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Proposta foi apresentada pela ministra do Trabalho e da Segurança Social, Fátima Báñez, aqui no momento da tomada de posse, em novembro
Proposta foi apresentada pela ministra do Trabalho e da Segurança Social, Fátima Báñez, aqui no momento da tomada de posse, em novembro
Governo de Rajoy quer fim da jornada laboral às 18.00 e está a estudar alterar o fuso horário. PSOE e Podemos estão contra, dizendo que não é prioritário. Ciudadanos aplaude
"O que muita gente gostaria era de estar a trabalhar às 18.00", reagiu o Podemos à ideia da ministra do Trabalho e da Segurança Social espanhola, Fátima Báñez, de instituir as seis da tarde como o final da jornada laboral, acabando com a pausa para a tradicional siesta. Também os socialistas são críticos da proposta, dizendo que em matéria de emprego a prioridade devia ser garantir que os espanhóis têm "um trabalho onde entrar de manhã e sair à tarde que seja digno, com salário decente e não totalmente precário". A taxa de desemprego em Espanha tem vindo a cair, mas é ainda a segunda maior da Europa (19,2%), o que significa que há 4,3 milhões de pessoas sem um trabalho.
Na segunda-feira, a ministra disse na Comissão de Trabalho e Segurança Social do Congresso que o governo quer que "a jornada de trabalho em Espanha, com carácter geral, acabe às 18.00", estando também "a estudar a possibilidade demudar o fuso horário". Espanha já teve a mesma hora de Portugal e do Reino Unido (o que seria mais correto do ponto de vista geográfico), mas em 1942 o ditador Francisco Franco resolveu adiantar os relógios uma hora para estar em sintonia com o fuso horário que o amigo Adolf Hitler tinha imposto nos territórios ocupados pela Alemanha nazi.
A questão central, para já, é a alteração da jornada de trabalho - uma das promessas de campanha do primeiro-ministro Mariano Rajoy. O objetivo, segundo a ministra, é permitir a "conciliação e racionalização dos horários" e garantir melhor qualidade de vida. "Queremos que o nosso dia de trabalho acabe às 18.00 e para conseguir isto vamos trabalhar para um acordo com os representantes tanto das empresas como dos sindicatos", disse a ministra no Congresso, acrescentando, mais tarde, aos jornalistas que a conciliação "não é utopia".
Mas a oposição não parece disposta a fazer alterações ou pelo menos não se mostra preocupada com o tema. O porta-voz do PSOE na comissão, Rafael Simancas, disse aos jornalistas no final da reunião que a aposta do governo em matéria de emprego devia ser garantir que os espanhóis têm um trabalho "digno, com salário decente", que não seja precário. Para o socialista, a ideia de conciliação é um "título fácil e um pouco frívolo", tendo em conta "o sofrimento de muitas pessoas em Espanha por causa da precariedade e da pobreza laboral". O Ciudadanos, que apoiou a investidura de Rajoy, é o único partido dos grandes a aplaudir a medida. "Tudo o que seja conjugação da vida laboral e familiar parece-nos perfeito", afirmou o porta-voz do partido na comissão. Além de acabar a jornada laboral mais cedo, a ministra também defendeu que o pacto poderia incluir outras medidas, como a "bolsa de horas", para que os trabalhadores tenham tempo para gerir assuntos pessoais, "mecanismos de flexibilização" e "a implementação de fórmulas de teletrabalho". Estas são propostas que apareciam não só no programa do Partido Popular como também no pacto assinado com o Ciudadanos, que permitiu o voto positivo dos deputados desta formação política à investidura de Rajoy (que contou também com a abstenção socialista). O acordo incluía ampliar as licenças de paternidade para as quatro semanas.
O presidente da Comissão da Racionalização dos Horários Espanhóis, José Luis Casero, concorda com o fim da jornada laboral às 18.00, tendo dito ao jornal espanhol ABC que isso era algo que já pedem há muito tempo. E defende que as empresas que implementem esse horário tenham direito a benefícios a nível dos impostos. "As famílias pedem soluções, os solteiros reclamam tempo para viver e todos somos conscientes de que não somos máquinas, mas seres humanos, e que podemos organizar-nos de forma diferente sempre e quando os agentes implicados também estejam a favor. Conciliar é melhorar a produtividade, é melhorar o nosso estado de saúde e a nossa educação, porque teremos tempo para trabalhar e tempo para viver", disse.
Horários
Segundo um estudo de 2015 da Fundação BBVA sobre o uso do tempo na vida quotidiana, com base em dados da Eurostat, os espanhóis acordam às 07.30 e trabalham entre as 09.00 e as 14.00, fazendo uma pausa de duas horas (em que podem incluir a tradicional siesta). Só acabam o trabalho às 20.00, acabando por jantar entre as 21.00 e as 22.00, dedicando as duas horas seguintes ao lazer (TV e internet) antes de ir dormir. Em comparação, por exemplo, na Alemanha os despertadores soam às 06.00, trabalha-se das 07.30 às 16.30 (com meia hora de almoço ao meio-dia) e janta-se às 18.00. Os alemães dormem pelas 22.00.
As duas horas de pausa para almoço em Espanha são ainda um resquício do sistema instaurado no pós-Segunda Guerra, quando os homens se viram obrigados por causa da escassez económica a ter dois empregos. Assim, segundo um exemplo dado pelo El País, um trabalhador da banca trabalhava das 09.00 às 15.00 na sucursal do banco e das 16.00 às 20.00 numa gestora. Isso atrasou os horários das refeições, já que a família não jantava enquanto ele não chegasse a casa.
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