quarta-feira, janeiro 20, 2016

Aviação. Mudanças na TAP beneficiam empresa brasileira de Neeleman



Azul fornece aviões à TAP a preço de mercado quando as aeronaves estavam com baixa atividade no Brasil. Novos destinos podem ser assegurados por estes aviões


A reestruturação da TAP anunciada na semana passada vai ajudar o negócio da Azul, a companhia aérea brasileira detida por David Neeleman, o norte-americano que ganhou a privatização da companhia portuguesa num consórcio com Humberto Pedrosa.
Em junho de 2015, as contas da Azul entraram no vermelho, com um prejuízo semestral de aproximadamente 53 milhões de euros. Mas o arranque da TAP Express, um novo serviço que substitui o que era assegurado até agora pela Portugália, pode dar um novo fôlego à empresa brasileira.
A TAP Express vai contar com uma frota de 17 novos aviões fornecidos pela Azul, em regime de leasing, numa operação que está avaliada em 400 milhões de euros.
Os aviões de Neeleman estavam com pouca atividade no Brasil, devido às dificuldades naquele mercado, e ganham agora novos destinos.
Os aviões, oito ATR 52 e nove Embraer 190, deverão chegar no verão do próximo ano. “A Azul tem uma frota enorme destes aviões e tinha disponibilidade de mercado para cedê--los”, explicou Fernando Pinto na apresentação à imprensa.
Mas apesar de estarem com pouca atividade no Brasil, os aviões são disponibilizados a preço de mercado, o que está a levantar interrogações dentro da TAP. “A preço de custo, a Azul já ganhava, quanto mais a preço de mercado. Com o problema de não ter tanta procura como oferta, a Azul acaba por ter interesse neste acordo com a TAP. Estes aviões não estavam a ser usados na sua plenitude”, disse ao i uma fonte ligada à TAP que pediu para não ser identificada.
Novas Rotas No que respeita às novas rotas anunciadas pela TAP, surge também uma oportunidade de a Azul ficar a ganhar. David Neeleman prometeu para esta semana o anúncio de novos destinos da TAP, nomeadamente para os Estados Unidos da América, e estas rotas podem também ser asseguradas por aviões da Azul.
Ao i, a mesma fonte explica que os 53 aviões encomendados pela TAP à Airbus, quando Neeleman e Pedrosa compraram a companhia, são apenas para substituir a frota já existente. “A TAP não passa a ter mais aviões. Passa a ter os que já tinha ou, no máximo, mais um ou dois. Como vão fazer as novas rotas? Tem de ser com aviões da Azul e até, quem sabe, com pilotos da Azul.”
Confrontada com esta questão, fonte oficial da TAP garante não fazer sentido e explica que os novos aviões irão permitir mais viagens. “Os novos aviões são mais eficientes e permitem um horário diferente”, justifica, frisando que o único novo destino anunciado até agora é Vigo, que será assegurado pela TAP. “Quando houver mais destinos, será explicado de que forma e com que meios serão assegurados”, acrescentou.
Parceria com a TAP A empresa de Neeleman poderá ainda ser beneficiada com alguns voos da TAP feitos em code-share com a Azul. Um voo TAP para Manaus, no Brasil, pode passar a ser assegurado pela TAP entre Lisboa e Belém e, dessa cidade para Manaus, ser feito pela Azul. Mas mesmo neste caso, a companhia brasileira ganha porque assegura pelo menos uma das ligações.
E existe uma última vantagem: o fim de algumas rotas da TAP no Brasil em que é possível depreender benefícios para a Azul. A TAP deixa de fazer estas rotas, que são destinos onde a Azul opera.

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