quarta-feira, junho 29, 2016

Referendo sobre Europa abre guerra entre PCP e Bloco

A estatistica é como o Biquini :- o que mostra é sugestivo :- o que esconde é vital

Ameaça de referendo de Catarina originou ataques. Bloquistas lembram propostas dos comunistas nos últimos 25 anos
BE e PCP teimam em contrariar a canção: mesmo quando parece ser muito mais aquilo que os une do que aquilo que os separa, eis que surge uma nova divergência. Até mesmo sobre a Europa. A ideia de referendo anunciada por Catarina Martins foi o rastilho perfeito para que os comunistas reagissem com estrondo.
O deputado do PCP António Filipe deu o mote com uma publicação no Facebook: "Será que ninguém vê que o referendo hoje [domingo] "proposto" pelo BE não é permitido pela Constituição?"
Uma hora depois, o presidente da comissão de inquérito ao colapso do Banif complementou a primeira mensagem. "Esclareço: A Constituição (artigo 115.º) só permite referendos sobre questões que devam ser decididas através de convenção internacional ou de ato legislativo. Não admite referendos revogatórios de decisões já tomadas. Concorde-se ou não, é assim."
Por isso, alertou a bancada que fica ao lado da sua: "Claro que se pode mudar a Constituição, mas isso já é outra conversa."
Mas não foi o único. Na mesma rede social, o eurodeputado João Ferreira puxou da ironia. Partilhando uma notícia do Jornal de Negócios em que Catarina afirmava que este não é o momento de os países "saltarem com cartadas de referendos" - palavras proferidas no sábado à entrada da X Convenção -, o comunista pôs em causa a coerência da líder do parceiro de geringonça.
Isto porque na mesma publicação partilhou igualmente uma hiperligação com uma notícia do dia seguinte, do Público, já com a coordenadora do BE a pôr o cenário de referendo sobre a mesa. "E amanhã?", questionou João Ferreira, logo acrescentando: "Pelo sim, pelo não, vou ver as previsões meteorológicas..."
Embora as circunstâncias sejam desta feita diferentes - até porque Catarina ameaçou avançar apenas no caso de se confirmar a aplicação de sanções ao nosso país por incumprimento da meta do défice de 2015 -, o BE não deixou os comunistas sem resposta. No esquerda.net, portal de notícias do partido, foi publicado um texto abrasivo para o PCP. Tal como tinha acontecido aquando dos chumbos parlamentares à abolição do glifosato em espaços urbanos e à condenação da repressão em Angola - ambos os diplomas do BE mereceram oposição da força liderada por Jerónimo de Sousa.
O BE vai ao baú: lembra que em 1992 o PCP defendeu um referendo ao Tratado de Maastricht; cinco anos depois, ao Tratado de Amesterdão e também ao euro; em 2003, à Constituição Europeia; em 2008, avançou com uma resolução no Parlamento acerca do Tratado de Lisboa; e em 2012 Jerónimo de Sousa defendeu um referendo ao Tratado Orçamental e à própria moeda única.
No texto, cujo autor não está identificado, o Bloco recua ainda até às europeias de 2014 em que o PCP, no seu programa eleitoral, se batia pelo "direito inalienável do povo português de debater e se pronunciar de forma esclarecida, incluindo por referendo, sobre o conteúdo e objetivos dos acordos e tratados, atuais e futuros". De caminho, devolvem as farpas: "O eurodeputado João Ferreira foi o cabeça de lista da CDU nestas eleições."


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