segunda-feira, dezembro 21, 2015

Sócrates, que criticou Costa pela ausência do PS nas presidenciais, fez ontem um violento ataque à candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa.

José Sócrates prossegue a sua intensíssima agenda que iniciou logo que deixou de estar em prisão domiciliária. O homem que disse que “não abdicaria de nenhum direito político” tem feito questão de confirmar, na prática, que assim será.
No sábado, acompanhado pelos seus advogados Pedro Delille e João Araújo, regressou à prisão de Évora, em visita de Natal, que durou cerca de uma hora.
Aos jornalistas que o aguardavam cá fora Sócrates disse ter ido cumprir “a obrigação moral” e “o dever” de desejar as boas-festas “aos amigos que deixou na prisão”, entre presos e guardas prisionais. “Visitar em época natalícia ex-companheiros de 10 meses de provação é uma atitude bonita!”, comentou o seu grande amigo e apoiante José Lello, no Facebook.
Ontem, foi o dia de mais um almoço-comício, organizado pela plataforma “José Sócrates Sempre”. Em Vila do Conde, José Sócrates manifestou-se sobre a candidatura presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa  – que para o ex-primeiro-ministro é um “Cavaco Silva 2” e disse estar “farto de farisaísmo político”.  A candidatura de Marcelo, diz Sócrates, é “a candidatura daquele que foi um dos principais conselheiros de Cavaco Silva”.
Em Vila do Conde estiveram velhos amigos de Sócrates – como Renato Sampaio, deputado do PS, Fernando Gomes, antigo ministro das Obras Públicas do governo Guterres e ex-presidente da Câmara do Porto e Guilherme Pinto, presidente da Câmara Municipal de Matosinhos.
Durante o almoço-comício, Sócrates justificou as suas variadas intervenções públicas para não dar o gozo do seu silêncio a quem o prendeu. “Se quem me sujeitou à prisão injusta acha que eu me ia remeter ao silêncio e não fazia aquilo que um cidadão deve fazer perante a injustiça que é defender-se e denunciar os abusos, estão equivocados”.
Apesar de ter passado uma boa parte do discurso a insurgir-se contra a justiça – nomeadamente contra as últimas declarações do presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, António Ventinhas – Sócrates aproveitou para se colocar na frente de combate contra Marcelo Rebelo de Sousa.
Segundo Sócrates, Marcelo seria um “desses que procuram disfarçar de onde vêm, porque esses que têm vergonha de si próprios ou do seu próprio passado ou da sua própria linha política, esses nunca estarão bem consigo próprios”.
Utilizando os seus pergaminhos de ter sido um “Guterres boy” no passado, Sócrates afirmou que “Marcelo Rebelo de Sousa não é António Guterres”, afirmando que não se podem comparar os dois políticos. Na entrevista à TVI, na semana passada, Sócrates tinha criticado o PS por não ter posição nas presidenciais e assacou a António Costa a responsabilidade por uma possível vitória de Marcelo Rebelo de Sousa.
“O Partido Socialista não pode ficar ausente das presidenciais. E a atitude de ‘não vamos apoiar ninguém’ é a primeira vez que acontece em 40 anos e não sei se ajuda”, disse Sócrates na TVI numa crítica à decisão de António Costa de dar liberdade aos militantes socialistas na primeira volta tendo em conta a existência de dois candidatos na área política do PS – Maria de Belém e Sampaio da Nóvoa.
“O PS não pode ficar de fora desta campanha. Se o fizer estará a favorecer os objectivos de Marcelo Rebelo de Sousa”, insistiu Sócrates lembrando que, apesar de ter sido aconselhado a não o fazer, apoiou Manuel Alegre em 2011.

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