segunda-feira, dezembro 07, 2015



Sócrates quer denúncias de inspetor das Finanças investigadas







Coordenador da "Operação Marquês" afirmou no processo que só três pessoas tinham contacto com o mesmo e que, por isso, era fácil detetar responsáveis pelas fugas de informação. Advogados pedem abertura de inquérito ao caso.
Os advogados de José Sócrates enviaram, esta terça-feira, um requerimento à Procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, pedindo a abertura de um inquérito-crime às afirmações do inspetor tributário Paulo Silva sobre as fugas de informação na "Operação Marquês". Tal como o DN já adiantou a 31 de Outubro, o coordenador da investigação, numa informação que consta dos autos, afirmou que, uma vez que só três pessoas tiveram contacto com o processo durante o segredo de justiça - ele próprio, o procurador Rosário Teixeira e o juiz Carlos Alexandre - até era fácil detetar os autores de eventuais fugas de informação. Agora a defesa de Sócrates pede a abertura de um inquérito-crime, já que considera estarem em causa crimes de violação do segredo de justiça, denegação de justiça, prevaricação, difamação e calúnia agravadas.
No documento que consta dos autos do processo, Paulo Silva terá solicitado que lhe fosse aberta uma investigação, de forma a dissipar as eventuais dúvidas que sobre si recaíssem. Perante tal depoimento, Carlos Alexandre, em despacho, fez questão de deixar claro que partilha as preocupações de Paulo Silva por este ter referido que apenas poderiam existir três responsáveis pelas tais fugas e também solicitou que a sua atuação fosse investigada para se verificar se ele fora ou não um dos responsáveis.
Enquanto o procurador Rosário Teixeira "passou por cima" do desabafo de Paulo Silva, o juiz Carlos Alexandre, em despacho, fez constar que "faz suas as apreensõesdo sr. Coordenador da Investigação por parte do OPC e, na medida em que, "de forma directa ou indirecta, intencional ou negligente, só poderão haver três responsáveis, o subscritor da Informação, o titular do inquérito do MPº ou o JIC do TCIC, também solicita que a sua actuação nos autos seja investigada, por forma a aquilatar-se se a sua actuação o torna um dos responsáveis de tais divulgações."Perante isto, os advogados João Araújo e Pedro Delille consideram estar "igualmente indiciado que tais gravíssimas violações visaram prejudicar e prejudicaram efectivamente o direito inalienável de todos eles, e da própria comunidade, a uma lide leal, a uma investigação dirigida estritamente para a descoberta da verdade, a um processo justo e equitativo".
Por isso, a defesa de Sócrates pediu uma extracção de certidão dos factos relatados por Paulo Silva para uma nova investigação, declarando, desde já, a sua intenção de se constituir como assistente nesse novo processo.

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