A estatistica é como o Biquini :- o que mostra é sugestivo :- o que esconde é vital
Agência americana disponibilizou milhares de ficheiros na
O presidente português Costa Gomes (à esq.,
de frente) recebido pelo presidente americano Gerald
Ford, em dezembro de 1974: EUA acompanharam de
perto a Revolução do 25 de Abril
internet. E há muito para ler da história recente de Portugal
Não há segredos nos milhares de documentos que a CIA
colocou na internet ao alcance de todos, mas no mar
de textos disponibilizados podem ainda encontrar-se surpresas.
Portugal, o 25 de Abril, os anos quentes que se seguiram
e os protagonistas das décadas de 1970 e 1980 estão
abundantemente retratados nestes documentos.
colocou na internet ao alcance de todos, mas no mar
de textos disponibilizados podem ainda encontrar-se surpresas.
Portugal, o 25 de Abril, os anos quentes que se seguiram
e os protagonistas das décadas de 1970 e 1980 estão
abundantemente retratados nestes documentos.
Disponibilizados em janeiro (que podem ser vistos no endereço
https://www.cia.gov/library/readingroom/), estes ficheiros antes
só estavam acessíveis a quem fosse aos Estados Unidos,
como recordou ao DN o jornalista Nuno Simas, autor
de Portugal Classificado - Documentos Secretos Norte-Americanos
(1974-1975), editado pela Alêtheia Editores.
https://www.cia.gov/library/readingroom/), estes ficheiros antes
só estavam acessíveis a quem fosse aos Estados Unidos,
como recordou ao DN o jornalista Nuno Simas, autor
de Portugal Classificado - Documentos Secretos Norte-Americanos
(1974-1975), editado pela Alêtheia Editores.
"São milhares de documentos e tínhamos de ir aos EUA
para os consultar. Agora estão à distância de um clique e
permitem fazer download", explicou Simas, sublinhando a
importância desta decisão da agência americana. E que
abre "um mar" de páginas e páginas à espera de serem
navegadas - são 800 mil documentos, 13 milhões de páginas,
entre memorandos, relatórios, recortes de jornais. "É preciso refinar
a pesquisa", advertiu o jornalista.
para os consultar. Agora estão à distância de um clique e
permitem fazer download", explicou Simas, sublinhando a
importância desta decisão da agência americana. E que
abre "um mar" de páginas e páginas à espera de serem
navegadas - são 800 mil documentos, 13 milhões de páginas,
entre memorandos, relatórios, recortes de jornais. "É preciso refinar
a pesquisa", advertiu o jornalista.
A pesquisa por Portugal devolve-nos 8215 resultados. Entre
estes está o "memorando" que Henry A. Kissinger, com
o selo da Casa Branca, em que o então secretário de Estado
americano dava conta do "coup in Portugal" - o golpe era o
do 25 de Abril e já estava nas ruas há quatro dias, quando o
governante da administração de Gerald Ford aponta a
principal causa para "o golpe praticamente sem derramamento
de sangue" como sendo as "políticas de Lisboa para África
e as divisões entre os militares".
estes está o "memorando" que Henry A. Kissinger, com
o selo da Casa Branca, em que o então secretário de Estado
americano dava conta do "coup in Portugal" - o golpe era o
do 25 de Abril e já estava nas ruas há quatro dias, quando o
governante da administração de Gerald Ford aponta a
principal causa para "o golpe praticamente sem derramamento
de sangue" como sendo as "políticas de Lisboa para África
e as divisões entre os militares".
Mais à frente, Kissinger apontava que os militares "insurrectos", "
soberbamente organizados e bem conduzidos", "tomaram
o poder de surpresa". E numa nota de alívio o governante
sublinhava que, até aquele momento, "o novo governo
parece ter o controlo completo". Nuno Simas notou que
os americanos não estiveram "muito longe" na parte de
África, "foram mais corretos", do que "na avaliação interna
" e na perceção do "poder que cada um tinha". "Houve
um erro de cálculo. Foram um bocadinho ao lado. Acharam que
podiam ter Spínola como aliado", exemplificou.
soberbamente organizados e bem conduzidos", "tomaram
o poder de surpresa". E numa nota de alívio o governante
sublinhava que, até aquele momento, "o novo governo
parece ter o controlo completo". Nuno Simas notou que
os americanos não estiveram "muito longe" na parte de
África, "foram mais corretos", do que "na avaliação interna
" e na perceção do "poder que cada um tinha". "Houve
um erro de cálculo. Foram um bocadinho ao lado. Acharam que
podiam ter Spínola como aliado", exemplificou.
Irão-Contras em Lisboa
Sem antecipar grandes revelações, há coisas que ainda
merecem um olhar atento na pesquisa de filigrana que
é necessário fazer. Por exemplo, no caso do Irão-Contras,
um escândalo que abalaria nos anos 1980 a administração
Reagan, por financiamento dos Contras nicaraguenses,
quebrando um embargo de armas ao Irão. "Uma das primeiras
notícias", agora disponibilizada pela CIA, "aponta logo para
voos com passagem por Lisboa", anotou Simas. "Até que ponto
Portugal sabia desta operação", questionou-se o jornalista.
merecem um olhar atento na pesquisa de filigrana que
é necessário fazer. Por exemplo, no caso do Irão-Contras,
um escândalo que abalaria nos anos 1980 a administração
Reagan, por financiamento dos Contras nicaraguenses,
quebrando um embargo de armas ao Irão. "Uma das primeiras
notícias", agora disponibilizada pela CIA, "aponta logo para
voos com passagem por Lisboa", anotou Simas. "Até que ponto
Portugal sabia desta operação", questionou-se o jornalista.
Estes ficheiros foram considerados como "não confidenciais"
já nos anos 1990 e então disponibilizados ao público, mas a
desclassificação foi parcial - no referido memorando sobre o
25 de Abril está lá a indicação: "Sem objeção para
desclassificação em parte."
já nos anos 1990 e então disponibilizados ao público, mas a
desclassificação foi parcial - no referido memorando sobre o
25 de Abril está lá a indicação: "Sem objeção para
desclassificação em parte."
A sua consulta era difícil, mesmo para americanos. Os documentos só
podiam ser vistos e lidos num departamento da CIA, a partir de
quatro computadores do edifício dos Arquivos Nacionais, em
College Park, no estado do Maryland, mas a pressão de jornalistas,
investigadores e da Muckrock - organização não governamental
que processou a agência em 2014 para poder ter acesso a estes
ficheiros - resultou nesta divulgação em massa.
podiam ser vistos e lidos num departamento da CIA, a partir de
quatro computadores do edifício dos Arquivos Nacionais, em
College Park, no estado do Maryland, mas a pressão de jornalistas,
investigadores e da Muckrock - organização não governamental
que processou a agência em 2014 para poder ter acesso a estes
ficheiros - resultou nesta divulgação em massa.
"O acesso a esta importante coleção histórica já não está limitado
pela localização geográfica", admitiu Joseph Lambert, diretor da
gestão de informações da CIA, segundo um comunicado citado
pela CNN. Nenhum dos documentos disponibilizados nesta base
de dados Crest (CIA Records Search Tool - em português, ferramenta
de pesquisa dos registos da CIA) deixou de ser secreto recentemente.
pela localização geográfica", admitiu Joseph Lambert, diretor da
gestão de informações da CIA, segundo um comunicado citado
pela CNN. Nenhum dos documentos disponibilizados nesta base
de dados Crest (CIA Records Search Tool - em português, ferramenta
de pesquisa dos registos da CIA) deixou de ser secreto recentemente.
A leitura dos analistas da CIA e do Departamento do Estado
americano era muito feita a partir de "como é que isso afeta os
interesses dos americanos", registou Nuno Simas, como por
exemplo numa "análise circunstanciada às eleições de 1986",
em que Mário Soares é eleito presidente da República, com o apoio
do PCP na segunda volta. Segundo a agência Lusa, a CIA alertou,
nesse ano, que a vitória de Mário Soares nas eleições presidenciais
não apagava os riscos de instabilidade política em Portugal, e
antecipava um conflito, no futuro, com o seu "inimigo político"
Cavaco Silva. Pelos vistos, aqui acertaram.
americano era muito feita a partir de "como é que isso afeta os
interesses dos americanos", registou Nuno Simas, como por
exemplo numa "análise circunstanciada às eleições de 1986",
em que Mário Soares é eleito presidente da República, com o apoio
do PCP na segunda volta. Segundo a agência Lusa, a CIA alertou,
nesse ano, que a vitória de Mário Soares nas eleições presidenciais
não apagava os riscos de instabilidade política em Portugal, e
antecipava um conflito, no futuro, com o seu "inimigo político"
Cavaco Silva. Pelos vistos, aqui acertaram.
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