segunda-feira, abril 25, 2016

Marcelo pede consensos e capitães voltam ao Parlamento

A estatistica é como o Biquini :- o que mostra é sugestivo :- o que esconde é vital

Marcelo volta hoje a pedir na Assembleia apaziguamento. E seis anos depois, com país o governado à esquerda, a Associação 25 de Abril regressa.

O convite de Ferro Rodrigues seguiu para os órgãos sociais da Associação 25 de Abril e para os antigos membros do Conselho da Revolução. E foi aceite. Hoje, os capitães de Abril voltarão a marcar presença na sessão solene com que o Parlamento assinalará a Revolução dos Cravos que há 42 anos depôs uma ditadura com quase cinco décadas de existência.
A última sessão em que estiveram presentes os capitães foi a de 2010, ainda o primeiro-ministro era José Sócrates. Em 2011, o Parlamento não celebrou a data. Sócrates tinha-se demitido de primeiro-ministro por causa do chumbo do PEC IV e o Parlamento estava dissolvido, por determinação presidencial. O país estava em campanha para as legislativas, que seriam a 5 de junho. Nos anos seguintes, os capitães faltariam sempre, em protesto com as políticas austeritárias da maioria PSD-CDS. Mário Soares também se foi associando a esse protesto.
A presença dos capitães será uma novidade mas não a única: pela primeira vez desde que há eleições legislativas (1976), o país é governado por uma maioria parlamentar que une toda a esquerda em torno de um executivo PS. E depois de dez anos de Cavaco Silva (descontando o tal de 2011), o Presidente da República será outro, Marcelo Rebelo de Sousa.
BE e PCP avançam com sub-40
Além disso, a sessão costumava ter oito discursos (os seis partidos parlamentares + presidente da Assembleia da República + Presidente da República) e desta vez terá oito, dado que nas últimas legislativas entrou na Assembleia da República um novo partido, o PAN - Pessoas-Animais-Natureza, cujo único deputado, André Silva, hoje fará o primeiro discurso da sessão solene. Depois dele, José Luís Ferreira, do PEV. O Bloco de Esquerda e o PCP farão avançar dois deputados sub-40, respetivamente Jorge Costa (40 anos, precisamente) e Rita Rato (33). O CDS e o PS far-se-ão representar pelos seus chefes de bancada, Nuno Magalhães e Carlos César. Já o PSD escolheu a ex-ministra da Justiça Paula Teixeira da Cruz. Será o último discurso partidário antes de a palavra ser dada ao presidente da AR e, depois, ao Presidente da República.
Marcelo vai inovar no uso do cravo vermelho (que Cavaco não usava, ao contrário de Soares e Sampaio). Irá de cravo, sim - mas não na lapela, antes na mão, um cravo que lhe foi oferecido ontem pelo presidente do Conselho Nacional de Juventude, Hugo Carvalho, que lhe pediu que seja "o provedor das gerações futuras".
Tempo de convergência
O Presidente deverá sublinhar no discurso a necessidade de consensos políticos para apaziguar o país. Um apelo à unidade dos portugueses deverá também fazer parte da sua intervenção. Por outras palavras, deverá retomar uma das suas mensagens do discurso presidencial inaugural: "Urge recriar convergências, redescobrir diálogos, refazer entendimentos, reconstruir razões para mais esperança." Na terça-feira, ouvirá partidos por causa do Programa de Estabilidade e do Programa Nacional de Reformas, discutidos no dia seguinte na Assembleia da República.
A jornada do Presidente começou às 00.00, acompanhado de António Costa e de Pedro Passos Coelho, na inauguração do NewsMuseum, em Sintra (há 42 anos, as edições dos jornais que se fizeram a seguir ao golpe foram as primeiras em muitas décadas sem censura prévia). Depois da sessão no Parlamento, irá a Santarém homenagear Salgueiro Maia. Volta depois a Lisboa para condecorar António Arnaut e João Lobo Antunes. Ao fim da tarde presidirá à cerimónia de entrega do prémio Vida Literária a Manuel Alegre.

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