quinta-feira, junho 09, 2016

Operação Marquês ligada aos Papéis do Panamá

A estatistica é como o Biquini :- o que mostra é sugestivo :- o que esconde é vital



A
dvogados de Sócrates desmentiram logo no início da madrugada qualquer envolvimento do ex-primeiro com offshores
Investigação do Expresso/TVI aponta para uma ligação entre o "saco azul" do GES no Panamá e a investigação do Ministério Público ao caso Sócrates
As transferências bancárias na mira da investigação do chamado "caso Sócrates", da Operação Marquês, foram feitas a partir da Espírito Santo Enterprises, através de offshores. A revelação feita pelo semanário Expresso este sábado parte da investigação jornalística dos Papéis do Panamá.
Segundo o Expresso, em causa estão pagamentos de 12,5 milhões de euros. Na Operação Marquês, o Ministério Público investiga o circuito do dinheiro que foi parar às contas na Suíça de Carlos Santos Silva, o amigo de José Sócrates também arguido no processo. Os investigadores acreditam que esse dinheiro se destinava a pagar "luvas" ao ex-primeiro-ministro como contrapartida de decisões, designadamente para a aprovação da nova fase de desenvolvimento do empreendimento de Vale do Lobo, no Algarve.
O "trânsito" do dinheiro, ainda segundo o Expresso, passa por Hélder Bataglia, empresário luso-angolano presidente e fundador da empresa Escom.

Na Operação Marquês, como o DN noticiou, o Ministério Público enviou para Angola uma carta rogatória para constituir arguido o empresário. E segundo o Observador, nessa carta solicita-se que no interrogatório a Bataglia se esclareça a origem dos referidos 12,5 milhões de euros.
Já no início da madrugada deste sábado, a defesa de José Sócrates reagiu à manchete do Expresso, afirmando em comunicado que as suspeitas do envolvimento do antigo governante com offshores do Panamá são "infundadas, abusivas e caluniosas".
"O Engenheiro José Sócrates não tem, nem nunca teve, diretamente ou indiretamente, designadamente através de offshores, qualquer relação negocial com o Senhor Hélder Bataglia", escrevem os advogados de Sócrates.
A existência do "saco azul" do Grupo Espírito Santo em offshores tinha sido avançada pelo semanário na semana passada, sem que no entanto se fizesse qualquer relação com a Operação Marquês.

'Saco azul' do Grupo Espírito Santo mantido em segredo mais de Espírito Santo Entreprises era gerida pela Mossack Fonseca desde 2007. Informação foi omitida à comissão de inquérito ao BES

A empresa mais misteriosa do Grupo Espírito Santo (GES), suspeita de ser "um gigantesco saco azul", foi mantida em segredo durante mais de 21 anos, noticia o Expresso e a TVI, no âmbito do escândalo dos Papéis do Panamá.
Na edição de hoje, o Expresso, que integra o Consórcio Internacional de Jornalistas, juntamente com a TVI, avança que a Espírito Santo Enterprises foi criada em 1993 e que "Ricardo Salgado e José Manuel Espírito Santo não disseram a verdade à comissão parlamentar de inquérito do BES".
O semanário explica que os documentos em causa têm estado a ser analisados pelo Expresso e pela TVI, numa investigação conjunta com o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ), responsável por coordenar uma investigação global a partir de uma fuga de informação de uma das maiores operadoras de 'offshores' [paraísos fiscais] do mundo, a Mossack Fonseca.

O Expresso detalha que pela empresa terão passado "mais de 300 milhões de euros" e detalha que a mesma serviu "para entregar dinheiro e património de forma camuflada a destinatários ainda por identificar", recorrendo "a circuitos externos complexos fora de Portugal".20 anos

GES, Luís Portela, Vilarinho e Ilídio Pinho envolvidos

os

Ricardo Salgado, patriarca da família Espírito Santo, afirmou no Parlamento que a empresa offshore do GES identificada nos Papéis do Panamá destinava-se a prestar serviços financeiros
Gestor de fortunas português de um banco do Luxemburgo disse à sociedade de advogados panamiana Mossack Fonseca ter como clientes antigos ministros
O escândalo financeiro internacional aberto pela divulgação dos Papéis do Panamá deu a conhecer os primeiros nomes portugueses de peso. Incluindo um saco azul do Grupo Espírito Santo (GES), escondido durante 21 anos em empresas offshore criadas pelo escritório panamiano de advogados Mossack Fonseca, divulgaram ontem o Expresso e a TVI. Estes dois órgãos de comunicação social portugueses têm jornalistas no Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, sigla em inglês) que estão a trabalhar os 11,5 milhões de documentos oriundos da Mossack Fonseca e entregues há mais de um ano ao jornal alemão Sueddeutsche Zeitung por uma fonte desconhecida.
O saco azul do grupo liderado por Ricardo Salgado, sob o nome de ES Enterprises - fundado em 1993 e cuja gestão foi entregue à Mossack Fonseca em 2007, mudando então de nome para Enterprises Management -, servia para prestar serviços financeiros, segundo declarou o presidente do GES na comissão de inquérito ao GES, em 2014. A investigação dos Papéis do Panamá revela que pela empresa liderada por Salgado e José Manuel Espírito Santo, mas à qual estavam ligados outros membros da família, terão passado mais de 300 milhões de euros.
Confrontado pelo Expresso e pela TVI, José Manuel Espírito Santo diz que não se recorda de ter tido algum cargo na ES Enterprise nem ter conhecimento da atividade a que se dedicava.
Luís Portela, presidente da farmacêutica Bial, Manuel Vilarinho, empresário e ex-presidente do Benfica, e Ilídio Pinho, gestor e industrial, são alguns dos outros nomes identificados pelos jornalistas Rui Araújo (do canal de televisão) e Micael Pereira (do semanário), que chegaram ao também português Jorge Humberto Ferreira da Cunha, gestor de fortunas no Luxemburgo, através de documentos do caso que está a abalar as finanças e a política mundial. A investigação daí resultante envolveu 378 jornalistas de 107 órgãos de comunicação social sediados em 77 países - entre os quais não se incluía o norte--americano The New York Times.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, figuras de topo na China, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, ou o já ex-chefe do governo islandês Sigmundur Gunnlaugsson são alguns dos nomes que constam dos documentos produzidos pela Mossack Fonseca. Segundo os dois jornalistas, o gestor de fortunas do Banco Internacional do Luxemburgo (BIL) Jorge Humberto Cunha Ferreira terá angariado clientes em Portugal, África e América Latina desde 2012.
O gestor pretenderia criar contas offshore e contactou a empresa Mossack, a sociedade de advogados do Panamá que está no centro da polémica. Nos documentos que chegaram ao ICIJ há relatórios que indicam que Jorge Ferreira teria como clientes "ex-ministros e/ou políticos"- referidos como "PEP [pessoas politicamente expostas]". No relatório é divulgado que o presidente de um país (não é identificado) é cliente do gestor português e que queria "incorporar dez a 15 empresas com contas bancárias no Panamá". Num ano, em 2013 e 2014, a Mossack criou 12 empresas de fachada ao gestor português.
Os dois jornalistas falaram com Jorge Humberto Cunha Ferreira, no Luxemburgo, mas o gestor negou ter políticos portugueses como clientes. E apontou Angola, Cazaquistão e Chile como países onde terá clientes.
Contactado pelo Expresso e pela TVI, Luís Portela disse que a farmacêutica tem uma filial no Panamá e para isso criou uma conta naquele país que respeitava a legislação. Já Manuel Vilarinho admitiu ter uma offshore nos EUA - ligada ao processo Monte Branco - mas frisou: ter uma empresa dessas só por si não é ilegal.
Ilídio Pinho rejeitou ter criado uma empresa offshore em 2006 - embora o seu nome conste dos documentos da Mossack. O industrial "e mais oito pessoas tiveram luz verde para mexer em contas de uma empresa ligada a uma offshore no Panamá", divulgou a SIC Notícias. Um outro empresário ligado ao universo do futebol, que o Expresso não conseguiu identificar, bem como a Abreu Advogados, são igualmente referenciados. O escritório de advogados surge como um dos intermediários nos negócios feitos com a Mossack Fonseca.
Segundo o Expresso e a TVI, há diferentes tipos de ligação à Mossack: dos envolvidos que são donos das contas offshore aos que intermediaram os negócios e aos que as controlam de forma indireta.
Na terça-feira, o jornal Irish Times noticiou que o envolvimento de Portugal no escândalo está quantificado, por enquanto, em 34 pessoas. O jornal irlandês especificou que, a par destes beneficiários, existem 244 empresas, com 255 acionistas, de Portugal.
Ontem à noite, documentos e computadores foram apreendidos na sede da Mossack Fonseca em El Salvador.



Sem comentários: