sexta-feira, março 03, 2017

Perfumes falsificados colocam em risco a saú



ses feitas em laboratório revelaram que alguns perfumes contrafeitos contêm substâncias proibidas. São produzidos em instalações ilegais onde não há controlo de qualidade
Vendem-se na internet, nas feiras, nas ruas.
Têm uma imagem e cheiro semelhantes
aos originais, mas são mais baratos.
Além de um forte impacto
na indústria (perdas anuais para
o setor da perfumaria e cosmética
entre 12.5 a 17.5%), alguns
perfumes falsificados contêm substâncias
 proibidas e prejudiciais para a saúde
e segurança dos consumidores.
Segundo um estudo feito pela
Associação Nacional de Perfumaria
e Cosmética de Espanha, citado pelo
 El Mundo, há perfumes falsificados
que têm compostos proibidos como o
 etilenglicol (conservante) e que carecem
de proteção ultravioleta, pelo que
 podem sofrer alterações e provocar
 reações adversas, como alergias ou
 manchas. Enquanto os perfumes
originais têm mais de 80 substâncias,
a pesquisa revelou que os contrafeitos
 têm apenas 20 a 25 e, em muitos casos,
 diferentes das originais. Cinquenta
por cento da composição é água e etanol
 industrial ou de baixa pureza.
"Sendo um produto de aplicação na pele,
 se não for devidamente triado e analisado,
 pode provocar dermites de contacto por
 reações de hipersensibilidade ou ação
irritativa direta. Além disso, a evaporação
 pode causar doenças do foro respiratório",
 explica Paulo Ferreira, dermatologista da
CUF Descobertas. Segundo o especialista,
o etilenglicol pode ter uma toxicidade
aguda, com impacto a vários níveis,
 nomeadamente neurológico e hematológico.
Além de fragrâncias, os perfumes têm
 conservantes para não se deteriorarem.

"Podem ter vários níveis de toxicidade,
por isso têm de ser devidamente regulados.
" Ao DN, Ana Maria Couras,
presidente da Associação dos Industriais de
Cosmética, Perfumaria e Higiene Corporal
(AIC), diz que este é um mercado "
de produtos altamente regulados para
 garantir a segurança e saúde dos
 consumidores". Os produtos contrafeitos,
"não respeitam a legislação e usam todo
 o tipo de ingredientes, muitos que podem
 estar proibidos e são perigosos".
Os perfumes não são objetos de autorização
prévia à colocação no mercado. No entanto,
 explica o Infarmed, há legislação nacional
 e europeia "relativa aos requisitos a cumprir
 pelos cosméticos e que garantem a vigilância
 e a proteção da saúde pública." O problema,
 dizem as associações, é que estas falsificações
 são produzidas em instalações que
 não respeitam
 qualquer norma.
Após a entrada dos perfumes no mercado,
o Infarmed realiza ações inspetivas.
 No ano passado, por exemplo,
foram realizadas 71 inspeções a
entidades que comercializam cosméticos,
 mas não foi detetada "a existência
 de produtos falsificados", o que
 "constitui crime". Ana Maria Couras
diz que "a esmagadora maioria do comércio
da contrafação acontece online",
o que dificulta a fiscalização.
Forte impacto na indústria
De acordo com o último estudo publicado
 pelo Instituto da Propriedade Intelectual
 da União Europeia, a contrafação de
perfumes faz Portugal perder entre
12.5 a 17.5% das vendas anuais do setor ,
uma percentagem bem superior à média
da UE (7.8%), onde os produtos
falsificados roubam mais de 50 mil postos de
trabalho.
"Com a publicação do relatório, tornou-se
muito evidente o impacto que a
 contrafação tem.
Na UE, o setor ficou muito admirado,
porque não existia a noção que o
peso fosse tão grande",
 admitiu ao DN Ana Maria Couras.
Além de aumentar o controlo e tornar
 "mais visíveis as ações" das autoridades
- a ASAE anuncia com frequência
a apreensão de perfumes contrafeitos -,
a presidente da AIC diz que é preciso
"alertar os consumidores para não se
 exporem a produtos que lhes podem
trazer problemas".
O setor low cost
É importante distinguir os perfumes
falsificados daqueles que têm fragrâncias
 ou aromas semelhantes aos das marcas,
 apresentados muitas vezes como low cost.
 "Em princípio, esses estão a seguir as
regras da União Europeia", refere
Ana Couras.
Contactada pelo DN, Sara Cabello, diretora
 de comunicação da Equivalenza, umas
das low-cost mais populares, diz que
os produtos da marca são fabricados na
UE e que passam por um apertado controlo
 de qualidade. O que a Equivalenza faz,
explica a sua representante, é "trabalhar
 as tendências no mundo da perfumaria"
e, por isso, recusa que sejam classificados
 de "imitações". Relativamente a estes
produtos, o Infarmed revela que "tem
acompanhado situações relacionadas com
 a venda de perfumes, particularmente
vendas avulso", mas, até ao momento,
não foi detetada nenhuma situação
crítica para a saúde pública.

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