A estatistica é como o Biquini :- o que mostra é sugestivo :- o que esconde é vital
Recrutamento está a aumentar. A procura já é superior à oferta. Salários chegam a ultrapassar os 1800 euros, mais o alojamento
Cuidar de doentes como a sogra
Nas ofertas de trabalho que existem online não é feita nenhuma
exigência especial, basta falar um pouco de inglês. Não é
pedida experiência ou formação para trabalhar com idosos,
nem idades específicas. Até porque ao chegar a Inglaterra -
o mercado que mais procura estes profissionais em Portugal,
tendo também a Alemanha contratado muitas pessoas -
as entidades para as quais vão trabalhar são obrigadas
a dar formação aos funcionários de forma a receberem o
certificado que os autoriza a trabalhar.
Recrutamento está a aumentar. A procura já é superior à oferta. Salários chegam a ultrapassar os 1800 euros, mais o alojamento
O Reino Unido e a Alemanha estão a contratar em Portugal
dezenas de auxiliares para trabalhar em lares, centros de
saúde e em casas de idosos do país. Os britânicos pagam
três vezes mais do que em Portugal, com salários a
chegarem aos 1800 euros. Profissionais da área da saúde
e desempregados são os mais recrutados. O interesse no
recrutamento de cidadãos nacionais para esta área de cuidados
de saúde especializados sofreu um grande aumento no ano
passado, mantendo-se nos primeiros dois meses de 2017
dezenas de ofertas para o setor em sites de empresas de
recrutamento. Isto apesar do brexit, cujos eventuais efeitos são,
para já, desvalorizados.
dezenas de auxiliares para trabalhar em lares, centros de
saúde e em casas de idosos do país. Os britânicos pagam
três vezes mais do que em Portugal, com salários a
chegarem aos 1800 euros. Profissionais da área da saúde
e desempregados são os mais recrutados. O interesse no
recrutamento de cidadãos nacionais para esta área de cuidados
de saúde especializados sofreu um grande aumento no ano
passado, mantendo-se nos primeiros dois meses de 2017
dezenas de ofertas para o setor em sites de empresas de
recrutamento. Isto apesar do brexit, cujos eventuais efeitos são,
para já, desvalorizados.
Para conseguir convencer as pessoas a irem trabalhar para
Inglaterra, é oferecido um salário que pode chegar aos
1800 euros mensais (se for para ficar em casa de um idoso
pode subir, e ir até aos cem euros/dia em média), quando
em Portugal um auxiliar ganha, na maior parte dos casos,
o salário mínimo: 557 euros. Além de existir a possibilidade
de lhes ser oferecido o alojamento e as refeições, no caso das
pessoas que são contratadas para trabalhar como internas.
Inglaterra, é oferecido um salário que pode chegar aos
1800 euros mensais (se for para ficar em casa de um idoso
pode subir, e ir até aos cem euros/dia em média), quando
em Portugal um auxiliar ganha, na maior parte dos casos,
o salário mínimo: 557 euros. Além de existir a possibilidade
de lhes ser oferecido o alojamento e as refeições, no caso das
pessoas que são contratadas para trabalhar como internas.
A procura é tal que, segundo garantiram ao DN responsáveis
de algumas das empresas contactadas, chega a não haver
resposta para tanto interesse, principalmente das instituições
britânicas. "Há uma procura massiva de auxiliares de ação
médica e geriatria. Até está a acontecer que algumas empresas
inglesas estão a instalar filiais em Portugal. Apesar de outras
preferirem fazer parcerias com empresas nacionais",
confirmou ao DN Helena Ribeiro, responsável da Go Work,
uma das firmas de recrutamento que trabalham na área da saúde.
de algumas das empresas contactadas, chega a não haver
resposta para tanto interesse, principalmente das instituições
britânicas. "Há uma procura massiva de auxiliares de ação
médica e geriatria. Até está a acontecer que algumas empresas
inglesas estão a instalar filiais em Portugal. Apesar de outras
preferirem fazer parcerias com empresas nacionais",
confirmou ao DN Helena Ribeiro, responsável da Go Work,
uma das firmas de recrutamento que trabalham na área da saúde.
"Esta área é muito forte no Reino Unido. Têm muitos idosos
que precisam de cuidados, mesmo em casa", sublinhou ao
DN Filipe Amorim, da Manda-te.com. "Neste último ano,
colocámos 40 pessoas", acrescentou , lembrando que nesse
período receberam 3000 candidaturas para trabalhar na área.
que precisam de cuidados, mesmo em casa", sublinhou ao
DN Filipe Amorim, da Manda-te.com. "Neste último ano,
colocámos 40 pessoas", acrescentou , lembrando que nesse
período receberam 3000 candidaturas para trabalhar na área.
Cuidar de doentes como a sogra
Nas ofertas de trabalho que existem online não é feita nenhuma
exigência especial, basta falar um pouco de inglês. Não é
pedida experiência ou formação para trabalhar com idosos,
nem idades específicas. Até porque ao chegar a Inglaterra -
o mercado que mais procura estes profissionais em Portugal,
tendo também a Alemanha contratado muitas pessoas -
as entidades para as quais vão trabalhar são obrigadas
a dar formação aos funcionários de forma a receberem o
certificado que os autoriza a trabalhar.
Com uma população idosa de cerca de 11 milhões de pessoas
(com mais de 65 anos e segundo dados do início de 2016),
para uma população total de 64 milhões (em 2014, os
dados oficiais mais recentes), o Reino Unido necessita
de pessoal para trabalhar neste setor para o qual as
entidades locais não parecem encontrar interessados.
"Aquilo de que nos vamos apercebendo é que a razão
para os ingleses contratarem pessoas para tratar dos
idosos está relacionada com a sua falta de aptidão técnica
e comportamental para este trabalho. Não é qualquer
pessoa que tem aptidão para tratar de um idoso ou
de uma pessoa acamada", adiantou ao DN Helena Ribeiro,
cuja empresa está a colocar pessoas a trabalhar
em centros de saúde.
(com mais de 65 anos e segundo dados do início de 2016),
para uma população total de 64 milhões (em 2014, os
dados oficiais mais recentes), o Reino Unido necessita
de pessoal para trabalhar neste setor para o qual as
entidades locais não parecem encontrar interessados.
"Aquilo de que nos vamos apercebendo é que a razão
para os ingleses contratarem pessoas para tratar dos
idosos está relacionada com a sua falta de aptidão técnica
e comportamental para este trabalho. Não é qualquer
pessoa que tem aptidão para tratar de um idoso ou
de uma pessoa acamada", adiantou ao DN Helena Ribeiro,
cuja empresa está a colocar pessoas a trabalhar
em centros de saúde.
Maria do Carmo (55 anos) é um exemplo de uma pessoa
que decidiu deixar Portugal para ir tratar de idosos, atualmente
em Londres. "Estava desempregada e decidi emigrar,
já estive em três países e agora estou no Reino Unido",
contou ao DN. Cuida de idosos com Alzheimer, um
trabalho que "exige grande disponibilidade, atenção
e dedicação. O facto de ter cuidado da minha sogra,
que sofria dessa doença, despertou-me a sensibilidade
e foi no Reino Unido, que tem uma grande percentagem
de idosos portadores dessa doença, que encontrei muita
necessidade de geriatras".
que decidiu deixar Portugal para ir tratar de idosos, atualmente
em Londres. "Estava desempregada e decidi emigrar,
já estive em três países e agora estou no Reino Unido",
contou ao DN. Cuida de idosos com Alzheimer, um
trabalho que "exige grande disponibilidade, atenção
e dedicação. O facto de ter cuidado da minha sogra,
que sofria dessa doença, despertou-me a sensibilidade
e foi no Reino Unido, que tem uma grande percentagem
de idosos portadores dessa doença, que encontrei muita
necessidade de geriatras".
Esta facilidade de trabalhar com pessoas de idade que os
portugueses demonstram é um fator que contribui para
a boa imagem que lhes é reconhecida e para a qual foi
importante o trabalho dos enfermeiros que emigraram
em força para o Reino Unido a partir de 2011.
portugueses demonstram é um fator que contribui para
a boa imagem que lhes é reconhecida e para a qual foi
importante o trabalho dos enfermeiros que emigraram
em força para o Reino Unido a partir de 2011.
"Há falta de pessoal na área da saúde e por isso eles
[as empresas inglesas] recorrem a Portugal. Até 2013 recorriam
a enfermeiros, mas, como passou a ser obrigatório
um exame de inglês para esta classe poder trabalhar lá -
tem de ter uma nota de sete numa escala que vai até nove -,
as empresas começaram a recorrer mais aos auxiliares",
explicou ao DN Ricardo Magalhães,
da Reach Health Recruitment. Que garante ter a sua
empresa candidaturas de pessoas com e sem formação
e de várias idades. Em Inglaterra vão trabalhar para
lares (privados ou públicos) e com um vencimento que
não é comparável ao oferecido em Portugal. "Vão receber
1800 euros por mês, cá não ganham nada parecido", frisou.
[as empresas inglesas] recorrem a Portugal. Até 2013 recorriam
a enfermeiros, mas, como passou a ser obrigatório
um exame de inglês para esta classe poder trabalhar lá -
tem de ter uma nota de sete numa escala que vai até nove -,
as empresas começaram a recorrer mais aos auxiliares",
explicou ao DN Ricardo Magalhães,
da Reach Health Recruitment. Que garante ter a sua
empresa candidaturas de pessoas com e sem formação
e de várias idades. Em Inglaterra vão trabalhar para
lares (privados ou públicos) e com um vencimento que
não é comparável ao oferecido em Portugal. "Vão receber
1800 euros por mês, cá não ganham nada parecido", frisou.
Aproveitar, apesar do brexit
Ir para o Reino Unido com pouco mais de 300 euros foi o desafio
de Filipa Silva, que aos 39 anos e desempregada
decidiu aceitar a proposta de trabalho como "auxiliar
de saúde". "Falava-se no brexit, é evidente que pensei
como seria o cenário dos próximos tempos, mas também
pensei que se não aproveitasse esta oportunidade podia
não ter outra", adiantou ao DN esta estudante de Gestão,
do ISCAL, e que sempre trabalhou na área administrativa.
de Filipa Silva, que aos 39 anos e desempregada
decidiu aceitar a proposta de trabalho como "auxiliar
de saúde". "Falava-se no brexit, é evidente que pensei
como seria o cenário dos próximos tempos, mas também
pensei que se não aproveitasse esta oportunidade podia
não ter outra", adiantou ao DN esta estudante de Gestão,
do ISCAL, e que sempre trabalhou na área administrativa.
Sobre o trabalho, frisa que foi "um desafio, confesso
que pela positiva. Sabia que o meu interesse pela área
da saúde é imenso, mas daí a imaginar que viria a trabalhar
na área nunca me passou pela cabeça. São 12 horas por dia,
verdadeiramente árduos em termos físicos e psicológicos", contou.
que pela positiva. Sabia que o meu interesse pela área
da saúde é imenso, mas daí a imaginar que viria a trabalhar
na área nunca me passou pela cabeça. São 12 horas por dia,
verdadeiramente árduos em termos físicos e psicológicos", contou.
Entre os trabalhadores e recrutadores ouvidos pelo DN, o brexit
(saída do Reino Unido da União Europeia, com consequências
a nível da mobilidade e autorizações de trabalho) não atemoriza.
Em geral, dizem que o risco ainda compensa.
(saída do Reino Unido da União Europeia, com consequências
a nível da mobilidade e autorizações de trabalho) não atemoriza.
Em geral, dizem que o risco ainda compensa.
Em Portugal falta pessoal
A falta de auxiliares de geriatria não é um problema apenas
no Reino Unido ou na Alemanha. Também em Portugal os
lares e as casas de repouso têm dificuldades em criar equipas,
como disse ao DN João Ferreira de Almeida. O presidente da
Associação de Apoio Domiciliário, de Lares e Casas de Repouso
de Idosos reconhece que esta questão é problemática, mas não
porque as pessoas estejam a emigrar. "Há muitos anos que
temos dificuldades de recrutamento de ajudantes de ação direta,
como é o nome da profissão", diz, explicando a razão: "
A maioria ganha o ordenado mínimo,
apesar de haver lares a pag acima disso.
Já disse a muitos sócios que se estão satisfeitos com as equipas
lhes devem pagar melhor, para que fiquem. Além disso, há muita falta
de profissionalismo."
no Reino Unido ou na Alemanha. Também em Portugal os
lares e as casas de repouso têm dificuldades em criar equipas,
como disse ao DN João Ferreira de Almeida. O presidente da
Associação de Apoio Domiciliário, de Lares e Casas de Repouso
de Idosos reconhece que esta questão é problemática, mas não
porque as pessoas estejam a emigrar. "Há muitos anos que
temos dificuldades de recrutamento de ajudantes de ação direta,
como é o nome da profissão", diz, explicando a razão: "
A maioria ganha o ordenado mínimo,
apesar de haver lares a pag acima disso.
Já disse a muitos sócios que se estão satisfeitos com as equipas
lhes devem pagar melhor, para que fiquem. Além disso, há muita falta
de profissionalismo."
Sem comentários:
Enviar um comentário