quarta-feira, junho 10, 2015

  • A fechar o interrogatório, houve ainda perguntas sobre viagens a Vezena, em dois finais de ano consecutivos, que Carlos Santos Silva terá pago a Sócrates e a amigos e família quando este era primeiro-ministro. Sócrates confirmou as viagens, mas insistiu na sua relação de longa amizade com o empresário. O inspetor tributário, que estava também presente, perguntou porque algumas faturas foram passadas em nome do ex-PM e depois corrigidas – ficando em nome de Santos Silva. Sócrates alegou não se recordar dos detalhes de uma viagem com vários anos e Rosário Teixeira insistiu: “Se me tivessem oferecido um fim de ano em Veneza, com certeza eu lembrar-me-ia de quem é que ofereceu. Por isso mesmo é que lhe foi feita a pergunta”. E Sócrates, de novo: “Não vá por aí, não vá por aí, pá”.

CASO SÓCRATES

MP tem novas pistas contra Sócrates. E teme “destruição de provas”

Sócrates pode perturbar "de forma significativa o inquérito" e até mesmo o perigo de fuga ainda existe - de forma mais diminuta. Ministério Público defende assim a manutenção do ex-PM em prisão.
MIGUEL RIOPA
José Sócrates pode perturbar “de forma significativa o inquérito”, assim como a recolha e conservação de provas. É assim que Rosário Teixeira, o procurador responsável pela Operação Marquês, justifica a medida de coação forte que ainda é aplicada ao ex-primeiro-ministro, ontem confirmada pelo juiz Carlos Alexandre. Mesmo o perigo de fuga não está afastado, embora “de forma mais diminuta”, diz o procurador,segundo a edição desta quarta-feira do Diário de Notícias.
Também hoje, o Correio da Manhã e a revista Sábado garantem que há “novas pistas” que estão a merecer a atenção dos investigadores. Uma delas está relacionada com negócios feitos na Ota e em Alcochete, zonas onde o Governo socialista admitiu instalar o novo aeroporto de Lisboa, e onde terão sido identificados movimentos de compra e venda de terrenos envolvendo pessoas ligadas ao Grupo Lena.
O Correio da Manhã diz que o ex-primeiro-ministro foi interrogado sobre os dados quando esteve em Lisboa, a 27 de maio, mas admite que o Ministério Público “escondeu, no essencial, os pormenores dos negócios”, suspeitando agora que o arguido tenha recebido luvas para mudar a localização do aeroporto para Alcochete, antes de a crise inviabilizar a obra.
Outra das novas suspeitas prende-se com a construção de empreendimentos de luxo em Vale do Lobo. Em causa, diz o CM, está uma resolução do Conselho de Ministros de 2007 que aprovou o Plano de Ordenamento do Território do Algarve, assim como transferências de 12 milhões de euros para dois empresários, Hélder Bataglia (Escom) e Joaquim Barroca (Grupo Lena) – depois transferidos para Santos Silva, co-arguido na Operação Marquês. O MP acredita que o destinatário final desse dinheiro podia ser Sócrates.
Já na Sábado, no relato do último interrogatório em Lisboa, acrescenta-se nova suspeita: a da compra de uma quinta que pertenceu a Duarte Lima, ex-líder parlamentar do PSD, através de uma offshore sediada na nas ilhas virgens britânicas. A quinta, com três hectares, continua na posse dessa empresa, mas a dita empresa mudou várias vezes de mãos: do construtor civil José Guilherme, depois por um primo de Sócrates (José Paulo Bernardo) e deste para o empresário Luís Barroca, um dos donos do Grupo Lena que está em prisão domiciliária no caso Sócrates.
A suspeita, diz a revista, é que tenha existido uma venda simulada do imóvel para esconder a ligação ao ex-primeiro-ministro, de novo com Santos Silva como intermediário.
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ddinis@observador.pt
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14 Comentários

  • António Joaquim Aragão Aires10 Jun 2015
    Com tantos indicios, com tantas averiguações, tantas ramificações, quantos estão em prisão preventiva, porque é que ainda estão em preventiva e não há já uma acusação formalizada, deve haver já qualquer coisa de concreto, que não iria interferir com o continuação das averiguações. Assim é só um avolumar de indicios que irão trazer confusão à acusação facilitando o trabalho da defesa.
    • jose da silva10 Jun 2015
      dois anos e meio a investigar. 800 dias para apurar factos, pedir registos, ouvir e transcrever escutas. seis meses de preventiva e não há vislumbre de acusação.
      seja culpado ou inocente, o caso do sócras mostra bem como pode ser injusta a justiça em portugal e como a leviandade dos procuradores e juízes podem destruir a vida de uma pessoa.
      lembro-me de um caso, passado há 10 anos em portugal, em que o desgraçado foi acusado injustamente, e ao fim de dois anos em preventiva a acusação caiu pela raiz apenas porque o advogado oficioso do desgraçado, que sempre tinha apontado as provas de inocência, as fez valer logo na primeira sessão de julgamento.
      provas que existiam desde o início, que ilibavam o “arguido” e a que o procurador e juiz fizeram tábua rasa.
      resultado: o desgraçado perdeu o emprego, a casa, o carro, a família. e o procurador incompetente e o juíz idiota ficaram na boa, sem mácula.
      justiça da treta
  • Antonio Velez10 Jun 2015
    Diz o presidente da Associação de Advogados Penalistas, Paulo Sá e Cunha, que o facto de alguém recusar o uso de uma pulseira electrónica não deve levar o Ministério Público a sustentar a prisão preventiva. “A prisão preventiva é uma medida absolutamente excepcional. Quando o Ministério Público promove uma medida menos grave está a reconhecer que a prisão preventiva não é necessária e, por isso, a sua manutenção é ilegal”, sublinha Sá e Cunha.
    Há procuradores do MP que têm “tiques” ditatoriais e têm que ser expurgados do sistema, assim como alguns juízes que assinam por baixo e com eles fazem parceria. Estão a varrer os diplomas legais para debaixo do tapete e a sua conduta assenta na mais baixa e reles vingançazinha pessoal. Estão a conspurcar a imagem de quem trabalha no sistema judicial português e o faz com brio e sentido democrático. É o próprio Estado Democrático que está em causa.
  • Ivan Fernandes10 Jun 2015
    Esta história é toda ela muito curiosa… Apesar de gostar do Eng. José Sócrates (melhor PM de Portugal no primeiro mandato), não consigo aceitar todas justificações que tem dado! Agora, pergunto-me, como é possível continuarmos com um ex-pm preso, sem uma acusação sólida, sem nada! Tudo aparenta ser baseado em teorias e suposições (talvez correctas), mas aparentemente impossíveis de provar! A justiça irá sair muito mal, Carlos Alexandre incluído.

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