quarta-feira, março 15, 2017


«Um punhado de notas, uma prostituta no quarto de hotel…» - 27 anos depois, Tapie fala do golo de Vata com a mão ao Marselha
11:41 - 15-03-2017
Bernard Tapie, histórico antigo presidente do Marselha, recordou em entrevista 
ao L’Equipe a eliminatória diante do Benfica, em abril de 1990, decidida a favor dos
 portugueses com golo de Vata, obtido com a mão.

Hoje com 74 anos, o homem que devolveu o Marselha aos títulos, na década de 1980
, e acabou suspenso por um processo de corrupção, coloca em causa a honestidade
 do árbitro e a atuação do Benfica nessa célebre meia final da Taça dos Campeões Europeus.

«Vou dizer-te uma coisa grave. Quando o Vata nos eliminou, marcando com a mão, 
fiquei absolutamente convencido de que o árbitro o viu. Como o golo foi validado,
 não posso pensar noutra coisa que não em desonestidade, algo como um arranjinho
 por um punhado de notas, um presente, uma prostituta enviada ao seu quarto de hotel,
 ou qualquer das situações que estamos habituados a referir nestes casos», disse o
 empresário.

Tapie, que entrou em contacto com os jornalistas do L’Equipe depois de ler uma 
reportagem
 na edição de terça-feira do jornal francês sobre o fim da ligação entre o clube que
 presidiu e a Adidas, acabou rapidamente a falar de outros assuntos, em concreto 
os problemas com a arbitragem. E os jogos Benfica-Marselha, de 1990, e o 
Barcelona-PSG desta temporada (6-1) estão no centro das suas atenções.

«Não há dúvida alguma de que o árbitro errou, de que o fez inconscientemente.
 Os árbitros são homens, apaixonados pelo futebol como eu e tu, muitas vezes ao
 longo de dezenas de anos. Deixam-se fascinar por certos jogadores e certos clubes.
 És alemão, arbitras o PSG Barcelona e é óbvio que PSG não te diz nada, nada. O clube
 não faz sonhar, é o Barcelona que te faz sonhar, não o PSG. Quando o Cavani brilha 
isso não acaba com o que é Messi. Sobretudo quando o clube mítico joga em casa»,
 refletiu.

Retomando a ligação ao jogo com o Benfica, e para frisar o que disse sobre a 
importância mediática dos clubes e dos seus jogadores, Tapie recorreu à própria
 experiência enquanto líder do Marselha: «Depois do jogo com Benfica eu disse ‘percebi’
 e toda a gente gritou que eu ia começar a pagar a árbitros. Na verdade, contratei 
Franz Beckenbauer uns meses mais tarde, foi nosso treinador algum 
tempo e depois
 passou a diretor desportivo. Era incrível! Os árbitros pediam-lhe autógrafos
 na bola de jogo. Beneficiámos muito da sua incrível notoriedade. Deu-nos o seu prestígio 
e, é verdade, os clubes grandes são favorecidos».

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