com investigação da PJ

A estatistica é como o Biquini :- o que mostra é sugestivo :- o que esconde é vital




Conferência de imprensa, em dezembro de 2013, onde Ana Gomes divulgou as suspeitas que tinha sobre negócios envolvendo os estaleiros de Viana 



Eurodeputada diz que buscas da PJ são um "sinal de que algo está a mexer" num processo em que fez queixas à PGR
A eurodeputada Ana Gomes (PS) manifestou-se satisfeita com as buscas que a PJ está a realizar esta sexta-feira no Ministério da Defesa e noutros locais do país, relacionadas com os estaleiros de Viana..
"É um sinal de que algo está a mexer num caso flagrante de corrupção", envolvendo a venda "a patacos" do ferryboat Atlântida ao grupo Douro Azul, o qual "tem muito que contar" às autoridades, sublinhou Ana Gomes ao DN.
Lembrando "a retaliação do ministro" José Pedro Aguiar-Branco após ter entregue uma queixa formal junto da PGR com os dados da "investigação possível" que então conseguiu fazer, Ana Gomes insistiu em afirmar que a venda do Atlântida era "um negócio que tresandava a corrupção".

Se olharem para a cara que apresento hoje, no boneco que acompanha esta crónica, constatarão a caricatura de um indivíduo orelhudo e magrinho, um bocado azedado pela vida. Pois, de facto, é com espantada amargura que me deparo com casos como o do senhor Mário Ferreira, empresário que, segundo o Diário Económico, comprou um navio ao Estado por oito milhões de euros e estará quase a vendê-lo, oito meses depois, a uma empresa de cruzeiros da Noruega por 17 milhões de euros.
A minha azia, note-se, nem é provocada pelo possível lucro de cento e tal por cento do homem do programa da SIC onde se ensina as pessoas a serem empresárias com alma de tubarão - pelos vistos, faltará uma lição prática sobre como abocanhar dinheiro ao Estado.
Recordemos: este ferryboat foi encomendado pelo governo regional dos Açores aos Estaleiros de Viana do Castelo. Em 2009 o executivo de Carlos César recusou receber a embarcação, por não cumprir alguns requisitos técnicos. Em causa esteve, leio em vários locais, um nó de diferença na velocidade máxima atingida pelo navio, de 98 metros de comprimento.
Foi aberto um concurso para a venda, ganho por um armador grego que prometeu pagar 13 milhões. O dinheiro nunca veio. A empresa que ficou em segundo lugar, de Mário Ferreira, ficou com ele.
Sobre a venda, agora, à Noruega, o dono da Douro Azul disse à revista VIP que "essa notícia é falsa" e não podia falar mais. Mas o Diário Económico não retificou, desde o dia 20 de maio, a informação...
Qual é então o motivo da minha irritação? O caso Atlântida fez parte de um longo processo de destruição dos Estaleiros de Viana do Castelo, foi mais uma acha para a fogueira que arruinou a sua reputação, despediu 600 trabalhadores e entregou a sua exploração à West Sea .
Um ano depois, o primeiro-ministro foi lá. Passos Coelho até prometeu adjudicar-lhes a construção de dois navios para a marinha, depois de ouvir a West Sea gabar-se de já ter reparado 37 navios.
Há três anos os Estaleiros de Viana do Castelo não tinham trabalho para fazer, eram dados como inviáveis. O Atlântida, ali parido, era tido como aborto destinado à sucata. Os apoios do Estado (milhões) só aumentavam prejuízos.
Governos PS e PSD-CDS nomearam incompetentes para gerirem os estaleiros, aprovaram contratos ruinosos, foram complacentes com erros básicos. Criaram condições para destruírem, sem custo político, os estaleiros e o emprego com um mínimo de direitos de centenas de trabalhadores.
Agora os estaleiros já são bons e até o Atlântida vale dinheiro. Tudo isto me irrita porque, como de costume, tudo isto cheira mal. É uma amargura já com 40 anos.



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