domingo, março 15, 2015

PS vai exigir avaliação das nomeações para cargos de direcção no Estado



O secretário-geral do PS, António Costa, considerou "infelizes" as declarações do Presidente da República ao "desviar para a oposição as responsabilidades exclusivas" de Pedro Passos Coelho no caso da dívida à Segurança Social.
Em declarações à SIC, António Costa reagiu às declarações de Cavaco Silva, que hoje se escusou a comentar a dívida do primeiro-ministro à Segurança Social, considerando que está "acima das polémicas dos partidos" e defendendo que já "cheira a campanha eleitoral".

"Foram declarações muito infelizes", afirmou o líder do PS, considerando que o Presidente da República "não só justificou" a actuação de Passos Coelho como "culpou os outros".

Para António Costa, a situação levanta uma questão política que é saber se agora "o primeiro-ministro tem autoridade para impor e exigir o cumprimento dos deveres aos portugueses".

No entanto, quando questionado pela SIC, António Costa escusou-se a responder se Passos Coelho está em condições para continuar o seu mandato, afirmando apenas que "a questão da demissão está nas mãos dos portugueses".

António Costa considerou que o processo em torno da dívida à Segurança Social e a falta de respostas adequadas por parte de Passos Coelho é "um mau caminho" e "mina a credibilidade das instituições".
Questionado hoje sobre a polémica, Cavaco Silva defendeu que "um presidente de bom senso deve deixar aos partidos as suas controvérsias político-partidárias que já cheiram a campanha eleitoral".

Afirmando ter "muita experiência para saber distinguir entre aquilo que são jogadas político-partidárias e o que são outras matérias" o chefe de Estado apelou aos partidos políticos que "se concentrem na resolução dos reais problemas do país".

Na semana passada, o jornal Público revelou que Passos Coelho esteve cinco anos sem pagar contribuições para a Segurança Social, entre 1999 e 2004, situação que o primeiro-ministro justificou com a falta de conhecimento e de notificação pelos serviços oficiais.



O secretário-geral do PS anunciou este sábado que vai exigir um balanço das nomeações até agora feitas para cargos de direcção superior da administração pública, alegando que, apesar dos concursos, os nomeados são sempre do PSD ou CDS.
António Costa falava no discurso de encerramento das Jornadas Parlamentares do PS, que se realizaram em Gaia, numa parte da sua intervenção que dedicou à fiscalização política do actual Governo e em que se referiu à necessidade de se fazer um balanço sobre o trabalho da CRESAP (Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública).

"É altura de fazer uma avaliação do trabalho da CRESAP e dos resultados da aplicação do trabalho da CRESAP por este Governo", referiu o líder socialista.

Para introduzir o tema, António Costa socorreu-se de uma imagem síntese da modalidade futebol feita por um antigo ponta-de-lança inglês: O futebol é um jogo entre duas equipas, de 11 contra 11, em que no final ganha a Alemanha.

Talvez por cautela, face ao actual ambiente político na Europa, o secretário-geral do PS, quando citou este lema, evitou dizer que no final ganha sempre a Alemanha, mas aplicou-o à realidade do processo de nomeações em Portugal.

"Olho para os resultados da CRESAP e começo a achar que era uma história parecida, porque há muito concurso, há muita transparência, são todos objectivamente avaliados, a CRESAP até indica ao Governo sempre três nomes de candidatos apurados, mas, depois, no fim, é sempre alguém do PSD ou do CDS que é nomeado para aquele lugar", declarou, recebendo palmas da plateia.

Neste contexto, o secretário-geral do PS defendeu que, em período de final de legislatura, "é altura de se fazer um balanço sobre as nomeações.

"Porque já vimos o que aconteceu nos dirigentes regionais da Segurança Social e nas comissões de coordenação de desenvolvimento regional (com uma única excepção criteriosamente exemplificada para ser a excepção que confirma a regra). A verdade é que o resultado é sempre o mesmo. Isto não pode deixar de merecer a devida fiscalização por parte da Assembleia da República", advertiu o líder socialista.

Na sua intervenção, o secretário-geral do PS retomou também exigência de explicações feita na sexta-feira pelo seu líder parlamentar, Ferro Rodrigues, no sentido de que haja um esclarecimento cabal sobre a eventual existência de uma lista VIP de contribuintes.

"O Governo tem de ir ao parlamento e explicar muito bem se há ou não há - e que critérios terão sido eventualmente estabelecidos - contribuintes VIP com tratamento especial da nossa administração fiscal", insistiu António Costa.


Sem comentários: