segunda-feira, fevereiro 27, 2017

A estatistica é como o Biquini :- o que mostra é sugestivo :- o que esconde é vital


Ex-Presidente da República acrescentou ainda que não 
tem acompanhado o processo que envolve o antigo primeiro-ministro
O ex-Presidente da República Cavaco Silva admitiu esta 
quinta-feira ter ficado "totalmente surpreendido" com o 
envolvimento do antigo primeiro-ministro José Sócrates num 
processo judicial, garantindo que nas reuniões que mantiveram 
nunca se apercebeu de "qualquer atuação legalmente menos correta".
"Eu não tenho acompanhado esse processo, mas, digo-lhe, fiquei 
totalmente surpreendido", afirmou Aníbal Cavaco Silva, numa entrevista 
à RTP1 quando questionado sobre José Sócrates ter sido detido
 preventivamente
 em 2014 e existir a suspeita da "prática de crimes graves".
Escusando-se a comentar o caso porque não tem acompanhado a
 matéria "a não ser pelos títulos demasiado grandes que aparecem em 
alguma comunicação social", Cavaco Silva disse, contudo, que no
 decurso das reuniões que teve "com o primeiro-ministro do XVIII 
Governo Constitucional" nunca se apercebeu "de qualquer atuação 
legalmente menos correta".
José Sócrates foi preso preventivamente em novembro de 2014, 
mais de três anos e meio depois de ter deixado o Governo. O antigo
 primeiro-ministro esteve preso preventivamente mais de nove meses
 e está indiciado por fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais
 e corrupção passiva para ato ilícito.
Na entrevista, concedida a propósito do lançamento do livro
 "Quinta-feira e outros dias", 
o antigo chefe de Estado reiterou que o seu objetivo ao escrevê-lo 
foi "prestar contas
 aos portugueses", depois de dez anos como Presidente da República (entre 2006 e 2016).
Recusando as críticas que lhe têm sido feitas por poder estar a trair a confiança dos seus
 interlocutores ao revelar conversas privadas, Cavaco Silva contrapôs que "as conversas
 foram privadas, mas não secretas" e defendeu que só revelando o que se passou é que os 
portugueses podem aferir a forma como exerceu a sua "magistratura de influência".
"Não preciso de ajustar contas com ninguém, a vida correu-me muito bem", acrescentou,
 quando questionado se o livro representa um "ajuste de contas" com José Sócrates,
 já que volta a deixar-lhe acusações de "total e inadmissível falta de lealdade institucional", 
mentiras e falsidades.
Cavaco Silva foi ainda questionado sobre o "estilo" do atual Presidente da República,
 Marcelo Rebelo de Sousa, mas escusou-se a emitir uma opinião, assegurando que
 "em princípio"
 nunca ninguém o ouvirá a falar sobre a forma como os seus antecessores ou os seus
 sucessores exerceram os cargos.
Aliás, acrescentou, a parte do livro em que fala sobre a forma como um Presidente 
deve atuar, nomeadamente resistindo "à tentação de obter grandes títulos", foi escrita
 quando ainda estava em Belém e "antes de se saber" quem era o chefe do Estado que o iria suceder.
O chamado caso das "escutas" a Belém foi outro dos temas abordados na entrevista,
 com o antigo Presidente da República a reiterar a tese de que "algumas pessoas do PS 
coligadas com alguns meios de comunicação social tentaram criar uma intriga" para o
 envolver nas eleições legislativas que se realizaram em setembro de 2009 e denegrir a sua imagem.
"Eu estava de férias em agosto (....) era uma intriga típica de verão para encher as páginas 
dos jornais", disse, repetindo que, a forma como encarou inicialmente o assunto, 
foi como "uma historieta de verão" .
"Percebi tardiamente o objetivo", lamentou.
Quase um ano depois de ter terminado o segundo mandato como
 Presidente da República, Cavaco Silva desvalorizou a "avaliação
 negativa" que os portugueses lhe fizeram quando saiu de Belém,
 repetindo que "sondagens, ruídos mediáticos, trepidações políticas, 
espuma dos dias" nunca influenciaram as suas decisões.
"Saí totalmente tranquilo, realizado", disse, garantindo que,
 ao fim de 30 anos na política é altura de colocar um ponto final.

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