A estatistica é como o Biquini :- o que mostra é sugestivo :- o que esconde é vital
Ex-autarca do Porto considera que o seu partido está a ser
consumido em lume brando
sem se perceber porquê
Rui Rio afirma ao DN que o PSD já devia ter-se demarcado do
"lamentável dossiê das offshores". O ex-presidente da Câmara
do Porto lembra que foi o próprio secretário de Estado, Paulo Núncio,
a assumir a responsabilidade por inteiro da não publicação das
estatísticas das transferências entre 2011 e 2014 para os paraísos fiscais.
"Não se entende porque é que o PSD se está a deixar queimar
em lume brando", afirma o ex-autarca, que já se assumiu como
potencial candidato à liderança do PSD.
Paulo Núncio, que se demitiu dos cargos diretivos no CDS na
sequência desta polémica, assumiu no Parlamento e fora dele a
"responsabilidade política" pela decisão da não divulgação dos
dados relativos às offshores. E garantiu mesmo que os ministros
das Finanças que o tutelaram, primeiro Vítor Gaspar e depois
Maria Luís Albuquerque, seriam conhecedores da sua decisão.
Rui Rio considera que uma coisa é a "solidariedade institucional
que todos devemos eticamente respeitar quando pertencemos a
uma equipa, outra muito diferente é assumir em total parceria as
falhas dos outros.
"Se não houver mais nada para lá do que publicamente se sabe, por
cada dia que passar sem
que o PSD faça a necessária demarcação, o desgaste político vai ser
cada vez maior", afirma o ex-autarca do Porto.
Em 23 de fevereiro, no primeiro debate parlamentar quinzenal após
a revelação do caso, Passos Coelho literalmente perdeu a cabeça
com o uso que António Costa deu ao caso dos offshores - caso
que remeteu para segundo plano a aposta de desgaste de Mário Centeno
que o PSD estava a fazer utilizando as controvérsias em torno da CGD.
"Isto não é maneira de fazer política. Isso são truques de baixa
política", gritou Passos Coelho para Costa depois de este ter
considerado "absolutamente escandaloso que um governo que
não aceitou acabar com a penhora da casa de morada de família
por qualquer dívida das famílias tenha tido a incapacidade de
verificar o que se passou com 10 mil milhões".
Passos havia enfatizado, logo a abrir o debate, que o PSD estava
profundamente apostado em que todo o caso fosse explicado ao
mais ínfimo detalhe. Se a maioria de esquerda quiser falar com
os ministros das Finanças da legislatura PSD-CDS (2011-2015),
Vítor Gaspar (até 2013) e Maria Luís Albuquerque (de 2015 até 2015),
nem o PSD nem o CDS farão o que quer que seja para se opor.
Dos dois ex--ministros, Maria Luís Albuquerque já se voluntariou
expressamente.
A diversas vozes, por outro lado, o PSD distanciou-se da decisão
do ex- secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio,
que bloqueou de 2011 a 2015 a publicação no Portal das Finanças
de estatísticas anuais com as transferências financeiras para offshores
(publicação que tinha sido lançada no último governo de Sócrates
e que o atual executivo fez retomar).
Paulo Núncio já assumiu a responsabilidade política por essa
não publicação - depois de num primeiro momento ter responsabilizado
a Autoridade Tributária - mas agora a maioria de esquerda quer
que Vítor Gaspar
e Maria Luís Albuquerque também o façam. Pelo menos quanto
a Maria Luís há um documento oriundo do seu gabinete no
Ministério das Finanças, dirigido ao PCP, em que é patente a ocultação
de dados sobre as transferências para paraísos fiscais, dados que os
comunistas insistentemente pediram, pelo menos desde 2013.
A maioria de esquerda PS+BE+PCP não descarta a hipótese de o
escrutínio parlamentar deste caso ser remetido para uma comissão
de inquérito.
Sem comentários:
Enviar um comentário