A estatistica é como o Biquini :- o que mostra é sugestivo :- o que esconde é vital
Ameaça de referendo de Catarina originou ataques. Bloquistas lembram propostas dos comunistas nos últimos 25 anos
Ameaça de referendo de Catarina originou ataques. Bloquistas lembram propostas dos comunistas nos últimos 25 anos
BE e PCP teimam em contrariar a canção: mesmo quando parece ser muito mais aquilo que os une do que aquilo que os separa, eis que surge uma nova divergência. Até mesmo sobre a Europa. A ideia de referendo anunciada por Catarina Martins foi o rastilho perfeito para que os comunistas reagissem com estrondo.
O deputado do PCP António Filipe deu o mote com uma publicação no Facebook: "Será que ninguém vê que o referendo hoje [domingo] "proposto" pelo BE não é permitido pela Constituição?"
Uma hora depois, o presidente da comissão de inquérito ao colapso do Banif complementou a primeira mensagem. "Esclareço: A Constituição (artigo 115.º) só permite referendos sobre questões que devam ser decididas através de convenção internacional ou de ato legislativo. Não admite referendos revogatórios de decisões já tomadas. Concorde-se ou não, é assim."
Por isso, alertou a bancada que fica ao lado da sua: "Claro que se pode mudar a Constituição, mas isso já é outra conversa."
Mas não foi o único. Na mesma rede social, o eurodeputado João Ferreira puxou da ironia. Partilhando uma notícia do Jornal de Negócios em que Catarina afirmava que este não é o momento de os países "saltarem com cartadas de referendos" - palavras proferidas no sábado à entrada da X Convenção -, o comunista pôs em causa a coerência da líder do parceiro de geringonça.
Isto porque na mesma publicação partilhou igualmente uma hiperligação com uma notícia do dia seguinte, do Público, já com a coordenadora do BE a pôr o cenário de referendo sobre a mesa. "E amanhã?", questionou João Ferreira, logo acrescentando: "Pelo sim, pelo não, vou ver as previsões meteorológicas..."
Embora as circunstâncias sejam desta feita diferentes - até porque Catarina ameaçou avançar apenas no caso de se confirmar a aplicação de sanções ao nosso país por incumprimento da meta do défice de 2015 -, o BE não deixou os comunistas sem resposta. No esquerda.net, portal de notícias do partido, foi publicado um texto abrasivo para o PCP. Tal como tinha acontecido aquando dos chumbos parlamentares à abolição do glifosato em espaços urbanos e à condenação da repressão em Angola - ambos os diplomas do BE mereceram oposição da força liderada por Jerónimo de Sousa.
O BE vai ao baú: lembra que em 1992 o PCP defendeu um referendo ao Tratado de Maastricht; cinco anos depois, ao Tratado de Amesterdão e também ao euro; em 2003, à Constituição Europeia; em 2008, avançou com uma resolução no Parlamento acerca do Tratado de Lisboa; e em 2012 Jerónimo de Sousa defendeu um referendo ao Tratado Orçamental e à própria moeda única.
No texto, cujo autor não está identificado, o Bloco recua ainda até às europeias de 2014 em que o PCP, no seu programa eleitoral, se batia pelo "direito inalienável do povo português de debater e se pronunciar de forma esclarecida, incluindo por referendo, sobre o conteúdo e objetivos dos acordos e tratados, atuais e futuros". De caminho, devolvem as farpas: "O eurodeputado João Ferreira foi o cabeça de lista da CDU nestas eleições."
Sem comentários:
Enviar um comentário