segunda-feira, maio 09, 2016

De Cameron a Corbyn, ninguém escapa às críticas de Sadiq Khan

A estatistica é como o Biquini :- o que mostra é sugestivo :- o que esconde é vital


Novo presidente da câmara de Londres acusou o primeiro-ministro britânico de usar as "jogadas de Donald Trump" e defendeu que o Labour tem que mudar de estratégia

No rescaldo da vitória nas eleições de Londres, o novo mayor Sadiq Khan não poupou ninguém nas suas críticas. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, e o derrotado candidato conservador, Zac Goldsmith, foram acusados de empreenderem uma campanha "retirada do livro de jogadas de Donald Trump", o polémico mas quase certo candidato republicano à Casa Branca. Mas o líder do Labour, Jeremy Corbyn, não pode ficar a rir: Khan defendeu que o partido tem que fazer mais se quer conseguir vencer as parlamentares de 2020.
A campanha eleitoral ficou marcada pelas acusações de que Khan, um muçulmano filho de imigrantes paquistaneses, tinha dado "oxigénio" aos extremistas quando era advogado de Direitos Humanos. "Estava à espera de uma campanha boa e honesta (...) Mas Cameron e Goldsmith optaram por tentar dividir os londrinos", escreveu o mayor no semanário The Observer. Alegando que os conservadores usaram "o medo" para tentar pôr "diferentes grupos étnicos e religiosos uns contra os outros" (daí a comparação com Trump), Kahn disse que os londrinos "merecem melhor" e desejou que os Tories "nunca tentem repetir" essa estratégia.
Mas os conservadores não foram os seus únicos alvos. "Aprendi muito durante a campanha", escreveu o mayor. "Mas houve duas lições em especial: primeiro, o Labour só ganha quando nos voltamos para fora e nos focamos nos temas que preocupam as pessoas; segundo, nunca vão confiar em nós para governar a não ser que procuremos atrair todos os eleitores." Mais tarde, numa entrevista na BBC, acrescentou: "Temos que deixar de falar sobre nós e começar a falar aos cidadãos sobre os temas que importam para eles."
Khan, o mais poderoso político eleito diretamente, tem procurado distanciar-se de Corbyn (que no sábado não foi à tomada posse). "O Labour tem que ser uma grande tenda que atrai toda a gente - não só os seus ativistas", escreveu o mayor. "Temos que ser capazes de persuadir as pessoas que antes votaram nos conservadores que podem confiar no Labour com a economia e a segurança, tal como na melhoria dos serviços públicos e na criação de uma sociedade mais justa."
Sempre numa mensagem para o partido, Khan disse que uma campanha "nunca deve ser sobre "escolher lados" [essa foi uma mensagem passada num dos cartazes eleitorais do Labour aprovados por Corbyn] ou uma atitude de "eles ou nós" ou ter uma estratégia política dirigida apenas a um número suficiente de cidadãos para ficar acima da linha. O nosso objetivo deve ser unir as pessoas de todas as origens como uma tenda larga e acolhedora - não dividir e conquistar", indicou.
Há já quem diga que Khan prepara uma alternativa para a liderança do partido, mesmo se os críticos foram em parte silenciados quando o partido teve uma prestação eleitoral melhor do que a esperada nas eleições de quinta-feira - a exceção foi o desaire escocês, onde o Labour é agora a terceira força. O número dois do Labour, Tom Watson, recusou contudo a ideia de uma disputa pela liderança, escrevendo no Sunday Mirror que essa hipótese é "tão provável como uma tempestade de neve no deserto do Sara".
Brexit
As atenções concentram-se para já na campanha para o referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia, a 23 de junho - ontem o ministro das Finanças, George Osborne, e o da Justiça, Michael Gove, em lados opostos da barricada, trocaram palavras duras sobre o tema. O primeiro alegou que o brexit seria "uma catástrofe" em termos de perda de empregos e poderia "destruir a economia", enquanto o segundo defendeu que o Reino Unido não será "punido" se optar por deixar a União Europeia.
Já Corbyn estará a planear uma semana de férias no final do mês, em plena campanha, com o The Times a falar num "Jexit" (Jeremy e exit) e a dizer que irá provavelmente enfrentar mais críticas.

Sem comentários: