domingo, julho 05, 2015

o cONDICIONAMENTO

Vai começar a escolha dos deputados. Entre os mais próximos do ex-primeiro ministro há nomes no fio da navalha.

Não é apenas o slogan segurista do "emprego, emprego, emprego", três vezes dito, que António Costa quer manter e recuperar para as próximas eleições legislativas. Também há nomes seguristas que vão entrar nas listas de deputados. Nesta semana começam as concelhias a fechar as suas propostas, na semana seguinte será a vez de as federações distritais mexerem e voltarem a dar de novo, para depois a direção nacional ditar a composição final. Tudo até dia 21.
Há outra sombra no horizonte que tem ajudado a alimentar guerras intestinas, umas mais surdas do que outras. Como as sondagens são menos otimistas, há quem receie ficar em lugares de eleição periclitante, sobretudo nos círculos eleitorais com número reduzido de deputados. Nos corredores do Parlamento, na última semana, fervilhavam as conversas e os rumores. Ao DN vários deputados preferiram deixar para mais tarde qualquer declaração sobre as listas.
Entre todos (costistas, seguristas e socráticos) há um consenso que é resumido nas palavras do secretário-geral do PS, António Costa, de esforço pela unidade entre os socialistas. "Eu sempre uni o partido e nunca o dividi", atirou numa já longínqua noite de janeiro de 2013 ao líder de então, António José Seguro. E este sempre foi um "partido de camadas", explicou Costa, na semana que passou, quando andou por terras do Minho. As camadas somam-se, não se excluem.
Os seguristas recordam que as eleições primárias já estão arrumadas. E que, no fundo, não houve divergências programáticas entre Seguro e Costa. Como que a justificar a inclusão de nomes que estavam antes com o anterior líder.
O próprio secretário-geral também deu o exemplo. Chamou Eurico Brilhante Dias para o grupo que coordenou o trabalho de elaboração do programa eleitoral. E agora já se fala no seu nome (ele que esteve no Rato com Seguro, mas nunca em São Bento) ou no de Álvaro Beleza para integrar as listas. Deputados como João Soares, Miguel Laranjeiro ou Mota Andrade devem ficar, apesar de o nome de Laranjeiro - o homem de mão de Seguro para o partido - levantar anticorpos entre costistas em Braga.

Dos socráticos, há quem já tenha assumido que não é candidato, antecipando-se a eventuais exclusões, como fez Paulo Campos. O ex-secretário de Estado das Obras Públicas diz que sai por questões "pessoais" e "profissionais".
Nos indefetíveis do ex-primeiro-ministro, há nomes no fio da navalha, como André Figueiredo ou José Lello. O critério não será o de serem "socráticos", apontou fonte ouvida pelo DN (afinal José Sócrates foi reeleito duas vezes com mais de 96% de votos dos socialistas), mas antes quem prefira desalinhar com aquilo que foi a linha traçada por Costa para separar as águas entre PS e Sócrates.
Aqueles que insistirem em fazer da prisão do antigo secretário-geral do PS "um caso político", no quadro das legislativas (como o próprio Sócrates argumentou na entrevista ao DN/TSF), podem não ter futuro parlamentar. Nesse caso, estarão a separar-se do que o líder socialista definiu como rumo para o PS. "Os sentimentos de solidariedade e amizade pessoais não devem confundir a ação política do PS , que é essencial preservar", escreveu Costa na manhã seguinte à prisão de Sócrates.

o codicionamento já começou - uma forma de ganhar ou perder alguns trunfos mediáticos

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