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Sara Moreira tinha 19 anos e morreu depois de três anos de idas consecutivas às urgências. Agora vai haver três inquéritos. Sara tinha, afinal, um tumor na cabeça com 1,670 quilogramas
Ao longo de três anos, Sara Moreira, de 19 anos, natural de Recarei, Paredes, deu entrada 11 vezes nas urgências do Hospital Padre Américo, em Penafiel. Segundo o Jornal de Notícias, de todas as vezes o diagnóstico foi o mesmo: estado de ansiedade. No entanto, Sara viria a morrer dois dias depois da última passagem pelo hospital, em 2013, e a autópsia revelou que tinha alojado na cabeça um tumor com 1,670 quilogramas. Nunca, nas suas idas ao hospital, foi submetida a uma TAC (tomografia axial computorizada) ou uma ressonância magnética, que poderiam ter sido fundamentais para um diagnóstico correto.
Os pais de Sara alegam que houve negligência médica e avançaram com uma ação em tribunal contra o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, ao qual pertence o hospital de Penafiel, pedindo uma indemnização. Ao JN, sublinham: "Não perdoamos os médicos. Perdemos uma filha que, se fosse tratada, ainda poderia estar connosco", dizem Mário Moreira e Maria de Fátima Silva.
Sara Moreira terá começado a sentir fortes dores de cabeça em 2010, tinha na altura 16 anos. Dirigiu-se então ao hospital pela primeira vez, tendo recebido o diagnóstico que havia de lhe ser sempre entregue: ansiedade. Às dores de cabeça, referem os pais, ter-se-ão juntado vómitos e incontinência, que a obrigaram a pedir assistência médica mais dez vezes. O diagnóstico nunca mudou. "diziam-me que só andava nervosa por causa dos estudos", recorda a mãe. Chegaram a fazer-lhe um teste de gravidez.
A 8 de janeiro de 2013, Sara foi pela última vez ao hospital. Morreu em casa dois dias depois.
O Hospital Padre Américo não quis pronunciar-se sobre o caso, alegando ao JN que o processo corre no Tribunal de Penafiel em segredo de justiça e que os factos aconteceram num período anterior à tomada de posse da atual administração.
O Ministério Público, segundo o jornal, abriu um inquérito após a morte de Sara, que não resultou em acusação ou arquivamento até agora. Foi perante este impasse que os pais decidiram avançar para tribunal com uma ação cível, para pedir indemnização ao Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa. À agência Lusa, a advogada dos pais de Sara, Filomena Pereira, revelou que a ação para reclamar a indemnização deu entrada no Tribunal Administrativo e Fiscal de Penafiel a 26 de abril, estando agora a correr os seus trâmites.
A Procuradoria-Geral da República confirmou ao DN "a existência de um inquérito, o qual se encontra pendente a aguardar o parecer do Instituto Nacional de Medicina Legal". Acrescentou que o "parecer foi solicitado em dezembro de 2014".
Questionado pela Antena 1 sobre o caso, o bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, admitiu que se trata de uma situação estranha e lamentável e que a Ordem irá abrir "imediatamente um processo disciplinar", se este ainda não tiver sido aberto.
O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, disse hoje ter pedido à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde uma investigação ao caso de Sara. "Tive conhecimento pela comunicação social. Infelizmente, creio que se trata de um caso ocorrido em 2010, há cerca de seis anos. Como noutras circunstâncias, pedi à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde que iniciasse um processo de esclarecimento sobre o que se passou", referiu o governante, citado pela agência Lusa.
Segundo o ministro da Saúde, deve "reconstruir-se o caso". Adalberto Campos Fernandes disse também esperar "mais notícias ao longo do dia sobre o que se passou".
O Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, em Penafiel, já determinou uma investigação ao caso da jovem que morreu alegadamente com um tumor cerebral não diagnosticado naquela unidade hospitalar, anunciou hoje a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte).
Em comunicado enviado às redações,, a ARS-Norte adianta que também "vai mandar instaurar um processo de inquérito" a este caso hoje revelado pelo Jornal de Notícias (JN).
(Notícia atualizada às 18:53, com a confirmação da PGR da existência de um inquérito)
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