terça-feira, fevereiro 28, 2017

O Hipóqurita...Cavaco Silva "totalmente surpreendido" com caso Sócrates

Ex-Presidente da República acrescentou ainda que não tem acompanhado o processo que envolve o antigo 
primeiro-ministro
O ex-Presidente da República 
Cavaco Silva admitiu 
esta quinta-feira ter ficado "totalmente
 surpreendido" com o envolvimento 
do antigo primeiro-ministro José Sócrates
 num processo judicial, garantindo que
 nas reuniões que mantiveram nunca 
se apercebeu de "qualquer atuação 
legalmente menos correta".
"Eu não tenho acompanhado esse processo,
 mas, digo-lhe, fiquei totalmente 
surpreendido", afirmou Aníbal Cavaco Silva, 
numa entrevista à RTP1 quando questionado 
sobre José Sócrates ter sido detido 
preventivamente em 2014 e existir a 
suspeita da "prática de crimes graves".
Escusando-se a comentar o caso porque 
não tem acompanhado a matéria "a não 
ser pelos títulos demasiado grandes que
 aparecem em alguma comunicação social",
 Cavaco Silva disse, contudo, que no decurso
 das reuniões que teve "com o 
primeiro-ministro do XVIII Governo
 Constitucional" nunca se apercebeu "
de qualquer atuação legalmente menos correta".
José Sócrates foi preso preventivamente
 em novembro de 2014, mais de três anos
 e meio depois de ter deixado o Governo.
 O antigo primeiro-ministro esteve preso 
preventivamente mais de nove meses e 
está indiciado por fraude fiscal qualificada, 
branqueamento de capitais e corrupção 
passiva para ato ilícito.
Na entrevista, concedida a propósito do
lançamento do livro "Quinta-feira e
 outros dias", o antigo chefe de Estado
 reiterou que o seu objetivo ao escrevê-lo foi
 "prestar contas aos portugueses", depois de 
dez anos como Presidente da República
 (entre 2006 e 2016).
Recusando as críticas que lhe têm 
sido feitas por poder estar a trair a confiança
 dos seus interlocutores ao revelar conversas
 privadas,
 Cavaco Silva contrapôs que "as conversas
 foram privadas, mas não secretas" e 
defendeu que só revelando o que se 
passou é que os portugueses podem aferir 
a forma como exerceu a sua "magistratura de influência".
"Não preciso de ajustar contas com ninguém, 
a vida correu-me muito bem", 
acrescentou, quando questionado se 
o livro representa um "ajuste de contas"
 com José Sócrates, já que volta a deixar-lhe
 acusações de "total e inadmissível falta
 de lealdade institucional", mentiras e falsidades.
Cavaco Silva foi ainda questionado sobre 
o "estilo" do atual Presidente da República,
 Marcelo Rebelo de Sousa, mas 
escusou-se a emitir uma opinião, 
assegurando que "em princípio" 
nunca ninguém o ouvirá a falar sobre a
 forma como os seus antecessores ou os 
seus sucessores exerceram os cargos.
Aliás, acrescentou, a parte do livro em 
que fala sobre a forma como um Presidente
 deve atuar, nomeadamente resistindo 
"à tentação de obter grandes títulos", foi escrita
 quando ainda estava em Belém e "antes de
 se saber
" quem era o chefe do Estado que o iria suceder.
O chamado caso das "escutas" a Belém 
foi outro dos temas abordados na entrevista,
 com o antigo Presidente da República a 
reiterar a tese de que "algumas pessoas do 
PS coligadas com alguns meios de comunicação
 social tentaram criar uma intriga" para o
 envolver nas eleições legislativas que 
se realizaram em setembro
 de 2009 e denegrir a sua imagem.
"Eu estava de férias em agosto (....) era
 uma intriga típica de verão para encher
 as páginas dos jornais", disse, repetindo 
que, a forma como encarou inicialmente 
o assunto, foi como "uma historieta de verão" .
"Percebi tardiamente o objetivo", lamentou.
Quase um ano depois de ter terminado o
 segundo mandato como 
Presidente da República,

 Cavaco Silva desvalorizou a "avaliação 

negativa" que os portugueses lhe fizeram 
quando saiu de Belém, repetindo que 
"sondagens, ruídos mediáticos, 
trepidações políticas, espuma dos dias"
 nunca influenciaram as suas decisões.
"Saí totalmente tranquilo, realizado", 
disse, garantindo que, ao fim de 30
 anos na política é altura de colocar 
um ponto final.

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