A estatistica é como o Biquini :- o que mostra é sugestivo :- o que esconde é vital
Deputados do PS, PCP e BE aprovam lei na especialidade, sem se conhecer impacto da redução da semana de trabalho no Estado.
Já a 20 de Maio os sindicatos da função pública da CGTP se manifestaram pelas 35 horas para todos
Já a 20 de Maio os sindicatos da função pública da CGTP se manifestaram pelas 35 horas para todos
A reposição das 35 horas na função pública será aprovada nesta quarta-feira na especialidade com os votos favoráveis do PS, do PCP e do BE. Mas se no Parlamento foi possível encontrar uma proposta que merecerá luz verde dos partidos que suportam o Governo (que na quinta-feira aprovam a versão final em plenário), no terreno há ainda muitas arestas para limar, sobretudo no sector da saúde. Os sindicatos exigem que a 1 de Julho todos os trabalhadores do Estado, independentemente do vínculo, estejam abrangidos pela medida. Se o Governo não criar as condições necessárias para que assim seja, a greve será o caminho mais certo.
Nesta segunda-feira, a porta-voz do BE, Catarina Martins deixou bem claro que a proposta dos socialistas terá o acordo do seu partido, mas avisou “é preciso muito mais", garantindo que até Outubro a aplicação das 35 horas estaria totalmente concluída.
Também a deputado do PCP, Rita Rato, considera que o texto do PS “tem condições para ser aprovado”, repondo “um direito roubado aos trabalhadores da Administração Pública pelo Governo do PSD e do CDS/PP”. A proposta apenas se dirige aos trabalhadores em funções públicas (ao contrário do que prevêem as propostas do BE e do PCP), mas Rita Rato considera que os trabalhadores com contrato individual que exercem funções no Estado poderão ter as 35 horas, desde que isso seja negociado entre o sindicato e os respectivos ministérios.
Depois da luz verde o Parlamento, o diploma também deverá passar pelo crivo presidencial sem problemas, apurou o PÚBLICO. Esta lei é uma promessa eleitoral do PS e um eventual chumbo poderia unir a esquerda contra o Presidente da República, ainda que pudesse dar ao primeiro-ministro uma oportunidade de adiar uma medida que está a ter dificuldades em pôr em prática sem custos para o Orçamento do Estado. Marcelo não quererá envolver-se nessa questão, deixando ao Governo todos os custos desta sua promessa eleitoral.
A grande frente de batalha será entre Governo e sindicatos. A proposta do PSremete aliás, para a negociação colectiva a aplicação das 35 horas nos organismos onde seja preciso assegurar a continuidade e qualidade dos serviços prestados.
Batalha na saúde
A saúde – o único sector para o qual o Governo avançou com uma estimativa de custos que podem chegar a 27 milhões num semestre – é a área mais problemática. O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (filiado na CGTP) pediu reunião de urgência com o Governo para perceber como se irão concretizar as 35 horas para os profissionais que representa. E exige que a data da entrada em vigor da lei, a 1 de Julho, estejam negociados contratos colectivos que permitam alargar o novo horário aos contratos individuais. “Caso a decisão final não venha ao encontro dos compromissos assumidos a 4 de Maio [data de uma reunião com o ministério da Saúde] estamos disponíveis para a greve”.
A bastonária da Ordem dos Enfermeiros (OE), Ana Rita Cavaco, disse ao PÚBLICO que escreveu uma carta ao ministro das Finanças quando percebeu “o que ele se estava preparar para fazer”, propondo a compensação dos profissionais com “folgas e férias”. Esta proposta só será exequível “se mandarem também os doentes de férias e de folgas”, afirma a bastonária, que nota que há vários serviços hospitalares que já hoje “devem 1300 horas e 800 horas aos enfermeiros”, que há profissionais a fazerem horários ilegais. “A nossa paciência está a acabar”, avisa a bastonária que calcula serem necessários 2 mil enfermeiros para cobrir a reposição das 35 horas semanais.
Também o dirigente da Federação Sindical para a Administração Públicas (Fesap), José Abraão, deixa avisos. "Sempre dissemos que os trabalhadores deviam todos ver repostas as 35 horas semanais. Se era para ser por negociação colectiva, já poderíamos ter aprovado com esta formulação as 35 horas há mais tempo e já estaríamos numa fase de negociação para resolver eventuais dificuldades", sublinhou.
Embora note abertura do Governo para negociar, deixa claro que há um limite, “que é a data em vigor do diploma, para que esses compromissos possam ser estabelecidos”. Caso não se verifiquem, o que vai acontecer é que no dia 1 de Julho vai começar toda uma jornada de luta que só acabará quando for aplicada, sem distinção, a todos os trabalhadores as 35 horas de trabalho semanal", concluiu, sem excluir o recurso a greves.
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