sábado, março 11, 2017

Ex-diretor-geral do Fisco diz que prioridade de Núncio era o e-Fatura

A estatistica é como o Biquini :- o que mostra é sugestivo :- o que esconde é vital


Brigas Afonso garante que nunca falou da publicitação dos dados 
das offshores com Paulo Núncio nem com a então ministra 
das Finanças
Brigas Afonso, ex-diretor geral da Autoridade Tributária, 
disse hoje na comissão parlamentar de Orçamento e Finanças
 que nunca recebeu orientações sobre a publicação das estatísticas
 referentes às transferências financeiras para paraísos fiscais, 
nem sequer falou com Paulo Núncio sobre o assunto. O tema
 "nunca foi abordado" com o então secretário de Estado dos 
Assuntos Fiscais, garante o antigo responsável do fisco, que
 acrescentou que a "prioridade do secretário de Estado era o e-Fatura".
Brigas Afonso, que esteve na direção da Autoridade Tributária
 entre 1 de Julho de 2014 e 23 de Março de 2015, está nesta
 altura a responder aos deputados no âmbito das audições para
 esclarecer a não publicação dos dados estatísticos sobre 
transferências financeiras para off shores, e a falha de controlo 
que fez com que dez mil milhões de euros saíssem do país para
 paraísos fiscais sem passar pelo crivo do fisco, entre 2011 e 2014. 
O antigo responsável garante que nunca falou da publicitação dos
 dados nem com Paulo Núncio nem com a então ministra das Finanças, 
Maria Luís Albuquerque. O assunto também não foi abordado com
 o seu antecessor no cargo, Azevedo Pereira, e Brigas Afonso diz
 não ter tido conhecimento do documento que este último tinha 
apresentado ao secretário de Estado para a divulgação dos dados, e que Núncio despachou com um "visto" que não deu sequência ao processo.
O antigo diretor-geral referiu também que nunca chegaram ao 
seu conhecimento falhas informáticas que pudessem justificar o 
não tratamento dos dados. Questionado pelo deputado socialista
 Eurico Brilhante Dias, Brigas Afonso acrescentou que durante os oito meses em que foi 
diretor-geral a Autoridade Tributária esteve sem diretor-geral
 para a área das tecnologias de informação. O antigo responsável do fisco diz que pediu a Paulo Núncio que o cargo fosse preenchido, mas que o governante "não deu seguimento" ao pedido. A justificação "era que não tinha tido oportunidade de falar disto com a senhora ministra".
Na última quarta-feira, o atual secretário de Estado dos Assuntos
 Fiscais, Rocha Andrade, disse no parlamento que uma falha 
informática na transferência dos dados do portal das Finanças
 para o sistema central fez com que os dez mil milhões euros 
transferidos para paraísos fiscais entre 2011 e 2014, respeitantes a 
cerca de 14 mil operações, não fossem inspecionados.
Questionado pelo PCP sobre se a publicitação dos dados destas 
transferências teria dado azo à descoberta desta falha, Brigas Afonso
 respondeu com "hipoteticamente sim".


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