A estatistica é como o Biquini :- o que mostra é sugestivo :- o que esconde é vital
"Obrigatoriamente, obrigatoriamente." Falando ao DN em nome do PCP, Jorge Pires, da comissão política do partido, é absolutamente categórico: o banco público tem de ter "obrigatoriamente" dependências em todos os concelhos do país, sem exceções - e nenhum futuro plano de reestruturação pode admitir outra coisa que não isto (mais noticiário no suplemento Dinheiro Vivo).
"Obrigatoriamente, obrigatoriamente." Falando ao DN em nome do PCP, Jorge Pires, da comissão política do partido, é absolutamente categórico: o banco público tem de ter "obrigatoriamente" dependências em todos os concelhos do país, sem exceções - e nenhum futuro plano de reestruturação pode admitir outra coisa que não isto (mais noticiário no suplemento Dinheiro Vivo).
"É muito difícil dizer o que deve fechar e o que não deve fechar. Mas não pode acontecer o que já tem vindo a acontecer, que é fechar balcões onde há dificuldades de mobilidade, onde uma parte da população é idosa, onde as pessoas estão habituadas há muito tempo a ter no banco público o seu banco de referência, onde recebem as suas pensões e fazem as suas transações e de repente veem o banco público fechar." "Dizer que se tem de fechar balcões na atividade doméstica e na atividade internacional não é um bom princípio. A Caixa já fechou centenas de balcões no continente e nas ilhas e portanto o caminho tem de ser o inverso, ou seja, reforçar a atividade da CGD."
E "reforçar" - acrescenta o dirigente comunista - implica isso mesmo: não diminuir a rede nem "diminuir a sua atividade e a sua quota de mercado - permitindo que os bancos privados possam ocupar esse espaço", pelo contrário, o que importa é que a CGD desenvolva o seu "papel principal": "Apoio às micro e pequenas e médias empresas, às famílias e ao desenvolvimento da economia". "A CGD tem de ter um papel fundamental numa política que alargue o crédito às micros, pequenas e médias empresas que são 85% do tecido económico nacional e que hoje vivem um sufoco enorme porque não têm acesso ao crédito, dado que não têm garantias para dar porque já deram o que tinham para dar".
Na rede no estrangeiro, o PCP também pede cautela. Por exemplo, com a necessidade de manter presença junto das comunidades portuguesas emigrantes e com a possibilidade de se encerrar por completo a operação do banco em Espanha. "Trinta por cento das nossas transações comerciais são feitas com Espanha e isso implica que o banco público esteja presente" porque é ele "quem está em condições de defender os interesses das empresas nacionais, na importação ou na exportação". "Se [em Espanha] não estiver o banco público português há-de estar o Santander ou o La Caixa ou o Sabadell, que naturalmente procurarão defender os interesses do país onde têm a sua sede." Dito de outra forma: "Tudo terá de ser bem refletido. Fechar só porque se tem de reduzir atividade e quota de mercado não é uma boa política."
BE ainda sem posição
No Bloco de Esquerda, sobre a questão específica da dimensão da futura rede de balcões do banco público, a posição ainda é aberta. "Não falamos ainda sobre isso", diz ao DN a deputada e dirigente do BE Mariana Mortágua. Segundo acrescentou, nas conversas com o governo, ainda só se falou no encerramento de dependências no estrangeiro: ilhas Caimão, Nova Iorque, Espanha. E quanto ao território nacional, tudo o que diz é: "Não permitiremos o encerramento de dependências que são cruciais para o desenvolvimento e para o acesso de populações a serviços bancários mas não temos nenhuma regra que diga que é em todos os concelhos. Não temos essa posição ainda, não foi necessária."
A questão do eventual encerramento de balcões está ligada a uma outra, a do encolhimento dos quadros do banco público. Bloco e PCP impuseram a impossibilidade de despedimentos - e o governo continua a dizer que só haverá rescisões amigáveis e reformas antecipadas. O primeiro-ministro já deu a sua palavra de que a diminuição a prazo da folha salarial do banco público não será pela via do despedimento: "Não estão previstos despedimentos na Caixa, do que eu conheço do plano de reestruturação", disse António Costa, num debate no Parlamento em 15 de junho passado. Na mesma ocasião, o chefe do governo afirmou, quanto ao número de balcões, que não deixará de haver uma grande rede nacional" - mas sem detalhar.
Nessa altura, era noticiado que no primeiro trimestre deste ano os custos operativos da CGD tinham diminuído 5,5% face ao período homólogo de 2015. Parte dessa redução (4,7%) fez-se através da redução de custos com pessoal. De março de 2015 para março deste ano, o número de balcões diminuiu de 768 para 732 (fecharam portanto 36 dependências). Já o número de funcionários passou, no mesmo período, de 8899 para 8370. Até agora, o governo tem garantido que respeitará esta "linha vermelha" imposta pela esquerda - a que impede despedimentos - mas também uma outra: o capital do banco continuará 100% público, mesmo que a recapitalização se faça, em parte, vendendo títulos de dívida a privados.
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