terça-feira, fevereiro 28, 2017

Carta abertade Godinho Lopes a José Maria Ricciardi

x-presidente esclareceu 'som' da gravação 
de 2013, denunciada por Madeira Rodrigues e desafia Ricciardi a 
avançar com uma candidatura à presidência.
A campanha eleitoral do Sporting conheceu no domingo o
 episódio que 
promete ainda dar muito que falar: a gravação de uma 
conversa entre 
José Maria Ricciardi, antigo presidente do BESI e do
 Haitong Bank Portugal, e Sikander Sattar, líder da KPMG.
 No áudio com cerca de 12 minutos ouve-se Ricciardi, atual 
membro da Comissão de Honra da lista de Bruno de Carvalho, 
defender que a única solução para os leões seria a perda 
da maioria do capital social da SAD e que o presidente do Sporting
 deveria ter apenas um papel figurativo a nível de gestão.
Pedro Madeira Rodrigues acusou o atual líder leonino de "andar
 a vender o clube", tendo Bruno de Carvalho e Ricciardi acusado
 o candidato de "calúnias", já que a referida gravação era de 2013
 e da era Godinho Lopes, que não gostou do que ouviu e escreveu
 uma carta aberta ao ex-administrador do BESI, que fez
 chegar ao DN.
Eis a carta aberta de de Godinho Lopes a José Maria Ricciardi:
"Só há uma verdade

Muito pensei e hesitei antes de decidir intervir em plena 

campanha
 eleitoral do Sporting Clube de Portugal. E isto porque me considero
 um indivíduo isento, que gosta muito do seu Clube e que
 naturalmente 
segue com atenção, ainda que à distância, este momento eleitoral.
Na verdade, desde cedo intuí que não me surpreenderia com o facto

 de que qualquer um dos candidatos falasse de mim ou usasse 
indevida ou abusivamente o meu nome. Afinal, já mesmo fora
 do contexto deste processo eleitoral foram a meu respeito
 proclamadas calúnias que, a seu momento e no devido local, 
os tribunais, esclarecerão os Sportinguistas e o público em geral 
sobre a verdade.
Posto isto, o que me levou a escrever estas palavras é, por um lado, 

a revelação de uma gravação; e, por outro, a invocação do meu
 nome por parte de José Maria Ricciardi num tom e numa 
linguagem
 que considero, no mínimo, ligeiros e abusivos.
Já muita gente irresponsável me destratou na televisão 

do Sporting
 e em outros meios de comunicação social. Mas sim, é
 gente irresponsável
 e sobre a qual não nutro qualquer respeito - tenha essa gente 
o lugar que tiver no clube... Gente que se considera maior do
 que o Sporting e que, por uma estrita questão de ego, acredita 
estar acima do Clube. Mas essa gente simplesmente ignoro-a
 e não dou resposta.
No entanto, crendo ainda ser José Maria uma pessoa de bem, 

entendo deve repor a verdade em duas frentes:
- sobre a gravação, ouvi com atenção, telefonei a Sikander Sattar

 (pessoa em que acredito) e fiquei sem dúvidas de remontar a 2013.
 Não posso deixar de criticar veementemente a forma como se grava
 uma "reunião" e se usa a mesma, como se os presentes tivessem
 sabido e concordado na sua divulgação. Sobre o conteúdo, 
seguramente, quem esteve presente explicará;
- no que se refere ao propalado Plano de Reestruturação, não

 é natural que José Maria Ricciardi, embora não participando
 nas reuniões, ignorasse que se fizeram em 2012 e nos princípios
 de 2013. Embora Sportinguista dos "quatro costados", mas isso 
somos todos, prejudicou e sobremaneira o Clube pelas suas atitudes 
de querer controlar os candidatos. E não gostei das afirmações 
que ouvi.
José Maria "empurrava" Sikandar Sattar (e este sim, deu a cara vezes

 sem conta pelo Clube) para que convencesse os bancos a 
ajudar o Sporting.
 E também é verdade que José Maria me apoiou depois e que me
 acompanhou nas reuniões do Conselho Directivo.
Mas também no seu modo de querer controlar, recordo que

 Daniel Sampaio, em entrevista ao Diário de Notícias, revelou
 jantares com Eduardo Barroso nos quais diz que José Maria o 
incitava a ser Presidente - quando eu ainda era o Presidente. E já
 fora assim em 2009, com José Eduardo Bettencourt, quando se 
hesitava entre este actual administrador do Novo Banco e 
Eugénio Dias Ferreira como candidatos.
Não foi assim comigo pois, quando me pediu para ir a uma

 reunião, no início de 2011, convencido de que me iria condicionar,
 tratei de, taxativamente, o informar de que seria candidato às eleições.
Caro José Maria, bem sabes que a Reestruturação financeira

 estava pronta.
 Pronta, mas não por ti nem contigo. Pronta, sim, numa reunião
 final na KPMG, com os administradores dos dois bancos credores,
 Millennium e BES, Sikander Sattar e comigo.
Caro José Maria, quem salvou o Sporting foram os Sportinguistas, 

não algum Salvador ou milagre.
O tempo encarregar-se-á de repor a verdade e não é por tantas

 vezes invocares o meu nome que o "milagre" se vai fazer.
Cumprir com os bancos no primeiro ano não foi obra de um

 grande gestor, foi obrigação, para sobreviver. A partir daí
 basta olhar para as contratações e o desatino total.
Agora, caro José Maria, tanta preocupação e interesse, 

para mais consubstanciados ao longo de tantos anos de 
intervenções na sombra, não crês que estaria na altura de 
te candidatares e de, assim, demonstrares o teu amor, que
 conheço, pelo Sporting Clube de Portugal? E demonstrares 
que, como eu, não precisarias de te servir do Clube nem do Clube
 para viver? Ou será que nunca o farás por teres a perfeita noção, 
por fora claro, dos prejuízos pessoais, familiares, económicos, 
empresariais e de imagem que tal decisão acarreta - como em mim 
acarretou?
Sabes bem que o Sporting está acima de mim e que eu,

 por ele, me tenho mantido calado. Mas quando falam de mais
 de mim e me destratam de forma vil e mentirosa, não me calo.
 Nem hoje, nem nunca!"

Sem comentários: